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Morten Hjulmand deu uma entrevista exclusiva à RTP. Depois da conquista do bicampeonato, o dinamarquês falou sobre a dificuldade de garantir o bicampeonato com três treinadores diferentes. O capitão leonino admitiu que os jogadores ficaram desiludidos pela decisão de Ruben Amorim em sair e elogiou a "calma" de Rui Borges. Sobre o colega de equipa Viktor Gyokeres, Hjulmand falou de um dos melhores avançados do mundo que está preparado para jogar em ligas mais competitivas.
“Não tenho medo de falar no treino ou fora do treino. Acho que viram qualidades em mim e tomaram essa decisão depois o anterior capitão ter saído do clube [Coates]”.
Sobre a conquista do bicampeonato, Morten Hjulmand afirmou acreditar que este ano foi mais difícil devido a várias circunstâncias que tiveram lugar fora das quatro linhas. O dinamarquês lembrou as saídas de Ruben Amorim e Hugo Viana e também falou das saídas de Coates, Neto, Adán e Paulinho, considerando-os fulcrais.
Pela primeira vez na sua história, o Sporting conseguiu ser campeão com três treinadores diferentes. Questionado sobre João Pereira, Hjulmand acredita que apesar das ideias semelhantes a Amorim, algumas das mudanças de posições dentro de campo levaram o treinador e a equipa a não terem o sucesso desejado.
“O João [Pereira] tinha ideias muito boas, como Amorim. Um sistema muito semelhante. Sei que levou o mesmo sistema para o novo clube, na Turquia. […] Era o mesmo sistema mas houve mudanças de posições e não teve sucesso com isso. A equipa não teve sucesso”, afirmou o capitão leonino.
Hjulmand declarou ainda que os jogadores devem assumir a responsabilidade pelo que aconteceu durante o período em que coincidiram com João Pereira e lembrou que o técnico perdeu grandes jogadores na altura, por lesão.
O capitão do Sporting acredita que a chegada de Rui Borges apresentou uma política mais orientada “homem a homem” e que a sua abordagem trouxe calma à equipa numa altura em que passava mal em termos de resultados.
“Ele [Rui Borges] é uma pessoa muito calma. Sentimos isso. E acho que a equipa também sentiu isso quando chegou. Era calmo e transmitiu isso aos jogadores num período difícil em que perdermos muitos pontos”.
Sobre Ruben Amorim, Hjulmand explicou que muitos jogadores quiseram ficar por acharem o treinador “fantástico”. O capitão do Sporting acreditava que o técnico iria ficar até ao fim da temporada e recusa falar em traição mas admitiu que muitos jogadores do plantel ficaram desiludidos.
“Estávamos a ganhar há 11 jogos consecutivos, estávamos a jogar bem na Liga dos Campeões. A verdadeira ideia para o rumo deste clube e o sistema eram muito claros para todos. Para muitos jogadores era como jogar playstation porque sabíamos como nos movimentar. E ele saiu e tivemos de mudar de novo durante a época”.
Apesar da desilusão que disse ter transmitido diretamente a Ruben Amorim, Morten Hjulmand explicou que percebeu a decisão do treinador português.
Ruben Amorim ou Viktor Gyokeres? O capitão do Sporting foi questionado e afirmou acreditar que todos são substituíveis mas que quer que o clube de Alvalade mantenha o sueco durante o “tempo que for possível”.
Hjulmand tem a certeza que o Sporting vai sobreviver sem Gyokeres e que as próximas semanas serão imprevisíveis: “É um jogador de classe mundial” e acredita que o colega está mais do que pronto para ligas mais competitivas.
“Penso que está pronto há muito tempo mas ficou aqui e ajudou-nos a vencer a liga de novo. Percebo que ele tenha ambições para ir talvez para um dos melhores clubes do mundo mas o Viktor tem de perceber também que tipo de clube é o Sporting”.
O capitão não quis falar da própria situação no próximo mercado de transferências e focou atenções na final da Taça de Portugal, frente ao Benfica, no próximo domingo. No entanto, o dinamarquês garantiu estar feliz no Sporting. Sobre a possível ‘dobradinha’, Hjulmand almeja alcançar todos os títulos com a camisola dos Leões.
A entrevista, ao jornalista João Miguel Nunes, terminou com o capitão do Sporting a cantar o hino sportinguista “O Mundo Sabe Que…”.