Rafael Lisboa falou com a RTP e disse querer mostrar o real valor de Portugal no Eurobasket Inês Geraldo - RTP

Rafael Lisboa em entrevista à RTP. "O basquetebol português merece estar neste tipo de competições"

Pela quarta vez na história, Portugal vai participar no Eurobasket. Rafael Lisboa, base da seleção, falou com a RTP e garante uma equipa de Portugal focada e com vontade de mostrar a união do grupos. Os 'Linces' vão defrontar Estónia, Letónia, Turquia, Sérvia e Chéquia e Rafael acredita na força portuguesa para ultrapassar a fase de grupos. Nesta entrevista à RTP, o jogador de 25 anos, atualmente no Ourense, vê em Neemias Queta o jogador mais "impactante" da seleção e revelou os conselhos do pai, o emblemático Carlos Lisboa.

 Veja a entrevista completa a Rafael Lisboa, internacional português da Seleção de Basquetebol

RTP: Portugal vai estar no Eurobasket em agosto/setembro. Qual é a sensação de poderes representar Portugal no Europeu de basquetebol?

Rafael Lisboa:
Representar Portugal no Eurobasket, no final de contas, é o culminar de um sonho que a nossa geração sempre sonhou e por isso é o realizar de um objetivo. O basquetebol português merece e nesta altura é um dever cumprido porque acho que o basquete português merece estar neste tipo de competições e que possa ser uma presença assídua e que seja uma normalidade estar estarmos nas fases finais dos Europeus.

O que podemos esperar da seleção portuguesa neste Europeu?

Vontade de ganhar e competir em todos os jogos. Somos uma equipa, desde que cheguei à seleção em 2020 até ao dia de hoje, que não nos contentamos com o que já temos e neste Europeu não é exceção. Sabemos das dificuldades, sabemos que na teoria somos os ‘underdogs’ do grupo e da competição mas vamos para lá para competir e para dar o nosso melhor e o nosso objetivo é vencer jogos e tentar apurarmo-nos para a próxima fase.

Estão num grupo com Estónia, Letónia, Sérvia, a Turquia e a Chéquia. O que esperas de cada adversário que vão defrontar?

Todas elas têm superestrelas, nomeadamente a Sérvia, que tem para mim o melhor jogador do mundo da atualidade, a Letónia também tem uma equipa muito boa com Porzingis. Todas as equipas têm talento de NBA e de Euroliga, por isso, todas elas nos vão apresentar dificuldades. Com todas elas estamos à espera de jogos difíceis, jogos duros mas a verdade é que também vamos estar lá para mostrar que Portugal também é uma equipa difícil e dura de bater.

Como está a decorrer a preparação?

Neste momento ainda não começámos o estágio todos juntos, em equipa, mas todos estão a preparar-se individualmente com uma ambição enorme de estar nas melhores condições e vamos ser 15 a entrar no estágio de preparação e o objetivo é criar dores de cabeça ao nosso treinador Mário Gomes. Só podem ir 12, e de certeza que será uma escolha difícil para ele porque vão todos estar com o máximo de ambição e de vontade de estar presentes no Europeu.

Que tipo de aspetos achas que a seleção deve ter maior atenção para conseguir competir ao mais alto nível no Eurobasket?

A nossa principal que característica que nos levou até aqui que o que nos vai fazer competir e ganhar jogos é a união que temos dentro do grupo, a vontade de ganhar e nunca desistir, que criámos ao longo destes anos desde que começámos esta maratona com o objetivo de chegar a este Eurobasket. Somos uma equipa dentro e fora de campo e acho que esse tem de ser o nosso principal objetivo: de estar coesos, de estar fortes, intensos e nunca desistir em nenhum momento e aí podemos ser uma equipa muito difícil de bater porque já mostrámos que temos qualidade quando estamos nessa união e nessa força enquanto equipa.

Em termos individuais o que podemos esperar do Rafael Lisboa no Europeu?


Podem esperar um Rafael com vontade de mostrar que é capaz de competir neste palco, com uma vontade de ganhar e de fazer o melhor possível para ajudar a equipa e com um orgulho enorme de representar Portugal. De todas as camisolas que já vesti até hoje esta [a de Portugal] é a que pesa mais, que nos traz mais responsabilidade por isso podem esperar um Rafael que sabe do peso da responsabilidade e está pronto para dar o melhor pelas nossas cores.

Tendo em conta o grupo que vão defrontar, achas que é realista uma qualificação para além da fase de grupos para Portugal?

Eu acho sinceramente que sim. Claro que nós enquanto grupo e enquanto equipa vamos sempre treinar e lutar para ganhar e para passar. Obviamente que temos de estar no nosso melhor e temos que estar em forma, jogar bem enquanto equipa e mostrar um bom basquete para poder ganhar mas, das seis equipas apuram quatro, e nós temos qualidade para estar na luta e para tentar o apuramento para a próxima fase.

Falando do Neemias Queta, o primeiro português na NBA. Que tipo de motivação e experiência pode trazer para o resto da equipa poder ultrapassar todos os jogos de forma competitiva?

O Neemias é o jogador mais da nossa seleção. É um jogador impactante tanto na defesa como no ataque, joga na melhor liga do mundo, é campeão da NBA. Dispensa, neste caso, apresentações, e vai trazer, para além da experiência e da qualidade, e como é uma pessoa que eu conheço, sei que vai trazer a vontade ganhar e vai trazer o gosto por representar Portugal e isso vai acrescentar àquilo que já temos. Vai estar bem com toda a gente, enquanto grupo, para conseguirmos ganhar jogos. Vem-nos trazer qualidade, vem-nos trazer experiência e vem trazer mais vontade de vencer e fazer o melhor por Portugal.

És filho do Carlos Lisboa, uma grande figura do basquetebol português. Que conselhos o teu pai te deu, ou te dá, enquanto representas Portugal mas também na tua carreira?


O meu pai é uma pessoa que adora competição e adora ganhar. Em todos os jogos, e para esta competição em que vamos enfrentar grandes nomes e grandes equipas, o que ele me diz é “antes de jogar, nunca se perde, nunca se ganha”, por isso “vai com tudo”, porque é uma oportunidade para nós jogadores portugueses mostrarmos o nosso valor e ganhar mais nome no basquete europeu. Por isso, acho que só temos a ganhar. A responsabilidade e a pressão é aquela que temos sempre durante o trabalho, todos os dias, e dar o nosso melhor. Ter a pressão de ganhar, acho que é fundamental para nós jogarmos ao nosso melhor e aquilo que o meu pai diz é sempre isso: “vai para ganhar e nunca nada está perdido antes de começar a competição”.

O que podemos esperar do Rafael Lisboa no futuro? Quais são os grandes sonhos e esperanças para a tua carreira?

O meu grande sonho e objetivo, que nunca escondi, é poder jogar na Liga ACB, que para mim é a melhor liga na Europa de basquete, que é a primeira liga em Espanha. Num futuro próximo, tudo está encaminhado para eu continuar a jogar no estrangeiro e é por aí que passam os meus objetivos. E o meu sonho é fazer uma carreira boa e o meu melhor no estrangeiro, porque sempre tive essa ambição e esse objetivo desde pequeno.