CAN2025. 35.ª edição arranca com o anfitrião Marrocos como grande favorito

A 35.ª edição da Taça das Nações Africanas de futebol arranca domingo com o anfitrião Marrocos a cotar-se com o grande favorito à conquista do troféu, embora tenha que ultrapassar os ‘suspeitos do costume’.

Lusa /
Foto: Paul Ellis - AFP

Além de Marrocos, apontada como a melhor equipa africana da atualidade, também o Egito, recordista de títulos da competição com sete, aparece como candidato, naquela que poderá ser a última hipótese para Mohamed Salah para levantar o troféu, depois de duas finais perdidas.

A campeã Costa de Marfim, que conta com o sportinguista Ousmane Diomande, vai defender o título, com a Argélia, Camarões e Nigéria a também terem uma palavra a dizer, apesar destas duas ultimas seleções estarem bem longe do poderio que demonstraram no passado.

A prova que junta 24 seleções africanas arranca domingo com Marrocos a medir forças com Comores, naquele que será o jogo inaugural e que será disputado no Estádio Prince Moulay Abdellah, recinto em Rabat com capacidade para 68 mil pessoas e que também irá ser o palco da final, em 18 de janeiro.

A capital de Marrocos é uma das seis cidades que vai receber os jogos da CAN2025, juntamente com Casablanca, Fez, Marraquexe, Rabat e Tânger.

Marrocos recebe pela segunda vez a competição (a primeira vez foi em 1988) e vai tentar repetir 1976, ano em que conquistou o seu único título.

Os ‘leões de Atlas’ aparecem liderados pelo lateral Hakimi, jogador do Paris Saint-Germain, melhor jogador africano do ano e sexto classificado na Bola de Ouro, com o técnico Walid Regragui a ter à sua disposição uma equipa com muita experiência de futebol europeu.

Na CAN2025, Marrocos quererá capitalizar o quarto lugar alcançado no Mundial2022, o melhor de sempre de uma seleção africana, e o 11.º lugar que ocupa no ranking FIFA.

No Grupo A, além de Comores, o anfitrião terá ainda de medir forças com Mali e Zâmbia.

a Costa do Marfim começa a defender o título num complicado Grupo F, em que estão também Camarões, Gabão e Moçambique, seleção liderada pelo antigo avançado Chiquinho Conde e que vai viver a sexta participação numa CAN, liderada em campo pela ‘estrela’ Geny Catamo, do Sporting, um dos 18 jogadores que a I Liga portuguesa ‘empresta’ à competição.

O Egito também parece que vai ter vida difícil no Grupo B com África do Sul, Zimbabué e Angola, que será comandada pelo francês Patrice Beaumelle na sua 10.ª participação.

Aos 33 anos, Salah vai tentar dar aos egípcios o seu primeiro título desde 2010, naquela que poderá ser a sua última CAN e em que lidera uma equipa compostamente quase na sua totalidade por jogadores que atuam no próprio país, mas que também tem Omar Marmoush, do Manchester City, com figura de destaque.

Salah esteve perto de o fazer em 2017 e depois em 2021, mas perdeu essas duas finais, a segunda com o português Carlos Queiroz no comando dos ‘faraós’ e frente ao Senegal.

Ainda com Sadio Mané como grande figura, os senegaleses estão com Grupo D com República Democrática do Congo, que poderá ser adversário de Portugal no Mundial2026, Benin e Botswana.

A Argélia, que ainda conta com Riyad Mahrez, também poderá entrar na corrida pelo título, assim como a Nigeria, do avançado Victor Osimhen e do portista Zaidu, embora as ‘super águias’ estejam em crise depois de falhado o acesso ao próximo Campeonato do Mundo.

O Gana é o grande ausente da CAN2025, em que também não está Cabo Verde, equipa que falha a prova continental, mas conseguiu o apuramento inédito para o Mundial2026.

Angola e Moçambique com vida difícil para superarem a fase de grupos
As seleções de Angola e Moçambique partem para a Taça das Nações Africanas (CAN) de 2025 com o difícil objetivo comum de ultrapassar a fase de grupos, apesar de os ‘palancas negras’ terem a tarefa ligeiramente mais facilitada.

Angola integra o Grupo B, em conjunto com Egito (forte candidato à conquista do troféu), África do Sul e Zimbabué e, pelo menos, o terceiro lugar parece ao alcance – ainda que só os quatro melhores sigam para os oitavos de final -, enquanto Moçambique vai disputar o Grupo F, no qual terá como adversários Costa do Marfim, campeã em exercício, Camarões e Gabão.

A equipa Angola, que tem o francês Patrice Beaumelle como selecionador, dispõe de todas as condições para terminar a primeira fase à frente do Zimbabué, a única seleção posicionada abaixo no ranking da FIFA, ainda que as duas primeiras posições, as únicas que proporcionam o apuramento direto, pareçam destinadas a Egito e África do Sul.

Pedro Bondo (Famalicão), Jonathan Buatu (Gil Vicente) e Beni Mukendi (Vitória de Guimarães) são os três jogadores da I Liga portuguesa convocados por Beaumelle, que substituiu em setembro o treinador português Pedro Gonçalves, e tentarão ajudar a seleção do seu país a ultrapassar pela quarta vez a fase de grupos, o que conseguiu em 2008, 2010 (edição que organizou) e 2023.

Os ‘palancas negras’, que se ficaram pelos quartos de final naquelas três ocasiões (em 2010 terminaram no quinto lugar, o melhor resultado de sempre), preparam-se para disputar pela 10.ª vez o torneio, cuja fase final de 2025 se realiza em Marrocos, entre 21 de dezembro de 2025 e 18 de janeiro de 2026.

De todos os adversários, o Egito, do estelar avançado Mohamed Salah, é o que impõe mais respeito. Os ‘faraós’ são recordistas de títulos da competição, com sete troféus conquistados (ainda que o tenham erguido pela última vez há 15 anos, na prova realizada em 2010), num total de 16 pódios, mas a África do Sul também já se sagrou campeã, em 1996.

Angola estreia-se, precisamente, frente aos sul-africanos, na segunda-feira (17:00, hora de Lisboa), em Marraquexe, seguindo-se os confrontos com o Zimbabué, em 26 de dezembro (12:30), também em Marraquexe, e com o Egito, três dias mais tarde, em 29 (16:00), em Agadir.


Moçambique está em situação menos favorável, uma vez que é a seleção do agrupamento em pior posição no ranking da FIFA, muito distante dos Camarões, o segundo país mais vitorioso na CAN, com cinco títulos, e da Costa do Marfim, atual campeã e detentora de três cetros, estando só ligeiramente mais perto do Gabão na hierarquia do organismo regulador do futebol mundial.

A equipa liderada pelo selecionador Chiquinho Conde, que jogou cerca de 20 anos no futebol português, não conhecerá facilidades no objetivo de se qualificar pela primeira vez para as rondas a eliminar, depois de cinco participações em que não conseguiu passar a fase de grupos.

Para isso, Moçambique precisa da inspiração de Geny Catamo, avançado do Sporting e o elemento mais desequilibrador dos ‘mambas’, que têm como melhor classificação no torneio continental africano o oitavo lugar alcançado em 1986, na primeira que disputaram a competição.

Os campeonatos portugueses estão bem representados na seleção moçambicana, pois, além de Geny Catamo, foram convocados por Chiquinho Conde mais cinco jogadores que alinham em clubes lusos: Kimiss Zavala (Marítimo), Diogo Calila (Santa Clara), Keyns Abdala (Desportivo de Chaves), Witi Quembo (Nacional) e Chamito (Académico de Viseu).

Catamo reencontrará o colega no Sporting Ousmane Diomande quando defrontar a Costa do Marfim, seleção que entra na CAN2025 com a ambição de revalidar o título, no jogo de estreia, marcado para quarta-feira, com início às 17:30 (hora de Lisboa), em Marraquexe.

Moçambique disputará um jogo, provavelmente decisivo para a questão do apuramento, quatro dias mais tarde, em 28 de dezembro, frente ao Gabão (12:30), antes de encerrar a participação do Grupo F perante os Camarões, do goleador Bryan Mbeumo, treinado pelo português Ruben Amorim no Manchester United, no dia 31 (19:00), ambos em Agadir.


CAN2025: Torneio abrilhantado com 18 jogadores de clubes portugueses
A Taça das Nações Africanas (CAN) de 2025 vai ser abrilhantada com a participação de 18 futebolistas que alinham nas competições portuguesas, cuja presença em oito das 24 seleções que disputarão o torneio desfalcará 15 clubes nacionais.

Moçambique, com seis jogadores convocados, e Angola, com três, destacam-se, previsivelmente, entre os países cujos selecionadores chamaram mais atletas que alinham em clubes portugueses para disputar a mais importante prova africana de seleções, cuja 35.ª edição se realiza em Marrocos, entre 21 de dezembro a 18 de janeiro de 2026.

O avançado do Sporting Geny Catamo é a principal referência dos ‘mambas’, que chamaram ainda o defesa Diogo Calila (Santa Clara) e o avançado Witi Quembo (Nacional), todos da I Liga, mas também o médio Keyns Abdala (Desportivo de Chaves B), do Campeonato de Portugal (CP), quarto escalão nacional, enquanto o guarda-redes Kimiss Zavala e o ponta-de-lança Chamito competem geralmente pelas equipas sub-23 de Marítimo e Académico de Viseu na Liga Revelação.

Orientado por Chiquinho Conde, que tem extensa ligação pelo futebol português, Moçambique integra o Grupo F, ao lado de Gabão, Camarões, vencedores por cinco vezes, e Costa do Marfim, tricampeã e atual detentora do troféu, que elegeu os defesas Ousmane Diomande (Sporting) e Ghislain Konan (Gil Vicente).

Tal como os bicampeões portugueses, os gilistas ficarão sem dois jogadores nas próximas semanas devido à CAN2025, pois o defesa Jonathan Buatu foi convocado por Angola, que reclamou também a presença de outro defensor, Pedro Bondo (Famalicão), e do centrocampista Beni Mukendi (Vitória de Guimarães).

Inseridos na ‘poule’ B, os ‘palancas negras’ têm pela frente o Egito, recordista de troféus, com sete, a Zâmbia e a África do Sul, campeã por uma ocasião e equipa na qual alinhará Sphephelo Sithole, médio do Tondela, que disponibilizou também o lateral esquerdo Rémy Vita às Comores.

Os comorianos contarão ainda nas suas fileiras com Iyad Mohamed, centrocampista do Casa Pia, e terão como opositores no Grupo A as representações de Marrocos, país anfitrião, Zâmbia e Mali, dos defesas Sikou Niakaté (Sporting de Braga) e Amadou Danté (Arouca).

Três vezes vencedora da competição, a Nigéria recrutou o defesa Zaidu ao FC Porto, líder isolado da I Liga, num torneio em que enfrentará a Tunísia, o Uganda e a Tanzânia na ‘poule’ C.

No Grupo D, o médio Dokou Dodo, do ‘secundário’ Leixões, foi convocado pelo Benim para encarar o Senegal, o Botsuana e a RD Congo, possível oponente de Portugal no Mundial, caso vença a Nova Caledónia ou a Jamaica no primeiro trajeto da dupla repescagem intercontinental, em março, no México.

A ‘poule’ E é a única sem jogadores provenientes de clubes lusos, apesar de ter a Guiné Equatorial, um dos seis Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), que se cruzará com Argélia, Sudão e Burkina Faso.

Ao contrário de 2021 e 2023, a principal competição africana de seleções não conta com treinadores portugueses e volta a concentrar 24 seleções, qualificando os dois primeiros colocados dos seis agrupamentos e os quatro melhores terceiros para os oitavos de final.

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