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Futebol. Superliga europeia anunciada por 12 clubes de Espanha, Inglaterra e Itália

por Mário Aleixo - RTP
A elite do futebol europeu está em guerra com a UEFA Reuters

A criação de uma Superliga europeia de futebol foi anunciada por 12 dos principais clubes de Espanha, Inglaterra e Itália, que pretendem desenvolver uma competição de elite, concorrente da Liga dos Campeões, em oposição à UEFA.

 "Doze dos clubes europeus mais importantes anunciam a conclusão de um acordo para a criação de uma nova competição, a Superliga, que será regida pelos seus fundadores", informam os promotores da iniciativa, em comunicado enviado à AFP.

AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham, treinado pelo português José Mourinho, "uniram-se na qualidade de clubes fundadores" da Superliga, indica o comunicado.

Real Madrid e Manchester United são apontados como os grandes impulsionadores desta nova prova do calendário europeu.

De acordo com o comunicado apresentado na noite deste domingo, estas 12 equipas já estão confirmadas e mais três irão juntar-se também no papel de fundadores, estando na calha para esse papel (assim o aceitem) o Bayern, o B. Dortmund e o PSG.

Esta nova prova teria um total de 20 clubes, os 15 fundadores e mais cinco que se iriam qualificar de forma anual para a Superliga Europeia mediante o rendimento na época anterior, com os jogos a decorrerem na mesma durante a semana para as provas nacionais serem jogadas ao fim de semana, num modelo semelhante ao que existe hoje entre competições locais e internacionais.

A nova competição prevê dividir as 20 equipas em dois grupos de dez, para nove jogos em casa e outros tantos fora.

Os clubes fundadores dizem que esperam manter-se em conversações com a FIFA e a UEFA por forma a encontrar as melhores soluções para a Superliga e para o futebol mundial em geral.

UEFA ameaça clubes

A UEFA apressou-se a elaborar um comunicado onde criticava os promotores da iniciativa ameaçando com uma série de sanções a clubes e jogadores que aceitassem entrar nesta ideia “dissidente”.

Ouvimos que alguns clubes ingleses, espanhóis e italianos ponderam anunciar a criação de uma liga fechada. Se isto acontecer, nós (UEFA, Federação Inglesa, Federação Espanhola, Federação Italiana, Premier League, La Liga e Serie A mas também a FIFA e todas as nossas outras associações) continuaremos unidos no esforço de travar este projeto cínico, baseado em interesses próprios de alguns clubes numa altura em que, mais do que nunca, a sociedade precisa de solidariedade”, destacou o comunicado emitida pelo órgão que tutela o futebol europeu.

Iremos considerar todas as medidas ao nosso alcance, a todos os níveis, tanto judiciais como desportivas no sentido de evitar que tal venha a acontecer. Como foi dito anteriormente pela FIFA e seis Federações, os clubes em causa serão banidos de qualquer outra competição doméstica, europeia ou mundial, e os seus jogadores poderão ser impedidos de representar as respetivas seleções. Agradecemos aos clubes de outros países, nomeadamente franceses e alemães, que recusaram participar nisto. Apelamos a todos os amantes de futebol, adeptos e políticos que se juntem a nós e lutem contra este projeto, se for anunciado. Esta persistente interesse próprio de alguns já foi levado longe de demais. Já chega”, acrescentou o comunicado da UEFA.

Em resumo, a proposta que será esta segunda-feira votada prevê aumentar o número de participantes na Liga dos Campeões de 32 para 36. A ideia é criar mais 100 jogos em relação ao atual modelo, com cada uma das equipas a fazer na primeira fase um total de dez jogos contra rivais dos mais fortes aos que têm menor ranking, cinco em casa e outros tantos fora, divididos em quatro grupos de nove. Os 36 apurados serão colocados em quatro potes diferentes, sendo que cada grupo terá duas equipas do lote A, três do B, três do C e dois dos D. As oito equipas com maior pontuação seguem de forma direta para os oitavos, ao passo que as formações do nono ao 16.º lugar e da 17.ª à 24.ª posição terão de fazer um playoff de acesso à fase a eliminar da prova, que mantém aí o seu normal funcionamento como hoje, com jogos em casa e fora e final a uma só mão.

Portugal contra a Superliga Europeia

Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, e Pedro Proença, presidente da Liga Portugal, já tinham também comentado esta possibilidade ainda antes de ser oficializada na noite deste domingo.

A hipótese da criação de qualquer tipo de Superliga Europeia merece o meu completo desacordo e reprovação. Discordo porque viola todos os princípios do mérito desportivo. Tanto quanto sabemos, seria algo para os clubes que se entendem como privilegiados. Merece a minha reprovação porque o mundo está neste momento a enfrentar o seu maior desafio, pelo menos olhando ao último século, e a última coisa que precisamos é de egoísmo e ganância. A Superliga não terá qualquer tipo de apoio em Portugal e, na minha opinião, todas federações devem recusá-la de uma forma clara”, disse Fernando Gomes à Press Association.

A hipótese da criação de uma Superliga Europeia, pensada e desenhada por uma pequena elite com intenções exclusivas, é algo a que nos continuaremos a opor frontalmente. Uma insanidade que colocaria em causa todos os alicerces fundamentais em que o futebol sempre se desenvolveu. Seguiremos firmes e unidos na defesa das ligas nacionais, do mérito desportivo e de modelos que contribuam para o crescimento de todo o ecossistema do futebol e não apenas de uma reduzida e egoísta elite”, escreveu Pedro Proença no Facebook.

c/agências






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