Messi melhor que Ronaldo, mas opiniões variam nas mesas dos bares - Leonardo Faccio

Leonardo Faccio, autor do livro Messi - O Melhor Futebolista do Mundo, publicado agora em Portugal, diz que o argentino ganha a Cristiano Ronaldo no debate "mano a mano" que se arrasta nos últimos anos.

Lusa /
Messi e Cristiano Ronaldo disputam o título de melhor do mundo Foto: Eric Gaillard/Reuters

No entanto, este professor universitário argentino, radicado em Barcelona desde 2003, refugia-se no pouco conhecimento que tem do futebol e de não seguir "de perto a carreira de Cristiano Ronaldo" para sustentar a sua escolha em dados objetivos.

"Como jornalista, devia responder com a precisão de argumentos técnicos que não tenho. Mas se serve de alguma coisa, todos os anos juntam-se mais de 400 especialistas para o veredicto da Bola de Ouro. Messi ganhou as quatro últimas edições (2009, 2010, 2011 e 2012)", respondeu à agência Lusa Leonardo Faccio.

Mas, para Faccio, por mais objetivos que sejam os dados, muitas vezes "nada disto importa, pois as respostas vão variando segundo a mesa de um bar".

"É esta a beleza do futebol: cada um alimenta o espetáculo com a sua verdade. Pelé e Maradona continuam a disputar um jogo que nunca vai acabar. A minha contribuição para o debate é um livro que nem sequer é sobre futebol, mas sobre a vida de um futebolista genial fora do campo", concluiu.

À pergunta se escreveria um livro sobre Cristiano Ronaldo, Faccio foi taxativo: "não está nos meus planos, embora o mundo do futebol e dos futebolistas me continue a cativar pelas paixões que consegue mover".

Leonardo Faccio nasceu em Buenos Aires, em 1971, mas vive em Barcelona desde 2003. Um dos editores da revista Etiqueta Negra, que compila e promove a literatura latino-americana, é professor de mestrado em jornalismo e de pós-graduação em fotojornalismo.

Além de docente universitário, Leonardo Faccio tem colaborado em jornais como o El Mundo, El País, La Vanguardia e El Periodico de Catalunya e em revistas como a Esquire, Internazionale ou ELLE.

Em 2008, foi distinguido com uma menção honrosa pela fundação Nuevo Periodismo Iberoamericano, presidida por Gabriel Garcia Marquez, e é um dos cronistas incluídos na antologia O Melhor do Jornalismo da América Latina II, editada em 2010 pela mesma fundação.

Quinze minutos "à Messi" chegam a Portugal pelo "cronómetro" de Leonardo Faccio

Uma entrevista cronometrada em 15 minutos, num relvado da Cidade Desportiva do FC Barcelona, lançou o argentino Leonardo Faccio para o livro Messi - O Melhor Futebolista do Mundo, editado em meados de setembro em Portugal.

Publicado pela primeira vez em 2011, em Espanha e na América Latina, o livro, o primeiro deste professor universitário radicado em Barcelona, está agora disponível em Portugal, depois de Estados Unidos, Canadá, Brasil, Coreia do Sul, Japão, Polónia, Estónia, Hungria, Turquia e Rússia.

"Em finais de 2008, o diretor da revista Etiqueta Negra [Julio Villanueva Chang] pediu-me para escrever sobre Messi. Pareceu-me uma ideia louca, porque nunca fui um apaixonado do futebol", confessou à agência Lusa Leonardo Faccio, que acabou por aceitar o desafio.

Para este argentino, o compatriota, eleito o melhor futebolista do mundo em 2009, 2010, 2011 e 2012, "tem o poder dos ídolos populares em espalhar felicidade pelas pessoas", um argumento que o convenceu a aventurar-se neste livro.

"Quem é este rapaz que interfere no estado anímico de tanta gente? Sabíamos pouco de Messi, por isso aceitei", explicou, juntando os dados da curta entrevista aos recolhidos a familiares e amigos, que compõem "mais de 80 por cento do livro".

Para Faccio, interessava explorar o período da infância do jogador, que chegou a Barcelona com apenas 13 anos, e enveredar pelas "informações mais pessoais e detalhes sobre a sua vida".

"Informações de Messi e futebol sabemos todos os dias. A imprensa desportiva constrói personagens unidimensionais e eu quero as nuances, são elas que ajudam a compreender a vida de qualquer pessoa e a de Messi também", acrescentou.

O desafio de construir a narrativa a partir da curta conversa com Messi, que demorou nove meses a responder ao pedido, foi um investimento feito "com muita paciência", porque a estrela do FC Barcelona "fala pouco e não gosta de entrevistas".

"Depois da conversa com ele, entrevistei toda a sua família. Fui à Argentina e falei com os amigos, os seus treinadores no Newell's Old Boys, os professores e até os vizinhos. Ao todo, foram mais de 100 pessoas. Creio que consegui descrever a personalidade de Messi no âmbito mais íntimo, para lá do que todos vemos na televisão. Era essa a ideia", especificou.

Para João Gonçalves, responsável pela MARCADOR, editora que publica o livro em Portugal, está é "uma história improvável" contada por Leonardo Faccio.

"Até poderia ser a história de um super-herói, ou como um ser frágil e introvertido se transforma num dos maiores ídolos da atualidade", descreveu à Lusa.


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