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Romário de Souza Faria, tão genial quanto polémico

por Inês Geraldo - RTP
Romário marcou cinco golos no Mundial dos Estados Unidos, que o Brasil venceu Reuters

Nasceu há 52 anos um dos melhores astros que o futebol brasileiro conheceu. Romário, o Baixinho, faz esta segunda-feira 52 anos e teve o condão de ser um dos génios que levou o Brasil à conquista do tetracampeonato em 1994, nos Estados Unidos. Dentro de campo exuberava genialidade à qual juntava inúmeras polémicas. Mesmo depois de deixar os relvados não deixou de ser Romário e dá nas vistas na política, sendo senador pelo Rio de Janeiro.

Em 1966, nascia um dos maiores jogadores do futebol brasileiro. De seu nome Romário de Souza Faria, o baixinho não deixou ninguém indiferente. Rebelde e polémico, somou desaguisados com inúmeros treinadores e colegas de equipa mas ninguém lhe retirou o epíteto de génio do futebol e grande goleador.

Criado nas favelas do Rio de Janeiro, Romário chamou cedo a atenção de alguns clubes que lhe permitiram fazer a formação. Primeiro no Olaria e depois a entrada para o Club de Regatas Vasco da Gama, onde se tornaria um dos maiores ídolos do clube.


Foto: Romário enquanto jogava no PSV Eindhoven - Action Images/Reuters

Em 1985 ascendeu à primeira equipa vascaína e os números não enganam. Até 1988, Romário jogou e marcou. Em 141 jogos pelo Vasco da Gama, o avançado marcou 80 golos, tendo sido chamado à equipa Olímpica do Brasil, para disputar os Jogos que tiveram lugar em Seul.

No torneio de futebol olímpico, Romário chamou a atenção pela veia goleadora. Marcou seis golos em sete jogos mas não conseguiu chegar ao ouro, que acabaria por ser conquistado pela União Soviética.
A Europa chamou pelo Baixinho
Rebelde dentro de campo e também fora dele, o PSV Eindhoven contratou o jovem, que teve a primeira aventura na Europa. Foram cinco épocas de sucesso. A facilidade que teve para marcar golos no Brasil também a teve na Holanda.

Mais de 140 jogos pelo gigante holandês que ficaram marcados com os 129 golos que marcou. Venceu seis títulos, entre eles três Eredivisie (Ligas holandesas). Seguindo a linha holandesa, Johan Cruyff deixou-se encantar pelo futebol do brasileiro.


Foto: Romário a jogar contra o Manchester United, na Liga dos Campeões - Action Images/Reuters

Numa equipa composta por grandes estrelas como Stoichkov, Ronald Koeman, Laudrup e Guardiola, Romário passou pouco tempo na Catalunha. No entanto, tempo suficiente para deixar a sua marca.

Na Dream Team criada pelo pai do futebol total, Romário fez 65 partidas. Marcou 39 golos e sagrou-se campeão espanhol, arrecadando também uma Supertaça.
Da Catalunha para o Brasil
Apesar das boas indicações deixadas por terras europeias, Romário decidiu regressar ao país natal. Numa aventura de quatro anos, o Flamengo testemunhou o grande génio do Baixinho, apesar das polémicas.

Os títulos não são muitos e pelo meio, dois empréstimos ao Valencia. Em 1999, Romário conquista a Copa Mercosul mas não escapa da rescisão do contrato, apoiada pelo presidente do clube, depois de ter sido apanhado a festejar numa discoteca sem autorização.


Foto: Romário no Vasco da Gama - Reuters

Mais de 200 partidas e 180 golos depois, Romário volta à casa de partida, naquele que é o primeiro de três regressos ao Vasco da Gama. Logo em 2000, o internacional brasileiro consegue vencer o Campeonato Brasileiro, único que Romário consegue na carreira. Junta-lhe ainda mais uma conquista da Copa Mercosul.

Absolutamente imparável, Romário marca mais de 130 golos em mais de 130 partidas. Segue-se o Fluminense em março de 2003, muda-se para o Qatar, para o Al-Sadd. Venceu a Taça do país mas fez apenas três jogos, sem marcar qualquer golo.

Romário regressou ao Fluminense em 2004, voltando no ano seguinte ao clube de formação.
O terceiro e quatro regressos ao Vasco da Gama
Motivado pelo apoio dos adeptos, Romário voltou, em 2005, a jogar pela equipa vascaína. Perto de 40 golos em mais de 50 partidas continuaram a senda goleadora do Baixinho, que voltou a sair do Brasil para ter experiências nos Estados Unidos (FL Strikers) e Austrália (Adelaide United).


Foto: A seleção brasileira antes da final do Mundial de 1994 - Reuters

Os golos continuaram a sair dos pés do genial brasileiro mas a idade começava a pesar. Apesar disso, o Vasco da Gama não se coibiu e voltou a apostar no avançado em 2007, já com 41 anos.

Esteve duas temporadas no clube do coração, marcou 15 golos em 19 jogos e na época que se seguiu não jogou. Em 2008, Romário anunciou que se ia retirar dos relvados, promessa que quebrou no ano seguinte.

Em 2009, dá-se o regresso ao América, da Segunda Divisão do Campeonato Carioca. Faz apenas um jogo e aí, sim, dá por terminada a carreira, com 43 anos. Foram vários clubes tal como os golos. Pelo Vasco da Gama, Romário chegou aos mil golos na carreira, juntando aos tentos oficiais, golos marcados nas camadas jovens, amigáveis e particulares.
Rei do mundo em 1994
O génio de Romário também conheceu altos de baixos na Seleção Brasileira. Estreou-se em 1987 e no ano seguinte foi a grande sensação dos Jogos Olímpicos em Seul. Goleador máximo da prova, Romário marcou seis golos em sete jogos mas perderia a medalha de ouro para a União Soviética.

Seria importante para qualificação do escrete para o Mundial 1990 mas uma lesão não lhe permitiu ser utilizado com frequência. Antes, já havia conquistado uma Copa América, conquistada ante o Uruguai, com um golo do avançado aos 49 minutos.


Foto: Romário na final do Mundial de 1994, com Roberto Baggio - Reuters

No entanto, é em 1994 que destaca como um dos melhores jogadores brasileiros de sempre. Nos Estados Unidos, o Mundial foi disputado pelo Brasil de Romário e pela Itália de Baggio.

A equipa treinada por Carlos Alberto Parreira iniciou a fase de grupos frente à Rússia, com um triunfo por 2-0, com um golo de Romário. Seguiu-se uma goleada de 3-0 aos Camarões e a última partida do grupo B trouxe um confronto com a Suécia, que terminou empatado a um golo.

Na fase a eliminar, o Brasil encontrou os Estados Unidos nos oitavos de final, tendo vencido o jogo pela margem mínima (1-0), com um golo de Bebeto. Depois mais um triunfo sobre a Holanda nos quartos de final, a Suécia voltou a colocar-se no caminho do Brasil.

Novo triunfo por 1-0 sobre os suecos, com um golo de Romário aos 80 minutos que deslindou a tarefa brasileira até à final, que marcou um confronto entre o avançado brasileiro e Roberto Baggio, lenda italiana.

A final foi disputada em Pasadena e terminou empatada a zero. Na marcação das grandes penalidades, Romário foi mais feliz. O Baixinho converteu, com calma, a sua grande penalidade, enquanto Baggio falhou o pontapé que deu o Tetra ao Brasil.


Vinte e quatro anos depois, o título mundial regressou às mãos da Canarinha e nesse mesmo ano, Romário conquistou a única Bola de Ouro da sua carreira.

Pelo Brasil, Romário fez 70 jogos e marcou 55 golos.
Vida na política
Depois do adeus aos relvados, Romário continuou a ser polémico, como foi sempre a sua bitola, agora entrando para a política. Em 2009, o antigo internacional brasileiro anunciou entrada para o Partido Socialista Brasileiro, terminando a sua afiliação quatro anos depois.

Regressou ao PSB, tornando-se o presidente do partido no Rio de Janeiro. Em 2014, tornou-se senador pela cidade carioca.


Foto: Romário é senador pelo Rio de Janeiro - Reuters

No último ano, Romário voltou a sair do PSB, ingressando no Podemos, estando na presidência do partido no Rio de Janeiro.
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