Futebol Internacional
Tradição abalada. Apenas um jogo da Premier League no Boxing Day
O tradicional Boxing Day, celebrado a 26 de dezembro, é uma das datas mais emblemáticas do futebol inglês. Para os adeptos representa uma maratona de emoções. Estádios cheios, famílias nas bancadas e futebol, muito futebol, logo após o Natal.
O Manchester United, de Ruben Amorim, Bruno Fernandes e Diogo Dalot, tem o privilégio de jogar em casa ante o Newcastle no único desafio previsto para essa sexta-feira, enquanto os demais encontros vão ser distribuídos pelos dias 27 e 28, respetivamente sábado e domingo.
As restantes divisões do futebol inglês, da segunda à quinta, têm todos os seus jogos programados para 26 de dezembro, como é tradição.
A jornada festiva da Liga inglesa de futebol vai, então, resumir-se este ano a um jogo, com a Premier League a responsabilizar a UEFA pelo facto.
"Existem muitos desafios no calendário da Premier League que têm origem na expansão das competições europeias de clubes, o que levou à revisão do nosso calendário doméstico", explica o organismo.
"Existem muitos desafios no calendário da Premier League que têm origem na expansão das competições europeias de clubes, o que levou à revisão do nosso calendário doméstico", explica o organismo.
Este tradicional dia de futebol, no entanto, para jogadores e treinadores, vem acompanhado de um fardo pesado. Um calendário sobrecarregado que levanta cada vez mais preocupações quanto à saúde e ao rendimento dos atletas.
Tradição versus exaustão
Desde o século XIX, o Boxing Day é sinónimo de futebol em Inglaterra. A Premier League e as divisões inferiores mantêm viva a tradição de jogar durante o período festivo, quando a maioria das ligas europeias entra em pausa. Contudo, o aumento do número de competições, como as competições europeias e as taças nacionais, tem tornado o calendário cada vez mais sufocante.
Em dezembro, muitas equipas enfrentam uma sequência de quatro a seis jogos num espaço de apenas duas semanas. Isso significa pouco tempo para treinar, recuperar e preparar taticamente os encontros seguintes. "Os jogadores são humanos, não máquinas", afirmou recentemente Pep Guardiola, treinador do Manchester City, que há vários anos pede uma revisão do calendário.
Lesões e rendimento em queda
Os dados confirmam as preocupações. Segundo um estudo da FIFPRO, o sindicato internacional de jogadores, as lesões musculares aumentam significativamente em períodos de jogos consecutivos. A falta de descanso afeta não apenas a condição física, mas também o desempenho técnico e mental dos atletas.
Treinadores como Jürgen Klopp e Mikel Arteta têm apelado à Premier League para considerar um intervalo de inverno semelhante ao que existe em Espanha, Alemanha e Itália. "Queremos oferecer espetáculo, mas o corpo tem limites", alertou Klopp numa conferência de imprensa recente.
Os dados confirmam as preocupações. Segundo um estudo da FIFPRO, o sindicato internacional de jogadores, as lesões musculares aumentam significativamente em períodos de jogos consecutivos. A falta de descanso afeta não apenas a condição física, mas também o desempenho técnico e mental dos atletas.
Treinadores como Jürgen Klopp e Mikel Arteta têm apelado à Premier League para considerar um intervalo de inverno semelhante ao que existe em Espanha, Alemanha e Itália. "Queremos oferecer espetáculo, mas o corpo tem limites", alertou Klopp numa conferência de imprensa recente.
Apesar das críticas, o Boxing Day continua a ser uma mina de ouro para os clubes e para os canais de televisão que transmitem as partidas. As audiências disparam e as receitas de bilheteira atingem picos anuais. Para muitos adeptos, é uma tradição intocável, um momento em que o futebol se mistura com o espírito festivo natalício e familiar.
O desafio, portanto, é encontrar um equilíbrio entre a tradição e o bem-estar dos protagonistas dentro de campo.
O futuro do Boxing Day
Embora ninguém preveja o fim do Boxing Day, a pressão por uma reforma é crescente. A introdução de períodos de descanso obrigatórios e o aumento da rotação de plantéis são algumas das medidas em estudo. A questão central mantém-se. Até que ponto o espetáculo justifica o sacrifício físico e mental dos jogadores?
Enquanto isso, o futebol inglês prepara-se para mais uma maratona natalícia, com emoções garantidas, mas também com um cansaço acumulado dos jogadores, já a partir de janeiro.