A I Liga de futebol cumpre a primeira volta com Benfica bem encaminhado

por Lusa
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A equipa de Bruno Lage está muito bem encaminhada para conquistar o 38.º título de campeão nacional de futebol, e sexto em sete anos, após uma primeira volta quase perfeita, concluída sete pontos à frente do FC Porto.

Num campeonato do qual cedo ‘desistiram’ Sporting (quarto, a 19 pontos) e Sporting de Braga (quinto, a 21), que tem no regressado Famalicão (terceiro, a 17) a grande sensação e no VAR uma constante fonte de controvérsias, os comandados de Bruno Lage ganharam 16 jogos e só perderam um.

O desaire aconteceu precisamente face aos ‘azuis e brancos’, por 2-0, na Luz, mas essa foi, logo à terceira jornada, a exceção, num percurso pautado por vitórias em todos os jogos fora, incluído Alvalade (2-0), Braga (4-0) e Guimarães (1-0).

As ‘águias’, que na época passada recuperaram precisamente de sete pontos de atraso (à 15.ª ronda), sabem que nada está definido, mas também que possuem importante margem de erro e que, com Lage, em 36 jogos no campeonato, venceram 34 – mais um empate e um desaire -, para um total de 103 pontos, em 108 possíveis.

O balanço é, para já, imensamente positivo, também porque a equipa ‘encarnada’ soube ganhar jogando menos bem, ou mesmo mal, já que Bruno Lage demorou a descobrir a melhor fórmula para suprir a saída ‘milionária’ de João Félix.

Após muitas experiências, nomeadamente com Raúl de Tomás, que não mostrou credenciais e já saiu, o Benfica afirmou-se com Chiquinho nas costas de Vinícius, já com 11 golos, e um meio campo mais criativo, com Gabriel e Taarabt – e agora ainda chegou Weigl.

O médio Pizzi, surpreendente líder dos marcadores, com 12 tentos, foi a grande figura da primeira volta, num conjunto que ostenta o melhor ataque (42 golos marcados) e também a melhor defesa (seis sofridos), muito por culpa da consistência do guarda-redes Vlachodimos e do central Rúben Dias.

O lateral esquerdo espanhol Grimaldo também merece nota muito alta, tal como, à sua frente, o argentino Cervi, que parecia não contar e, aproveitando a lesão de Rafa, já de volta e em ‘grande’, passou a quase insubstituível e a ‘herói’ da Luz, pelo que luta.

Se ao Benfica tudo correu ‘sobre rodas’, exceto o jogo com o FC Porto, pelo contrário, os ‘dragões’ viveram precisamente o contrário, ou quase, pois só na Luz os comandados de Sérgio Conceição mostraram, verdadeiramente, credenciais.

O sucesso na Luz, que então permitiu ao FC Porto igualar os ‘encarnados’ e ‘anular’ o desaire a abrir em Barcelos, não teve, porém, sequência, com o FC Porto a nunca encantar a nível exibicional, a viver problemas extra relvado, e a perder mais sete pontos, para um total de 10.

Zé Luís entrou à ‘matador’, com seis golos nas primeiras seis rondas, mas depois ‘desapareceu’, num conjunto que teve no Dragão a sua fortaleza, até à 17.ª ronda, na qual sofreu os primeiros golos e o primeiro desaire, com o Sporting de Braga.

Ainda assim, e mesmo com a maior distância para o primeiro à ronda 17 na ‘era’ três pontos, o FC Porto é o único que ainda pode sonhar em ‘roubar’ o título ao Benfica, mas terá de ser praticamente perfeito na segunda volta e isso pode não chegar.

De fora das contas do título, que lhe foge desde 2001/02, está o Sporting, que já ‘desbaratou’ 22 pontos, incluindo seis derrotas, num trajeto que começou com o holandês Marcel Keizer e passou pelas ‘mãos’ de Leonel Pontos na transição para Silas.

A classe de Bruno Fernandes, num constante “sai, fica, ou talvez não”, foi insuficiente para ‘tapar’ as grandes deficiências do coletivo, num clube em permanente sobressalto, a viver guerra sem tréguas entre presidente e claques.

O Sporting, que só uma vez ganhou três jogos seguidos, não foi sequer capaz de fechar a primeira volta no pódio, ficando atrás de um sensacional Famalicão, que, no regresso à I Liga, 25 anos depois, apostou forte e está no terceiro lugar.

A formação comandada por João Pedro Sousa, na qual tem sobressaído a classe de Fábio Martins e os golos de Anderson e Toni Martínez, continua a só ‘querer’ a manutenção, mas, secretamente, sonhará com a Europa.

O objetivo parece, porém, difícil de concretizar, pelo Sporting, mas também pelos minhotos Sporting de Braga e Vitória de Guimarães, que seguem apenas a quatro e seis pontos, respetivamente, do conjunto de Vila Nova de Famalicão.

Os ‘arsenalistas’, em ‘grande’ na Liga Europa, começaram muito mal o campeonato e só despertaram no final, com três vitórias em três jogos com Rúben Amorim, incluindo um 7-1 no Jamor e um 2-1 no Dragão, enquanto os vimaranenses, também em bom plano ‘lá fora’, têm vindo a melhorar, sob o comando de Ivo Vieira.

O Rio Ave, de Carlos Carvalhal, também fez uma boa primeira volta, está ‘colado’ ao Vitória e não pode ser descartado da luta, enquanto o restante contingente estará, sobretudo, preocupado em afastar-se dos dois últimos lugares, de despromoção.

Com uma boa parte final, com o espanhol Júlio Velázquez, e apesar ter jogado ‘doente’ com o Sporting, o Vitória de Setúbal já ganhou alguma margem, tal como o Gil Vicente, do ‘mago das subidas’ Vítor Oliveira.

Na parte inferior da tabela, Tondela, Boavista, Marítimo, Moreirense, Santa Clara, Paços de Ferreira, Belenenses SAD e Portimonense têm muito que ‘penar’, enquanto o Desportivo das Aves ‘vira’ com seis pontos de atraso.

FC Porto nunca tinha atingido ronda 17 tão longe da frente
O FC Porto terminou a primeira volta da I Liga portuguesa de futebol na segunda posição, a sete pontos do Benfica, a sua maior distância para o líder após 17 jornadas na ‘era’ três pontos.

Desde 1995/96, os ‘dragões’ tinham selado o seu pior registo na época 2009/10, na qual atingiram a ronda de 17, de 30, a seis pontos (36 contra 42) dos dois primeiros classificados, o Sporting de Braga e o Benfica.

Em campeonatos a 18 equipas, o FC Porto fechou uma primeira volta aos mesmos seis pontos do primeiro colocado, em 2014/15, mas então era segundo, com 40 pontos, apenas atrás dos ‘encarnados’, comandados por Jorge Jesus.

Nas outras seis temporadas em que não atingiu a ronda 17 na liderança, o FC Porto seguia uma vez a cinco pontos (2011/12), quatro a quatro (2001/02, 2013/14, 2015/16 e 2016/17) e uma a um, do histórico Boavista campeão, em 2000/01.

Em desvantagem, os ‘dragões’ apenas recuperaram, para chegar ao título, em 2011/12, época em que, sob o comando de Vítor Pereira, concluíram o campeonato seis pontos à frente do Benfica, somando mais 11 na segunda metade.

Sporting rumo ao 18.º ano de 'seca'

O Sporting terminou a primeira volta da I Liga de futebol no quarto lugar, a 19 ‘longínquos’ pontos do líder Benfica, pelo que está destinado a igualar a maior ‘seca’ de sempre entre os ‘grandes’.

Depois de 17 anos sem ganhar, entre 1982/83 e 1998/99, os ‘leões’ sagraram-se campeões em 1999/2000 e 2001/02, mas, depois disso, voltaram a entrar num ciclo negativo, que caminha, ‘imparável’, para os 18 anos.

No final da época 2019/20, o Sporting vai, assim, igualar o recorde negativo do FC Porto, que, entre 1959/60 a 1976/77, não ganhou qualquer campeonato, no que é o mais prolongado ‘jejum’ de títulos entre os três ‘grandes’.

Desde 2002/03, o conjunto ‘leonino’ somou seis segundos lugares, oito terceiros, dois quartos e um sétimo, em 2012/13, época em que, após 17 de 30 jornadas, seguia em nono, a 26 pontos de FC Porto e Benfica, que repartiam a liderança.

Na presente temporada, o título está descartado, após dois empates e seis derrotas, e o segundo lugar, o último de acesso à ‘Champions’, e a muitos milhões de euros, também parece uma ‘miragem’, com o FC Porto a 12 pontos.

  O Sporting parece condenado a lutar por um lugar na Liga Europa, sendo que o sensacional Famalicão, que ocupa o terceiro lugar, pode não ser o maior perigo, mas sim os minhotos Sporting de Braga (quinto, a dois pontos dos ‘leões’) e Vitória de Guimarães (sexto, a quatro).Para já, certo é que os ‘leões’ estão fora da corrida ao título, pelo qual, neste ciclo negativo, ainda lutaram até à derradeira jornada em 2006/07 e 2015/16, para acabarem batidos por FC Porto e Benfica, respetivamente.

Antes, em 2004/05, o Sporting, de José Peseiro, liderava com dois jogos por disputar, mas ficou fora da corrida na penúltima ronda, ao perder por 1-0 com o Benfica, na Luz, por culpa de um golo do brasileiro Luisão, muito perto fim.

O 'bem comportado' Rio Ave e o 'indisciplinado' Boavista
O Rio Ave foi estatisticamente a equipa que melhor se comportou na primeira volta da I Liga portuguesa de futebol, ao totalizar apenas 35 cartões, em contraste com os 60 do ‘indisciplinado’ Boavista.

A formação comandada por Carlos Carvalhal ficou-se pelos 32 amarelos, mais três vermelhos diretos, batendo tangencialmente o Benfica e o Portimonense, que somaram 35 admoestações, ambos com apenas uma expulsão.

No que respeita às equipas mais penalizadas pelas arbitragens, os ‘axadrezados’, que começaram com Lito Vidigal e acabaram com Daniel Ramos, encerraram a 17.ª ronda com 57 amarelos e três vermelhos, todos diretos.

O conjunto do Bessa foi secundado por Paços de Ferreira e Vitória de Setúbal, ambos com 53 cartões, contra 52 do Marítimo, 51 de Sporting e Sporting de Braga e 50 de Belenenses SAD.

Em matéria de vermelhos, o Paços de Ferreira soma quatro por acumulação e o Famalicão outros tantos diretos, enquanto o Santa Clara foi a única equipa que não teve qualquer expulsão, ficando-se pelos 40 amarelos.

Individualmente, Diaby, do Paços de Ferreira, e Ricardo Esgaio, do Sporting de Braga, foram os futebolistas que somaram mais cartões, num total de oito, todos amarelos.

Por seu lado, Edgar Costa e Rúben Ferreira (Marítimo), Filipe Augusto (Rio Ave), Gustavo Assunção (Famalicão), Obiora (Boavista) e Semedo (Vitória de Setúbal) somaram todos sete cartões.

O jogador sadino somou cinco amarelos e foi o único expulso duas vezes na primeira volta, em ambas por acumulação de amarelos.

No total, foram mostrados 827 cartões, dos quais 785 amarelos e 42 vermelhos, 21 por acumulação e outros tantos diretos.





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