Caso João Pinto - José Veiga imputa responsabilidade ao Sporting

O empresário responsabiliza o titular do departamento financeiro do Sporting, em 2000, pela alegada fraude fiscal na contratação do futebolista João Pinto, esquema que o Ministério Público (MP) entende que lesou o Estado em quase 700.000 euros

Carlos Silvac/Lusa /
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Na sétima sessão do julgamento na 6.ª Vara do Tribunal Criminal de Lisboa (TCL), em que estão a ser julgados também João Pinto, Luís Duque e Rui Meireles, o arguido José Veiga afirmou, esta segunda-feira, que o prémio de assinatura de quatro milhões de euros, atribuído ao então futebolista através da empresa britânica Goodstone, foi "uma forma de o Sporting não pagar impostos".

"Todos os jogadores negoceiam contratos líquidos e, depois, os clubes
encontram a forma de pagar ao jogador um valor líquido e pagar menos impostos no prémio de assinatura. Foi por isso que se aumentou 190 mil euros aos quatro milhões", disse Veiga.

Sem mencionar o nome de Rui Meireles, responsável pelo departamento
financeiro do Sporting na altura da contratação de João Pinto, José Veiga
salientou que não foi ele nem o então futebolista quem arquitetou a operação financeira.

"Luís Duque (na altura, presidente da SAD, ndR) só entrou na parte desportiva. A parte financeira foi tratada pelo departamento financeiro", sublinhou Veiga, lembrando que "João Pinto não interveio no planeamento da operação, porque já tinha assinado o contrato".

Acentuou o empresário que foi o "Sporting que tratou da operação com quem representava a Goodstone", que o clube "foi o único beneficiado nesta operação" e que o agente FIFA, que esteve envolvido na contratação como "amigo" de João Pinto, não teve qualquer ligação à Goodstone.

Veiga  considerou mesmo "falsa" uma declaração nos autos, em que a Goodstone referia ser ele o seu representante.

"O Sporting sugeriu a Goodstone", afiançou.

Veiga admitiu ter proferido declarações contrárias, em 2006, quando foi detido para interrogatório no Tribunal de Instrução Criminal (TIC), e Rui Patrício, advogado de Luís Duque e Rui Meireles, requereu ao tribunal duas acareações, por entender que o depoimento de hoje do empresário colocou "em confronto várias versões".

Deferida pelo coletivo de juízes, a primeira acareação, a 2 de julho, a partir das 10h00, será entre José Veiga, Rui Meireles e Miguel Ribeiro Teles, administrador da SAD com o pelouro do departamento jurídico.

A segunda será entre Veiga e Rui Meireles, estando a sua realização
dependente da possibilidade do então responsável pelo departamento financeiro da Sporting SAD poder viajar de Angola para Portugal.

José Veiga, que acentuou não ter recebido qualquer comissão de João
Pinto e do Sporting, foi o último dos quatro arguidos a prestar declarações
neste processo, que tem a ver com um alegado esquema de fraude fiscal.

Em meados de janeiro de 2011, o Ministério Público (MP) proferiu acusação
contra João Pinto, José Veiga, Luís Duque, na altura dos factos presidente
da Sporting SAD e atual diretor executivo da mesma estrutura, e Rui Meireles.

A acusação refere que o Estado foi lesado no valor correspondente ao
imposto a cobrar e o MP deduziu pedido de indemnização no montante de 678.490,23
euros.

Além de fraude fiscal, os arguidos são indiciados igualmente de alegado
branqueamento de capitais.
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