Futebol Nacional
Conselho de Arbitragem assume erros mas rejeita punições
O presidente do Conselho de Arbitragem Luciano Gonçalves, avisa que “ninguém rebenta ninguém” no organismo, que punições a árbitros “jamais” serão decididas “por interferência” de “quem quer que seja” e garante imunidade a pressões.
“Os árbitros são treinados e preparados para lidar com a pressão, o Conselho de Arbitragem dá-lhes suporte para que estejam tranquilos. Aqui ninguém rebenta ninguém, se o árbitro descer de divisão, irá descer por resultados menos positivos, porque teve uma época menos positiva, e jamais por interferência de quem quer que seja”, avisou o responsável pela arbitragem na Federação Portuguesa de Futebol, na conferência de imprensa de balanço ao trabalho efetuado pela arbitragem nas primeiras 10 jornadas da I Liga.
Luciano Gonçalves defendeu a postura dos árbitros Fábio Veríssimo e Gustavo Correia relativamente aos jogos FC Porto – Sporting de Braga e Benfica – Casa Pia, respetivamente, lamentando as tentativas de “criar pressão” a que foram sujeitos.
"Da parte da arbitragem foi feito o que deveria ter sido. Claramente que qualquer situação destas tem objetivos de criar pressão no árbitro, no jogo, na arbitragem no seu todo”, denunciou, apoiado por Duarte Gomes, também presente.
O diretor técnico para a arbitragem da FPF manifestou “orgulho” pela abordagem de ambos, considerando que estes cumpriram a “missão”.
“O que sentimos quando os nossos árbitros dizem a sua verdade é orgulho, mas também sentido de cumprimento de missão. Estão obrigados a colocarem nos seus relatórios tudo o que acontece em termos desportivos e extradesportivos, nomeadamente incidentes. Quando o Fábio, o Gustavo, ou qualquer outro árbitro coloca no relatório o que presenciou, sentimos que cumpriu a sua missão”, referiu.
Duarte Gomes mostrou-se em total concordância com as palavras de Luciano Gonçalves, que assumiu que no Conselho de Arbitragem da FPF “não irão existir ‘jarras’”, recusando afastar árbitros de nomeações como punição.
“Em relação à ‘jarra’, acho que ficou muito claro que não apenas não falamos nelas, como não mostramos a ninguém que o vamos fazer. Os primeiros a saber quando vão ser responsabilizados são os próprios árbitros, não a imprensa nem os clubes, qualquer outra coisa que ouçam, não foi pela via oficial”, assegurou.
Por fim, o diretor técnico para o setor da arbitragem e antigo árbitro internacional assegurou ainda que os árbitros são “responsabilizados” e “muito penalizados” por maus desempenhos.
“Muitas vezes a gestão dos desempenhos nem é para castigar o árbitro, mas sim para protegê-lo da exposição. Um erro tem consequências até familiares para os árbitros, e protegê-lo é o mais sensato. É importante que se sintam responsabilizados, quando erramos, temos de assumir as consequências e não é só com a não nomeação, é no fator económico, na auto-estima e no processo classificativo. Quando acharem que os árbitros não são responsabilizados, estão enganados, acreditem. São, e muito”, completa.
Luciano Gonçalves apontou todo o seu esforço em melhorar o desempenho dos árbitros lusos, mas também em defendê-los de fatores externos e evitar que sejam encarados como ‘bodes expiatórios’ para insucessos desportivos.
“Este Conselho de Arbitragem irá continuar a trabalhar para que cada vez mais se tenham mais árbitros a arbitrar dérbis e clássicos e que todos os árbitros dos seus quadros tenham dois ou mais anos [de primeira categoria] e possam estar aptos para desempenhar esta função em qualquer jogo, mas deixem-me também partilhar aqui mais uma nota; com este CA, não irá existir ‘jarras’. Enquanto presidente do CA, disse muito recentemente, quando tomei posse, que jarras é para flores e assim mantenho”, assegurou, recusando ceder a quaisquer pressões.
Luciano Gonçalves garantiu transparência e abertura ao diálogo, realçando existir abertura para reunir com quaisquer interessados que assim o desejem.
“O CA quer, e será sempre, parte da solução do futebol e nunca parte do problema. A todos os pedidos de reunião que foram sendo solicitados pelos vários agentes - clubes, associações e todos os agentes desportivos - foi sempre dada resposta em menos de 24 horas, não existe nenhum pedido de reunião de nenhum clube que não tivesse obtido resposta da nossa parte”, garantiu.
(Com Lusa)