Estrela da Amadora regressa aos nacionais de futebol com uma vitória

por Lusa

O Estrela da Amadora regressou hoje ao campeonato nacional de futebol, com uma vitória, por 2-1, na ilha Terceira, nos Açores, frente ao estreante Fontinhas, no primeiro jogo do Campeonato de Portugal com público.

“É uma recompensa para todos estes adeptos que ano após ano, jogo após jogo, continuam a acompanhar o Estrela da Amadora, que na verdade nunca morreu. Um clube existe sempre enquanto há adeptos”, avançou, em declarações aos jornalistas, Filipe Ribeiro, um dos seis adeptos do clube da Reboleira, que se deslocaram à ilha Terceira para assistir ao jogo.

Com o campo do Grupo Desportivo das Fontinhas ainda em obras, a partida foi disputada no Estádio Municipal da Praia da Vitória, com 210 pessoas nas bancadas, a maioria adeptos do Fontinhas, neste que foi o primeiro jogo do Campeonato de Portugal com público, desde que os jogos se passaram a realizar à porta fechada, devido à pandemia da covid-19.

Os Açores são, atualmente, a única região do país em que é permitido público nas bancadas, com apenas 10% da capacidade total, três lugares de distância entre cada adepto e uso de máscara obrigatório.

Para Filipe Ribeiro, o jogo foi “um exemplo”, que deveria ser replicado no resto do país, onde ainda não está autorizada a presença de público nos jogos.

“É muito tempo sem ir a um estádio de futebol. Faz falta. Viu-se aqui hoje que foi uma festa linda, cumprindo todas as regras de segurança”, salientou.

Clube histórico do distrito de Lisboa, com presença na I Divisão Nacional, o Estrela da Amadora foi refundado por seis sócios como Clube Desportivo Estrela, um ano depois de, em 2010, ter sido declarado insolvente.

O emblema da Reboleira fundiu-se, em julho deste ano, com o Club Sintra Football, regressando agora ao Campeonato de Portugal como Club Football Estrela da Amadora SAD.

Os 'tricolores' estrearam-se no marcador, no final da primeira parte, aos 42 minutos, com um golo de cabeça de Yuran Fernandes, na sequência de um livre apontado por Sérgio Conceição.

No início da segunda parte, aos 52 minutos de jogo, Bruno Mendonça estabeleceu a igualdade, depois de uma saída para contra-ataque de Dani Esteves.

O guardião da baliza do Estrela da Amadora, Filipe Leão, tinha evitado três minutos antes, a marcação de um golo de grande penalidade por João Peixoto, na sequência de uma falta de Sérgio Conceição sobre Dani Esteves.

A equipa da Reboleira só conseguiu conquistar os três pontos aos 87 minutos de jogo, com um golo de Robert Murillo.

Para o capitão do Estrela, Filipe Leão, que protagonizou um dos momentos do jogo, é um “honra” representar o clube de novo num campeonato nacional.

“Eu já representei o Estrela como sénior e é um orgulho enorme voltar a vestir esta camisola e começar assim não tenho palavras para descrever”, apontou.

Reconhecendo que o campo do Fontinhas é “difícil” de vencer, o guarda-redes do Estrela destacou também o regresso do público às bancadas e a forma ordeira como os adeptos assistiram à partida.

“Qualquer jogador de futebol gosta de ter público. Se não tivermos público parece que estamos a fazer um jogo de treino. Não é a mesma coisa”, ressalvou.

“Eu já tinha saudades de sentir o barulho do público, de querer falar com os meus jogadores e não conseguir ouvir, o barulho das claques. Tudo isso faz parte desta grande festa que é o futebol”, acrescentou o treinador Rui Santos.

Satisfeito com a vitória, o técnico dos 'tricolores' disse esperar que a medida fosse alargada ao continente português, alegando que o estádio do Estrela teria capacidade para receber entre 1.000 e 2.000 adeptos, “sem pôr em risco a segurança de ninguém”.

O regresso ao futebol profissional foi “bom”, ainda que num “campo difícil”, mas Rui Santos salientou que o Estrela tem “um caminho muito longo a percorrer”.

“Acho que esta vitória pode dar outro ânimo ao grupo, mas estamos muito contentes de estar no CNS, porque o Estrela é um dos grandes de Portugal e merece estar nos campeonatos profissionais. Este é um primeiro passo para conseguirmos atingir os nossos objetivos”, sublinhou.

No banco do Fontinhas, estava uma cara bem conhecida dos adeptos do Estrela, o técnico Francisco Agatão, que integrou o plantel da equipa da Amadora, entre 1990 e 1995, época de glória do clube, que se estreou na Europa e venceu a Taça de Portugal, precisamente em 1990.

Depois de quatro épocas no Praiense, Francisco Agatão mantém-se este ano no concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, mas no Fontinhas, que joga pela primeira vez no Campeonato de Portugal, já bem conhecido pelo treinador e por muitos dos jogadores que transitaram com ele do Praiense.

Apesar do resultado amargo, que considerou “injusto”, o treinador do Fontinhas admitiu que ver o Estrela de regresso a um campeonato nacional tem “um gosto especial”.

“É um clube que, para além de me ter marcado imenso, tem uma história riquíssima no futebol português”, frisou.

Segundo Francisco Agatão, o resultado veio confirmar que o Estrela da Amadora será um adversário difícil no Campeonato de Portugal, mas no Fontinhas já se pensa em conquistar os três pontos que escaparam hoje.

“Nós também nos iremos bater e iremos lutar. Hoje mesmo eles tiveram uma dificuldade tremenda para nos poder ganhar. Com toda a certeza vai ser uma equipa que vai andar nos lugares cimeiros e nós também”, afirmou.
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