Evangelista preocupado com centenas de futebolistas no desemprego

Em Portugal há 265 jogadores de futebol a receber subsídio de desemprego, mas há neste momento muitos mais profissionais do sector que estão sem trabalho. O presidente do Sindicato dos Jogadores de Futebol Profissional critica as opções dos dirigentes dos clubes portugueses que preferem contratar estrangeiros de qualidade duvidosa em vez de apostar na qualidade dos futebolistas nacionais.

RTP /
Evangelista lembra ainda que há cada vez mais futebolistas portugueses a emigrar para países emergentes, onde são mal tratados D.R.

O presidente do Sindicato dos Jogadores de Futebol Profissional defende que é "um factor economicista" que leva os clubes portugueses a importar jogadores de futebol estrangeiros, apesar do elevado número de nacionais de qualidade que se encontram desempregados.

"Contrata-se em função das mais-valias e do retorno financeiro e não em função da qualidade. Por isso, temos cada vez mais jogadores desempregados", diz Joaquim Evangelista à Antena 1.

"Para além dos que recorreram ao fundo de desemprego, há largas centenas que estão desempregados e que não constam das estatísticas, porque não descontaram, não tinham contrato de trabalho, eram falsos amadores, ou porque têm vergonha de assumir que estão desempregados", revela.

Evangelista sublinha ainda que há muitos portugueses que emigram para mercados emergentes, como o Chipre, a Roménia, a Grécia, ou a Bulgária, onde algumas vezes são mal tratados.

"Ficam em condições mais desvantajosas, porque são países onde, desportivamente, há muita instabilidade, onde a língua é diferente, e a cultura é diferente. Temos denúncias de jogadores, porque lhes retêm o passaporte ou porque há coacção. Vão para lá ganhar aquilo que deveriam ganhar em Portugal, mas não conseguem porque estão cá outros a ocupar o seu lugar", afirma.

Soluções possíveis para o desequilíbrio

O dirigente do sindicato considera que uma das soluções possíveis para o desequilíbrio entre o número de jogadores portugueses e estrangeiros a actuar em Portugal seria a adopção de legislação que obrigasse os clubes a utilizarem jogadores nacionais.

"A regra que [o presidente da FIFA] Blatter propõe de seis nacionais mais cinco estrangeiros faz sentido, apesar de ser ilegal face às normas comunitárias. É uma das formas de equilibrar a competição", lembra.

"Existe também uma norma proposta pela UEFA que é a dos jogadores localmente formados, ou seja, a aposta cada vez maior nos jovens jogadores nacionais e a obrigatoriedade de contar com eles nas equipas principais. Do meu ponto de vista, é o caminho mais acertado, porque assim também conseguimos integrar os estrangeiros que estão em Portugal há três anos", observa.

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