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"O Valor Económico do Futebol Distrital" avaliado em Leiria

por Mário Aleixo - RTP
O valor do futebol distrital revelado em livro, em Leiria Reuters

O desempenho económico do escalão distrital da Associação de Futebol de Leiria (AFL) na temporada 2012/13 rondou oito milhões de euros, revela o livro elaborado pelo presidente do organismo, que é apresentado na quinta-feira.

"Na altura tínhamos 134 clubes, 688 equipas e 10.354 praticantes e todo aquele movimento durante o ano gerou um volume de negócios de oito milhões de euros, dos quais 1,5 representam impostos para o Estado. Em contrapartida, o financiamento direto do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) não foi proporcional e até existem outras associações bastante mais fortes que a nossa", explicou Manuel Nunes à Lusa.

Na área de jurisdição da AFL, o dirigente nota que cada euro de apoio estatal à prática federada do futebol amador significou 317 euros de despesa direta na economia do distrito leiriense, o que reflete "a falta de investimento nesta área e um erro estratégico grave do ponto de vista político, técnico e desportivo".

"Portugal tem cerca de 200.000 futebolistas e só 5.000 são profissionais. Queremos chamar a atenção para a importância de um outro mundo do futebol, que mexe com milhões de pessoas e concentra muitos pequenos clubes por todo o país, que têm desempenhado um trabalho excecional, mas precisam de resolver problemas", considerou.

As conclusões advêm do livro "O Valor Económico do Futebol Distrital", que dá continuidade a um estudo introdutório executado em 2007/08 e procura adicionar uma nova camada de conhecimentos e experiências para fomentar o debate das dificuldades estruturais da modalidade, que "continuam na moda" sete épocas depois.

O que falta resolver

Entre os assuntos a resolver, Manuel Nunes destaca a necessidade de campos relvados sintéticos e o decréscimo do custo anual de inscrição de equipas, que se fixou em 1.032 euros no escalão sénior masculino em 2012/13.

"A maioria dos clubes tem entre 15 e 20 equipas e um ou dois campos para treinar. A inscrição na associação ou na federação nem é muito cara, mas as exigências legais obrigam-nos a fazer um seguro por cada atleta no início da época, com um valor muito elevado para a realidade nacional", referiu.

Criação de emprego

Além do impacto económico estimado a nível distrital, Manuel Nunes frisa ainda o número de postos de trabalho criados através do futebol amador e a existência de diretores que participam "de forma benévola" no trabalho dos clubes, sem retirar vantagens.

"Devia haver um estatuto do agente desportivo benévolo, com apoio em termos de bonificação do IRS ou para efeitos de reforma. O agente benévolo está a acabar e já deu muito de si ao Estado", defendeu.

Encarando a prática federada do futebol como um fator gerador de riqueza para o distrito, o presidente da AFL lamentou a manutenção do IVA a 23% na aquisição de material e equipamentos e nos bilhetes dos espetáculos desportivos face a outras atividades.

O dirigente recordou também a omissão do debate sobre políticas desportivas no período pré-eleitoral, bem como a manutenção do modelo do desporto escolar e do "papel insuficiente" da educação física na saúde das populações jovens.

O livro "O Valor Económico do Futebol Distrital" vai ser apresentado na quinta-feira por Manuel Nunes, às 18h30, no Espaço Ó, no âmbito do Festival Literário Internacional de Óbidos.

A sessão contará com presenças de Vítor Pataco, presidente do IPDJ, Júlio Vieira, diretor da Federação Portuguesa de Futebol, e Margarida Reis, vereadora da Câmara Municipal de Óbidos.

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