O desempenho económico do escalão distrital da Associação de Futebol de Leiria (AFL) na temporada 2012/13 rondou oito milhões de euros, revela o livro elaborado pelo presidente do organismo, que é apresentado na quinta-feira.
Na área de jurisdição da AFL, o dirigente nota que cada euro de apoio estatal à prática federada do futebol amador significou 317 euros de despesa direta na economia do distrito leiriense, o que reflete "a falta de investimento nesta área e um erro estratégico grave do ponto de vista político, técnico e desportivo".
"Portugal tem cerca de 200.000 futebolistas e só 5.000 são profissionais. Queremos chamar a atenção para a importância de um outro mundo do futebol, que mexe com milhões de pessoas e concentra muitos pequenos clubes por todo o país, que têm desempenhado um trabalho excecional, mas precisam de resolver problemas", considerou.
As conclusões advêm do livro "O Valor Económico do Futebol Distrital", que dá continuidade a um estudo introdutório executado em 2007/08 e procura adicionar uma nova camada de conhecimentos e experiências para fomentar o debate das dificuldades estruturais da modalidade, que "continuam na moda" sete épocas depois.
O que falta resolver
Entre os assuntos a resolver, Manuel Nunes destaca a necessidade de campos relvados sintéticos e o decréscimo do custo anual de inscrição de equipas, que se fixou em 1.032 euros no escalão sénior masculino em 2012/13.
"A maioria dos clubes tem entre 15 e 20 equipas e um ou dois campos para treinar. A inscrição na associação ou na federação nem é muito cara, mas as exigências legais obrigam-nos a fazer um seguro por cada atleta no início da época, com um valor muito elevado para a realidade nacional", referiu.
Criação de emprego
"Devia haver um estatuto do agente desportivo benévolo, com apoio em termos de bonificação do IRS ou para efeitos de reforma. O agente benévolo está a acabar e já deu muito de si ao Estado", defendeu.
Encarando a prática federada do futebol como um fator gerador de riqueza para o distrito, o presidente da AFL lamentou a manutenção do IVA a 23% na aquisição de material e equipamentos e nos bilhetes dos espetáculos desportivos face a outras atividades.
O dirigente recordou também a omissão do debate sobre políticas desportivas no período pré-eleitoral, bem como a manutenção do modelo do desporto escolar e do "papel insuficiente" da educação física na saúde das populações jovens.
O livro "O Valor Económico do Futebol Distrital" vai ser apresentado na quinta-feira por Manuel Nunes, às 18h30, no Espaço Ó, no âmbito do Festival Literário Internacional de Óbidos.
A sessão contará com presenças de Vítor Pataco, presidente do IPDJ, Júlio Vieira, diretor da Federação Portuguesa de Futebol, e Margarida Reis, vereadora da Câmara Municipal de Óbidos.