Presidente do Paços de Ferreira alerta para urgência de solução financeira

O presidente do Paços de Ferreira, Rui Miguel Abreu, admitiu hoje que o clube de futebol atravessa uma situação financeira "bastante frágil" e sublinhou a urgência de encontrar uma solução estrutural para garantir a continuidade nos campeonatos profissionais.

Lusa /

“Usando a analogia da saúde, o Paços sentiu-se mal, foi andando com remédios caseiros e agora percebeu que tem de ir a um especialista resolver o problema”, afirmou Rui Abreu, em declarações à Lusa.

O dirigente, de 38 anos e segundo presidente mais jovem da II Liga, reconheceu que o futuro do futebol profissional em Paços de Ferreira depende da entrada de capital externo, alertando que “já se vai com anos de atraso” e que a alternativa seria “descer de escalão e reestruturar a partir daí”.

“Não creio que esteja em causa tão taxativamente a continuidade do futebol profissional, mas, como vimos até na época passada, é um sério risco”, declarou.

Com um passivo acumulado de 5,3 milhões de euros e um défice operacional que no último trimestre rondou os 500 mil euros, o dirigente explicou que o clube agravou em cerca de dois milhões o seu défice anual, embora rejeite os 200 mil euros mensais que têm sido ventilados.

Apesar do cenário adverso, assegurou que os salários do atual plantel estão regularizados, faltando apenas liquidar “um mês aos jogadores que saíram”, situação que, afirma, será resolvida na próxima semana.

As dívidas a fornecedores persistem, mas Rui Abreu destacou o papel de muitos parceiros comerciais: “Temos de estar muito gratos aos fornecedores que nos têm ajudado”.

A direção lançou recentemente um apelo direto aos associados, por e-mail, solicitando apoio financeiro voluntário.

“Se querem manter o clube na esfera associativa, pedimos ajuda. Não definimos valores, é facultativo, mas precisamos de um penso rápido que nos permita respirar enquanto procuramos soluções estruturais”, frisou.

Rui Abreu reafirma a atratividade do Paços de Ferreira enquanto projeto, tendo em conta que “é o único que não é SAD, tem boas instalações, massa adepta e localização privilegiada”.

Nos últimos dias, disse ter sido “bombardeado” com propostas, embora admita que muitas sejam apenas tentativas de intermediação.

“Estamos a filtrar as pessoas que realmente têm um projeto. Já temos uma proposta apresentada em assembleia, um contrato de promessa compra e venda pronto, falta a assinatura e a entrada da primeira tranche”, explicou.

Rui Abreu detalhou ainda: "Temos o contrato promessa de compra e venda (CPCV) redigido, o protocolo Clube/SAD totalmente delineado, o que está a faltar é, basicamente, o investidor assinar esse contrto e fazer o depósito da primeira tranche".

O presidente pacense defende que o modelo atual do futebol português dificulta a sobrevivência de clubes como o Paços sem investimento externo.

“Não podemos reestruturar financeiramente e lutar pela subida ao mesmo tempo. Não é realista”, avisou, dando como exemplo uma recente tentativa de contratação frustrada: “Queríamos um jogador que acabou num clube concorrente da II Liga por três vezes mais do que oferecíamos”.

Apesar das dificuldades, Rui Abreu assegura que não se arrepende de ter assumido a presidência, mas não esconde o desgaste: “São muitas noites sem dormir, muitas dores de cabeça e muita preocupação. É um sacrifício pessoal enorme”, admitiu, prometendo que a direção não deixará de procurar solucões.

"A direção tem a obrigação de ir atrás de soluções. Mas chega a uma altura em que isto se torna insustentável”, concluiu.

Rui Abreu aponta permanência do Paços como objetivo numa “corrida de Ferraris”
O presidente do Paços de Ferreira admitiu hoje que o plantel ainda não está fechado e apontou a permanência como objetivo numa II Liga de futebol que comparou a “uma corrida de Ferraris”.

“Não está fechado, ainda estamos à procura de guarda-redes e de um ponta de lança. Poderão existir mais entradas, dependendo de saídas”, afirmou Rui Miguel Abreu, em declarações à agência Lusa.

O jovem dirigente, de 38 anos e na presidência do Paços desde o passado mês de abril, sublinhou que a construção do grupo resulta de um modelo de decisão partilhada entre ‘scouting’, equipa técnica e direção.

“É um projeto criado a três cabeças, digamos assim: entre o departamento de 'scouting', responsável pela identificação dos jogadores, a equipa técnica, a quem compete validar os aspetos técnicos e táticos, e a direção, que faz a validação do ponto de vista financeiro”, explicou.

Apesar das limitações, o dirigente acredita que o novo plantel pode trazer maior estabilidade.

“Acreditamos que o plantel, não sendo exuberante, permite desfazer alguns desequilíbrios que existiam e nos pode dar tranquilidade mais cedo. O objetivo é unicamente a permanência”, precisou.

Rui Abreu admitiu, por outro lado, que o calendário não foi amigo do Paços, destacando a dificuldade do arranque de época.

“Tivemos um bocadinho de azar no sorteio. A meu ver, apanhamos nas três primeiras jornadas os três principais candidatos à subida [Vizela, Académico de Viseu e União de Leiria], e será um início complicado”, analisou.

Sobre o Vizela, adversário da primeira ronda, não tem dúvidas quanto à ambição dos minhotos, que considera “claramente um dos candidatos”.

“O Vizela é uma equipa que desportivamente esteve muito bem no ano passado. Só não subiu de divisão por causa de um autogolo no penúltimo jogo. Mantiveram uma parte significativa do plantel, reforçaram-se com muita qualidade. Vai ser um duro teste logo na primeira jornada”, considerou.

Aos adeptos, Rui Abreu deixou uma mensagem de apelo à união em torno da equipa, por considerar que “as pessoas têm de perceber que os jogadores absorvem também muito daquilo que está a acontecer ao clube, como esta instabilidade e a aparente desunião entre os próprios adeptos”.

“Durante os 90 minutos tem de haver apoio à equipa, porque é o Paços que joga”, defendeu, resumindo, por fim, as dificuldades que o clube enfrenta com uma metáfora: “As pessoas têm de perceber que estamos a entrar com um Fiat Uno numa corrida de Ferraris”.

O Paços de Ferreira inaugura a nova época no sábado, às 11:00, recebendo o Vizela, no jogo que marca o arranque da II Liga 2025/26.


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