`Rejuvenescidos` Estrela e Farense revivem duelo de `primeira` na Taça de Portugal

por Lusa
RTP

Estrela da Amadora e Farense protagonizam, na quinta-feira, na Taça de Portugal, um duelo entre emblemas históricos, que têm ‘palmilhado' caminho de regresso ao futebol profissional, depois de várias épocas relegados aos escalões inferiores.

A partida em atraso da terceira eliminatória da Taça de Portugal vai proporcionar uma reedição da final da prova ‘rainha' de 1990, que foi ganha pelos amadorenses, ainda que tenha sido preciso um jogo de desempate (2-0), depois do 1-1 registado na primeira partida.
O último jogo entre Estrela e Farense remonta à época 2002/03, quando ambos estavam na II Liga, precisamente a primeira de 18 seguidas em que os algarvios disputaram um dos escalões inferiores, após a despromoção da I Liga, em 2001/02.
A formação de Faro começou o seu declínio nesse mesmo ano, caindo à II Divisão e, posteriormente, aos distritais, de onde apenas começou a escalar no início desta década, em 2013, com o regresso à II Liga, ainda que, pouco depois, tenha passado dois anos no terceiro escalão, entre 2016 e 2018.

Após uma temporada de consolidação na II Liga (2018/19), o Farense celebrou, na época transata, o regresso aos principais palcos do futebol nacional e voltou a colocar Faro no mapa da I Liga, na qual está a participar pela 24.ª vez na sua história.

Ainda à procura do seu espaço no Campeonato de Portugal, o terceiro escalão do futebol nacional, o renovado Estrela da Amadora tenta seguir os mesmos passos do Farense, depois de anos de declínio e incerteza, que, em 2011, levaram mesmo à extinção do emblema fundado em 1932.

Sem futebol sénior durante oito anos, o ‘desaparecido' Clube de Futebol Estrela da Amadora, que contava 16 presenças na I Liga (a última em 2008/09), deu lugar ao Clube Desportivo Estrela, que, em 2018, recorreu a treinos de captação para formar um plantel e começou a disputar as competições distritais.

Contudo, em julho deste ano, foi aprovada a fusão entre os amadorenses e o Club Sintra Football, que permitiu ao recém-criado Club Football Estrela da Amadora ocupar a vaga dos sintrenses na série G do Campeonato de Portugal - a qual lidera, em igualdade com o Sporting B - e, assim, dar mais um passo no caminho para o topo.

Se o Estádio São Luís, em Faro, já recuperou os jogos de ‘primeira', o José Gomes, na Amadora, vai acolher, na quinta-feira (14:30), um embate entre históricos, na esperança de voltar a ser um recinto da elite nacional a curto prazo.

João Alves assume coração ‘tricolor’ na eliminatória entre Estrela e Farense
Estrela da Amadora e Farense reeditam, na quinta-feira, a final da Taça de Portugal de há 30 anos, conquistada pelos lisboetas, sob o comando de João Alves, que não tem dúvidas em assumir o coração ‘tricolor’ nesta eliminatória.

“Claro que vou torcer pelo Estrela da Amadora, como é óbvio. Não tem nada que saber”, disparou o treinador quando questionado pela agência Lusa sobre se tinha uma preferência quanto ao vencedor do embate entre os dois ‘renascidos’ históricos do futebol português que, curiosamente, já ambos foram orientados pelo ‘luvas pretas’.
Tanto os lisboetas como os algarvios fizeram o ‘caminho das pedras’ depois dessa final, de 1989/90, e tiveram de reescrever a sua história, nos últimos anos, a partir dos campeonatos distritais, mas voltam agora a ter “a possibilidade de reviver momentos que ficaram para a eternidade.
Na quinta-feira feira cruzam-se em posição inversa à da final de 27 de maio e finalíssima de 03 de junho de 1990, ou seja, desta vez são os algarvios que estão na I Liga e o conjunto da Amadora num escalão inferior (Campeonato de Portugal), mas João Alves não tem dúvidas que ambos os clubes voltarão brevemente a encontrar-se na divisão principal.

“Acredito, sim senhor! Acredito, até porque conheço as pessoas que estão à frente, sei que há capacidade tanto num lado como no outro. Neste momento, o Farense é um clube estável em termos económicos, onde se nota uma grande gestão, e o Estrela da Amadora exatamente a mesma coisa”, justificou o treinador.

João Alves fez questão de distinguir os dirigentes que lideram o emblema algarvio atualmente dos que marcaram a sua passagem por Faro, em 1999/2000, frisando que “neste momento tem gente com uma dignidade e uma estrutura totalmente diferentes”.

“Embora tenha treinado os dois clubes”, João Alves frisa que “foram situações muito diferentes”, recordando que levou o Estrela da Amadora às competições europeias e, dois anos depois, foi ‘resgatá-lo’ ao escalão secundário, antes de voltar pela última vez, em 2002/03, para voltar a conduzir o clube ao escalão principal.

“De maneira que é um clube que está muito ligado a mim, fui eu também que fiz a história do Estrela da Amadora na I Liga. A primeira época foi toda sob o meu comando e no ano a seguir ganhámos a Taça de Portugal. Portanto, é um clube que eu estou muito ligado e ele e ele a mim”, frisou.

O Estrela recebe na quinta-feira o Farense, na Reboleira, em encontro da terceira eliminatória da Taça de Portugal, pouco mais de 30 anos depois de os dois clubes se terem defrontado na final da competição, no Jamor.

Em 1990, os ‘tricolores’ conquistaram o troféu ao derrotar os algarvios por 2-0, na finalíssima disputada em 03 de junho, uma semana após o empate 1-1 na final frente ao clube que, então, militava no segundo escalão competitivo nacional.

Faltam os adeptos para o reencontro entre Estrela e Farense ser perfeito
O reencontro de quinta-feira entre Estrela da Amadora e Farense na Taça de Portugal de futebol, 30 anos depois do histórico duelo na final, só não vai ser perfeito devido à ausência de público, disse à Lusa Pitico, antigo extremo dos algarvios.

"O que faltava a este reencontro para ser perfeito era ter as duas ‘torcidas' nas bancadas a lembrar esse momento histórico de 1990 quando os dois jogos levaram milhares de adeptos ao Estádio do Jamor. É pena que a pandemia não permita isso este ano", afirmou o ex-futebolista do Farense, orientado por Paco Fortes e presente na final (1-1) e na finalíssima (2-0) que o Estrela venceu em 1990.

Já se passaram três décadas, mas as recordações de Pitico, que representou os algarvios entre 1988 e 1994 (203 jogos e 32 golos em todas as competições), continuam centradas no apoio "fantástico" dos adeptos de Faro.

"Foi um momento único, fantástico, ver uma equipa de II Divisão chegar ao Jamor. É algo que vou relembrar pela vida inteira, ter o apoio de tantos adeptos nas bancadas. A cidade de Faro ficou vazia nos dois jogos", sublinhou à Lusa.

Após dois jogos e 210 minutos de muita emoção, o Estrela arrebatou a 50.ª edição da Taça de Portugal ao vencer o Farense na finalíssima, por 2-0, com golos de Paulo Bento e Ricardo Lopes.

"No primeiro jogo, faltou-nos alguma sorte. Houve uma grande defesa do guarda-redes do Estrela a um remate do Eugénio na segunda parte que foi decisiva. No segundo jogo, acusámos algum cansaço e o Estrela, mais sagaz a aproveitar os nossos erros, triunfou de forma justa", lembrou Pitico.

Para o antigo extremo brasileiro, a equipa algarvia somava jogadores de grande qualidade e com experiência de I Divisão, como Ademar, Carlos Pereira, Formosinho e Fernando Cruz, a uma estrutura "fora de série", em que, além do técnico Paco Fortes, pontificavam os adjuntos e irmãos Fanã e Manuel Balela, o psicólogo Carlos Albino e o fisioterapeuta Fernando Belo, "o elo de ligação entre jogadores e equipa técnica".

"Quando uma equipa de segundo escalão chega a uma final da Taça, acho que é um feito fantástico. Sem desmerecer a equipa que conseguiu o apuramento para a Taça UEFA [em 1995], acho que esta foi a melhor temporada de sempre do Farense", acrescentou o ex-jogador, radicado no Algarve e ainda ligado ao futebol: na última temporada, orientou o Almodôvar, da I Divisão Distrital de Beja.

Desta vez, é o Farense que está na I Liga, enquanto o Club Football Estrela da Amadora SAD, herdeiro do antigo Estrela e líder da Série G do Campeonato de Portugal, tenta voltar aos seus tempos áureos.

"Se se repetir a tradição de a equipa de primeiro escalão ganhar, é o Farense que deve sair por cima. Espero que os jogadores se lembrem da nossa história de há 30 anos e repitam essa saga. A equipa tem muita qualidade e estava a faltar o regresso ao nosso estádio. Quando os adeptos voltarem ao ‘inferno' do São Luís, então vai ser ainda melhor", afirmou Pitico.

O jogo em atraso da terceira eliminatória da Taça de Portugal entre Estrela e Farense está marcado para quinta-feira, às 14:30 horas, no Estádio José Gomes.

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