Viana de Carvalho afasta cenário "catastrófico" com descida
O presidente do Belenenses recusa que o cenário de despromoção à Liga de Honra de futebol seja "catastrófico", mas assinala a consequência da quebra acentuada de receitas, numa altura em que o clube atravessa uma crise financeira.
Eleito a 10 de Maio, com uma diferença de 66 votos sobre a lista liderada por João Barbosa, o presidente recorda que, nesta temporada, o Belenenses recebeu um valor que "não anda longe dos 1,7 milhões de euros" e nota que a descida de escalão provocará "inevitavelmente um grande decréscimo".
"Essa é uma das mais importantes reduções, porque se reflecte em toda a estrutura", salienta, prevendo uma quebra "superior a 50 por cento" relativamente ao montante recebido pelo clube para a época 2008/2009.
Outras das reduções previstas com a descida à Liga de Honra - a última presença no escalão secundário reporta-se a 1988/1999 - são as receitas geradas pela bilheteira nos jogos e os proveitos provenientes de contratos de patrocínio.
Viana de Carvalho refere-se às reduzidas assistência de espectadores na Liga de Honra e explica que "os patrocinadores estarão menos motivados para investir quando os clubes estão numa divisão secundária", razão porque frisa que "há sempre acertos nos contratos consoantes os resultados da equipa".
No entanto, apesar de admitir "uma quebra" nas receitas, o economista sublinha a existência de contratos de patrocínio que se prolongam até à próxima época e assegura que se cumprirá "o que está nas cláusulas".
O dirigente observa ainda que a possibilidade de despromoção à Liga de Honra surge numa altura particularmente difícil para o clube, mergulhado numa crise financeira, o que forçou a recorrer a um empréstimo bancário no valor de cinco milhões de euros, em Agosto do ano passado.
"Temos uma herança pesada. Temos de fazer um projecto de recuperação, que não se esgota num ano e o impacto das medidas não poderá ser visto num ano. Será um projecto para o nosso mandato (até Outubro de 2011). O Belenenses tem muitas despesas fixas e serão imutáveis", diz.
Mesmo com o espectro da despromoção de escalão, Viana de Carvalho aponta a necessidade de adaptação "às realidades", referindo-se também a uma redução indispensável do encargo mensal da SAD, actualmente no valor de 700.000 euros.
O presidente do Belenenses sustenta que "tem de descer" a despesa mensal da SAD, relacionada com salários de jogadores (existem dois salários para regularizar) e técnicos e corpos clínico e administrativos, bem como os débitos referentes à logística da equipa.
Além dos aspectos financeiros, o dirigente do Belenenses, que reitera o desejo e a "esperança" de o clube continuar na Liga, refere que "é sempre penoso uma descida de divisão", ressalvando também a vertente "psicológica" que uma despromoção provoca.
"Já não estamos em último e já demos um passo mais positivo em relação à manutenção. Descer é sempre penoso e, como fizemos no passado nestas situações, teremos de fazer das fraquezas forças e dar uma volta. Se, porventura, descermos, temos de fazer adaptações e estudar soluções para voltarmos logo de seguida", acrescenta.
C/ Lusa