Pichardo: retalhos de uma história de vida

por Mário Aleixo - RTP
A vida de um atleta lutador D.R.-slbenfica.pt

Pedro Pichardo nasceu em Santiago de Cuba e tem a nacionalidade portuguesa desde 2017. Revela que já aprendeu o hino e não esquece as dificuldades que passou em Cuba.

Na infância era um miúdo muito intranquilo que estava sempre na rua, a brincar com os amigos, a jogar beisebol, futebol e às caricas.

O pai era treinador de atletismo numa equipa em Santiago. A mãe vendia roupas na rua, bananas verdes, batata-doce, frutas e legumes. Uma vida difícil porque o rendimento era pouco. E tinha três irmãos mais velhos.

Ao pequeno-almoço comia pão com óleo e café, ao almoço um ovo com arroz e ao jantar é que se alimentava um pouco melhor. Nunca passou fome mas muitas vezes além do pão, bebia água com açúcar.

Era bom estudante, gostava muito de escrever, mas era péssimo na matemática. Fez um curso de professor de Educação Física e quer tirar uma licenciatura para ser treinador de saltos.

Se não tivesse sido atleta de triplo salto teria ido para o boxe!

Não fez o serviço militar porque passava muito tempo na Europa a competir.

É contra a revolução cubana porque a família passou mal.

Um dos seus tios, o Pio, morreu numa emboscada a Che Guevara, acabando por salvá-lo.

A irmã Rosalena cuidava dele e levava-o aos treinos e começa a fazer triplo salto com 14 anos em Santiago.

Os atletas de Havana eram privilegiados, porque estavam na equipa nacional e durante os campeonatos, nesta cidade, os que chegavam de fora dormiam nas bancadas do Estádio Panamericano enrolados em cobertores e dormiam no chão.

Havia uma cafetaria aberta 24 horas e compravam pão e um refresco para comer.

Aos 21 anos fez a marca de 18,08 metros e quer saltar 19 metros.

Treinava na Suécia quando através de um empresário de Portugal conheceu o Benfica e veio para Lisboa porque conhecia o clube pelo futebol e pela língua e o clima.

A sua mulher, Arialis Gandulla, é atleta de 100 e 200 metros, esteve nos Jogos Olímpicos do Rio e vai voltar à competição após o nascimento da filha do casal, Rosalis Maria.

Gosta de dormir e da comida portuguesa, menos bacalhau que não aprecia.

O atleta prometeu que quando subisse ao pódio levaria a bandeira portuguesa e agradece a Portugal e ao Benfica por o terem acolhido tão bem.
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