Dono da Tech3 pede "top 10" para Miguel Oliveira

por Mário Aleixo - RTP
Miguel Oliveira é aposta forte do patrão da sua nova equipa a Tech3 youtube

O dono da nova equipa de Miguel Oliveira no Mundial de MotoGP disse esta segunda-feira que "seria fantástico" o piloto português conseguir um lugar nos dez primeiros na época de estreia na categoria rainha do motociclismo.

O francês Hervé Poncharal, proprietário da Tech3 que na próxima temporada vai acolher o piloto português da KTM, alerta para as diferenças que Miguel Oliveira vai encontrar a partir desta terça-feira, quando começar a rodar com a nova mota nos primeiros testes de MotoGP.

"O nível está muito alto. Mesmo acreditando que o Miguel (Oliveira) tem qualidade para o MotoGP, há muitas coisas que tem de aprender. A mota tem o dobro da potência, por exemplo. Aquela com que ele correu até agora (em Moto2) tem 130 cavalos, mas a de MotoGP tem 270. O peso também é um pouco maior e os travões são diferentes, pois somos obrigados a utilizar discos de carbono enquanto que em Moto2 são de ferro. Na categoria intermédia a eletrónica é muito básica e muito avançada em MotoGP. Ele tem de aprender a gerir e a usar tudo isto para poder ser rápido", explicou o francês, que em 2019 inicia uma parceria com a KTM depois de vários anos com a Yamaha.
O futuro imediato do piloto
O facto de a marca austríaca ter recebido uma licença de novo construtor permite que a equipa tenha mais dias de testes disponíveis do que as restantes, "o que é bom" porque "dá tempo para aprender", diz o responsável.

Os primeiros dois dias de testes decorrem em Valência, já a partir desta terça-feira. "A vida é feita de desafios. Alguns temem-nos e outros adoram-nos. O Miguel é um dos que gostam", frisou Hervé Poncharal, que em 2018 conquistou três pódios com o francês Johann Zarco (dois segundos e um terceiro lugares), o mesmo registo de 2017.

Por isso, escusa-se a fazer previsões quanto aos resultados esperados para o piloto português nesta temporada.
Cautelas no início
"Há oito motas de fábrica mais as equipas privadas apoiadas pelas fábricas. Se fizermos um 'top-10' com o Miguel na primeira metade da época será fantástico. Mas não espero isso no início", garantiu.

Quanto a um lugar no pódio, "será impensável, pelo menos para já", assegura o francês.

"As pessoas em Portugal não devem ficar desapontadas se ele terminar as primeiras corridas na 15.ª posição ou mesmo fora dos pontos", frisou Poncharal.
Objetivo para a época
Ao longo da época que agora terminou, as duas KTM oficiais nunca tinham ido além do décimo lugar. O britânico Bradley Smith conseguiu, como melhores resultados, precisamente duas décimas posições, em Sachsenring (Alemanha) e em Philip Island (Austrália).

Mas o espanhol Pol Espargaró foi mais consistente e fechou o ano com chave de ouro, subindo ao pódio em Valência numa corrida marcada pela chuva e pelas muitas quedas. Até aí, Espargaró tinha o 11.º lugar como melhor resultado, o que aconteceu por cinco vezes em 2018.

O dono da Tech3 KTM aponta outro objetivo para a primeira época do piloto português na categoria rainha do Mundial de velocidade, assumindo que "o maior desafio será a comparação com os outros 'rookies' (estreantes)", nomeadamente com o italiano Francesco Bagnaia (Ducati) e com o espanhol Joan Mir (Suzuki).

"Aparenta ser um rapaz tímido, mas, quando se conhece melhor, é uma pessoa com a mente aberta e sentido de humor. O que queremos é entender a sua forma de trabalhar e pilotar, e que se sinta bem com a nossa equipa", garantiu, sublinhando que "é importante que haja uma boa química entre todos".
Confiança no português
O responsável pela equipa mostrou-se ainda "orgulhoso" por acolher a estreia em MotoGP "do primeiro piloto português da história desta categoria", garantindo que "será uma grande honra".

Para já, Miguel Oliveira só tem um ano de contrato com a KTM, mas Hervé Poncharal acredita que poderá manter uma longa ligação com o português, "a não ser que o desempenho dele seja tão bom que uma equipa de fábrica o queira levar".

"E, aí, não lhe poderemos cortar as pernas", promete.

Miguel Oliveira terminou a época de 2018 como vice-campeão de Moto2, naquela que foi a sua terceira época na categoria intermédia, da qual se despede com seis vitórias, sete segundos lugares e oito terceiros.



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