Holanda espera por outro europeu na final
Nunca antes a Europa conquistou títulos mundiais de futebol em competições jogadas fora do Velho Continente. Desta vez isso acontecerá, porque a Holanda afastou o Uruguai, último obstáculo à concretização dessa possibilidade.
No Uruguai sentia-se a falta de Luis Suárez em campo (suspenso deste jogo por ter visto o vermelho contra o Gana), o que obrigava Forlán a jogar na cabeça do ataque uruguaio, impedindo-o de ocupar os terrenos de que mais gosta, atrás dos avançados, onde consegue criar jogo e partir com mais perigo para a a frente. Foi, de resto, numa jogada desse tipo que os sul-americanos conseguiram empatar a partida a uma bola, poucos minutos antes do intervalo. Cavani arrastou consigo um defesa holandês, destapando a baliza para o remate desferido por Forlán a 30 metros da linha de golo, a que Stekelenburg responde com um frango, deixando a bola entrar bem ao meio da baliza.
No segundo tempo, o Uruguai quis controlar mais o jogo e começou a pressionar a Holanda logo que os europeus saíam para a manobra ofensiva. A estratégia de Tabárez parecia correcta, uma vez que logo aos 50 minutos, e precisamente devido a essa pressão intensa, um comprometedor atraso de bola de Boulahrouz para o seu guarda-redes só não resultou em golo por manifesta infelicidade do Uruguai.
Os sul-americanos pressionavam, recuperavam bolas em série, e a Holanda parecia algo presa por essa estratégia. No entanto, tudo mudou em cinco minutos. Primeiro com um aviso: aos 67, van der Vaart rematou cruzado, Muslera respondeu com uma grande defesa e Robben falhou a recarga. Cheirou a golo. Logo depois, o segundo golpe da Holanda, envolvido em polémica: Sneijder remata na grande-área uruguaia e van Persie, embora não toque na bola, acaba por se tornar num interveniente activo na jogada, ao abrir as pernas para deixar a bola passar para golo. O problema é que van Persie parece estar ligeiramente fora-de-jogo. Apenas três minutos depois, aos 72, e com o Uruguai ainda a tentar restabelecer-se, Robben deixou a sua marca no jogo, cabeceando com êxito uma bola cruzada da esquerda por Kuyjt.
O encontro pareceu ter acabado então, e até o Seleccionador uruguaio o deu a entender ao retirar o seu melhor jogador, Diego Forlán, pondo em seu lugar Sebastian Fernández. Estávamos com 83 minutos de jogo e, de facto, nesta altura a intensidade anterior já era só uma recordação. A Holanda até teve ensejo de alargar a vantagem, não tivesse Robben tivesse perdido de modo estranho o golo na cara de Muslera, após um sprint de quase meio-campo.
Só que, já depois do árbitro do Usbequistão Ravshan Irmatov ter indicado que iriam ser jogados três minutos adicionais para compensação de tempo desperdiçado, o Uruguai regressou à partida com o golo inesperado de Maxi Pereira. A emoção tomou conta do estádio Green Point, na Cidade do Cabo, mas o marcador não mais iria alterar-se.
Glória aos vencedores, honra aos vencidos; o Uruguai tombou a combater, a Holanda regressa a uma final de um Campeonato do Mundo, 32 anos depois da Argentina. Contra quem, ver-se-á amanhã, no fim do Alemanha - Espanha.
Uma coisa é, desde já, certa: uma Selecção europeia vai ser Campeã do Mundo de futebol fora do Velho Continente, pela primeira vez na História dos Mundiais.