Fernando Santos. Portugal é candidato mas não favorito no Mundial

por Inês Geraldo - RTP
Fernando Santos manifesta confiança em toda a equipa de Portugal EPA

O selecionador nacional considera Portugal um dos candidatos a vencer o Mundial 2018, não estando num grupo de favoritos a vencer a prova. Em entrevista à RTP, Fernando Santos refere-se à Seleção na primeira pessoa do plural e reconhece que o talento de Cristiano Ronaldo pode resolver um jogo sozinho.

O selecionador nacional foi questionado quando Portugal vai regressar, fazendo uma alusão às palavras de Fernando Santos durante o Euro, quando prometeu regressar a 11 de junho e em festa pelo país. “Lá virei no tempo certo”.
"Portugal não pode deixar de ser candidato mas não somos favoritos".Fernando Santos disse ter confiança na equipa durante o Europeu e que Portugal continuaria na prova por muito tempo. Uma confiança que o selecionador mantém para o Mundial.

“Portugal não pode deixar de ser candidato. Pelo valor dos seus jogadores, pela qualidade da equipa. Acredito também no nosso trabalho, no meu e da equipa técnica. Portugal assume-se sempre como candidato. Mas temos consciência de não somos favoritos”.
Preparação mental dos jogadores
No último domingo, o Desportivo das Aves venceu, pela primeira vez, a Taça de Portugal. Para além da festa avense também as lágrimas de vários jogadores do Sporting foram motivo de escrutínio. Questionado sobre esse facto, Fernando Santos foi perentório. “O assunto terminou”.

“Naquilo que são os momentos coletivos da equipa, a partir de amanhã, quer seja em treinos ou palestras, não vou permitir que esse assunto interfira”.

O selecionador não acredita que os quatro jogadores do Sporting que estiveram envolvidos no episódio das agressões em Alcochete precisem de um acompanhamento especial mas que haverá o acompanhamento normal tendo em conta a época realizada.

“Há o plano físico, e não são tratados todos da mesma maneira, e o aspeto mental mas como disse, até durante o campeonato da Europa, uma prova que vai ser disputada de uma forma rápida e intensa, o mais importante mentalmente é que a equipa esteja fresca”.
A influência de Cristiano Ronaldo
Questionado sobre se Cristiano Ronaldo continua a ser o melhor jogador do mundo, Fernando Santos não tem dúvidas. O jogador do Real Madrid continua a ser o melhor e que o seu talento dá maiores possibilidades a Portugal”.

O selecionador nacional mostrou-se consciente da qualidade do internacional e capitão português, mas preferiu destacar o valor de CR7 no espírito coletivo de Portugal.

“Cristiano sozinho não pode ganhar jogos. Se não tiver uma equipa que o suporte e o apoie, obviamente sozinho não vai poder ganhar o jogo. Sabemos que com Cristiano, a qualquer momento, pode resolver um jogo”.

Ronaldo realizou esta época menos jogos, em virtude da perda Liga Espanhola para o FC Barcelona e da aposta na Liga dos Campeões, o Selecionador Nacional relembrou que Cristiano Ronaldo fez 50 jogos esta época. "Ronaldo representa muito para a Seleção. Ele pode resolver um jogo sozinho".

Para os críticos, depois de Cristiano Ronaldo a Seleção Portuguesa tem como referência Bernardo Silva, jogador do Manchester City, a quem o treinador Pep Guardiola reservou vários elogios.

Fernando Santos não acudiu à ideia de que é a segunda grande figura de Portugal, destacando que a figura maior da equipa das quinas é o coletivo.

“[O Bernardo] é um jogador de grande valia, de enorme qualidade, como todos os outros, em quem eu confio em absoluto.
A ausência de Éder
Nos 23 escolhidos para o Mundial da Rússia, Fernando Santos deixou de fora uma das figuras maiores da Seleção Portuguesa. Marcador do golo mais importante da história do futebol português, Éder não teve lugar na equipa que vai para a Rússia.

Fernando Santos falou do avançado que deixou uma marca indelével em Portugal. “O patinho feio virou um cisne, elegante e bonito”.

Ainda antes de escolher os homens que levou ao Euro 2016, o selecionador Nacional lembrou que ninguém queria que o avançado do Lokomotiv fizesse parte do grupo.

“Fizeram-se sondagens. Todos podiam ir menos Éder. E o único que acreditou, que achou que Éder devia ir fui eu”.

Fernando Santos revelou ter pena por não poder levar todos os campeões europeus. “Todos eles gostava de os levar comigo. Eu tenho que fazer uma opção e tenho que fazer escolhas, e as escolhas, neste momento foram outras”.
Os 23 convocados
O selecionador nacional anunciou, na última quinta-feira, os 23 convocados para o Campeonato do Mundo. Deixando para trás nomes como Éder, Nani ou André Gomes, Fernando Santos promoveu a chamada de jogadores como Ricardo Pereira, Manuel Fernandes e Rúben Dias.
"A maior figura da Seleção é o "nós".
Questionado sobre a ida do defesa do Benfica, ainda sem internacionalizações, e por ser conservador nas escolhas que faz, Fernando Santos rebateu as críticas ao dizer que muitos lhe dizem que leva muitos jovens que nunca se estrearam numa grande competição de seleções.

“Não é pela idade, não pela experiência que têm ou não numa fase final, é por aquilo que as minhas observações e a minha equipa técnica têm feito nos últimos dois anos e especialmente nos últimos meses”.

“Não foi fácil chegar aos 35 [pré-convocados]. Escolher 23 foi muito mais difícil e aí para o puzzle e dizer “quem é que encaixa melhor ou pode resolver melhor as situações”.

Fernando Santos lembrou a lesão de Danilo e a importância que tem para a equipa de Portugal, ocupando a posição seis do campo e revelou que se o médio do FC Porto estivesse disponível, haveria menos um defesa na convocatória.

Sobre Rúben Dias, o selecionador acredita que “todos os jogadores” podem ser titulares e lembrou que no Euro 2016 utilizou quatro centrais (Pepe, Ricardo Carvalho, José Fonte e Bruno Alves).

Sobre a ida de Manuel Fernandes, Fernando Santos justificou a sua ida com as características que apresenta em campo, deixando de parte a ideia de que o médio do Lokomotiv de Moscovo mereça uma segunda oportunidade na Seleção.

“O que procurámos fazer foi encontrar um lote de jogadores que nos deem opções”.

Sobre a saída de Nani, “um dos pontos-chave da conquista do Europeu”, o técnico português lembrou que há jogadores com características semelhantes estavam em vantagem no confronto direto e que Adrien foi chamado porque jogou com regularidade nas últimas partidas.
Os objetivos no Mundial 2018
Não passar a fase de grupos será um descalabro para os objetivos da Seleção Portuguesa. Fernando Santos acredita que Portugal tem de o fazer para alcançar os objetivos mínimos da equipa das quinas na Rússia.

“Portugal tem que se assumir como favorito. Na fase de grupos. Dificilmente o Irão, em termos teóricos, estamos a falar num plano puramente teórico, e Marrocos vão assumir essa condição. Aí, o favoritismo passa para estas duas equipas [Espanha e Portugal]. É um grupo muito difícil”.

Fernando Santos não esquece que Espanha é uma das favoritas, senão a grande favorita a vencer o Mundial, e considera que Portugal vai ter que defrontar as melhores equipa dos continentes africanos e asiáticos.

Com uma experiência de décadas no futebol, Fernando Santos passou pelos três grandes, venceu o penta com o FC Porto, e deu o salto para a Grécia. No país helénico, o treinador diz ter passado por uma das fases da sua carreira que o mudou enquanto treinador.
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