Nyusi diz que há condições para reforçar cooperação entre Moçambique e Guiné-Bissau

por Lusa

O Presidente de Moçambique afirmou hoje que estão criadas as condições para o reforço da cooperação com a Guiné-Bissau, ao despedir-se do homólogo guineense, que terminou uma visita ao país marcada pelas críticas da oposição.

"Depois de intensos três dias de trabalho no nosso solo pátrio, chegou hoje ao fim a visita de Estado do meu homólogo guineense, Umaro Sissoco Embaló. Como tivemos a oportunidade de afirmar no primeiro dia, estão lançadas as sementes para a criação de todas as condições de trabalho e cooperação entre os dois povos e países", afirmou Filipe Nyusi.

"Está manhã, fui despedir-me do Presidente Sissoco e reafirmei o compromisso do meu Governo de colocar em prática todas as ações que contribuam para o desenvolvimento de Moçambique e Guiné-Bissau", acrescentou o chefe de Estado, na mesma mensagem.

Umaro Sissoco Embaló iniciou na quarta-feira uma visita de Estado a Moçambique, de pouco mais de dois dias, a primeira de um Presidente guineense, durante a qual foi assinado um acordo geral de cooperação entre os governos dos dois países.

A visita ficou marcada pelas críticas dos eleitos dos dois maiores partidos da oposição, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que contestaram a atribuição das Chaves da Cidade de Maputo a Embaló e a sua ida ao parlamento moçambicano, na quinta-feira, não se fazendo presentes em ambos os atos solenes.

"Não estamos contra as relações diplomáticas entre Moçambique e a Guiné-Bissau, mas pela forma como Umaro Sissoco Embaló tem dirigido a política no seu país e tem-se comportado diante das instituições", disse à Lusa Marcial Macome, eleito da Renamo na Assembleia Municipal de Maputo, posição idêntica à assumida pelos representantes do MDM.

"O histórico de Sissoco Embaló, ligado à forma como tem lidado com a política dentro do seu país, dissolvendo parlamentos, exonerando governos, de ser uma figura que não respeita as instituições democráticas, pesou muito para o nosso partido, que é democrático, tomar esta decisão", acrescentou Marcial Macome.

O presidente do MDM, terceiro maior partido de Moçambique, com assento no parlamento, afirmou que o Presidente da Guiné-Bissau "não é um bom exemplo a seguir", contestando a sua receção na Assembleia da República, na quinta-feira, de onde estiveram ausentes os partidos da oposição.

"Nós não nos podemos associar com um Estado que impede o funcionamento de um parlamento. Não podemos participar na receção de um Presidente da República que impede a existência de um parlamento. Quando num país não existe um parlamento, então esse país não se pode classificar como democrático, muito menos um país multipartidário que defende um Estado de Direito", afirmou Lutero Simango.

Na quarta-feira, no primeiro dia desta visita, os Presidentes moçambicano e da Guiné-Bissau assumiram o objetivo de reforçar as relações históricas entre ambos os países, na primeira visita de Estado de um Presidente guineense a Moçambique, descrita como "uma semente" colocada por dois irmãos.

"É verdade que esta é uma visita histórica. É a primeira visita de Estado de um Presidente da Guiné-Bissau à República irmã de Moçambique. Eu penso que nós já cimentámos uma alavanca, isso tem que continuar", afirmou Umaro Sissoco Embaló, numa declaração na Presidência da República, em Maputo, após reunir-se com Filipe Nyusi.

"A perspetiva é de que, juntos, senhor Presidente, Filipe Nyusi, o meu mais velho, e eu próprio, vamos dar um novo impulso a esse legado histórico da relação bilateral de amizade, de cooperação e de solidariedade. Para isso, os nossos governos devem promover, intensificar, o intercâmbio entre os nossos países nos domínios empresarial, cultural, académico e desportivo", disse Embaló, numa declaração ao lado do homólogo moçambicano, no primeiro de dois dias de visita de Estado.

Nyusi descreveu mesmo Embaló como o "irmão mais novo" e enfatizou a importância desta visita: "Significa que houve uma semente que estamos a colocar na terra e acreditamos que, muito brevemente, todos nós vamos sentir a troca de visitas a diferentes níveis, da economia, política, sociais, mesmo nos parlamentos. Para trocar experiências, para ver o que é que um faz, o que o outro faz e o que é que pode fazer-se melhor".

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