OMS pede 1,5 mil milhões de dólares para 2025 face a crises sanitárias "sem precedentes"

por Joana Raposo Santos - RTP
Os EUA têm sido, historicamente, um dos principais doadores da OMS. Foto: Laurent Cipriani - Pool via Reuters

A Organização Mundial de Saúde pediu esta quinta-feira 1,5 mil milhões de dólares em apoios às suas atividades em 2025, face a "crises sanitárias globais sem precedentes". O apelo surge poucos dias antes da tomada de posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que no seu anterior mandato iniciou o processo de retirada do país da OMS.

"Este ano, a OMS procura obter 1,5 mil milhões de dólares para apoiar o seu trabalho vital nas emergências que enfrentamos e para responder rapidamente a novas crises", declarou o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Segundo o responsável, "sem um financiamento adequado e sustentável” a OMS enfrenta “a tarefa impossível de decidir quem vai receber cuidados e quem não vai".

Os fundos destinam-se a ajudar a enfrentar "crises sanitárias mundiais sem precedentes" ligadas a conflitos, alterações climáticas, epidemias e deslocação de populações, adiantou a OMS em comunicado.

Ghebreyesus alertou que “as situações de emergência estão a multiplicar-se, já não são isoladas ou ocasionais” mas sim "incessantes, sobrepostas e intensificadas".

A Organização Mundial de Saúde, que opera em mais de 150 países, estima que 305 milhões de pessoas necessitarão de ajuda humanitária de emergência em 2025.

"Face a estas necessidades crescentes, somos confrontados com outro desafio: o fosso cada vez maior no financiamento da ajuda humanitária", observou o diretor-geral da organização.

"A OMS, por si só, não consegue dar resposta à dimensão dos desafios que enfrentamos. Precisamos que a comunidade mundial esteja ao nosso lado. Hoje, estou aqui para vos pedir que continuem a apoiar-nos", apelou.
Incógnita sob o mandato de Trump
Este pedido de fundos surge poucos dias antes da tomada de posse de Donald Trump, que durante o seu primeiro mandato lançou o processo de retirada dos Estados Unidos da OMS, depois de a ter criticado pela forma como lidou com a pandemia de covid-19 e pela sua alegada proximidade com a China.

Vários especialistas temem que o presidente eleito dos EUA relance o processo quando regressar à Casa Branca. Fontes próximas da equipa de transição citadas pela agência Reuters indicaram que Trump poderá tomar medidas semelhantes no seu segundo mandato.

No final do mês passado, quando questionada pela Reuters sobre se os EUA deixariam a OMS, uma dessas fontes respondeu: "A mesma OMS que deixámos na primeira Administração? Parece que não nos importaria muito o que eles têm a dizer".
Os EUA têm sido, historicamente, um dos principais doadores tanto para o apelo de emergência da OMS como para o seu orçamento mais alargado.
Para o atual período de dois anos, os EUA forneceram cerca de 34 por cento do financiamento disponível para emergências de saúde e, no passado, a sua contribuição chegou a ser de 50 por cento, segundo dados da OMS.

Documentos divulgados pela Organização Mundial de Saúde esta semana alertaram para os riscos de perder qualquer um dos seus principais doadores.

A organização é financiada em parte por taxas obrigatórias dos Estados membros, juntamente com contribuições voluntárias e um fundo de investimento. Apenas cinco doadores, mais uma vez liderados pelos Estados Unidos, representam uma grande parte do seu financiamento voluntário.

c/ agências
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