"Partygate". Boris Johnson e Rishi Sunak ignoram exigências de demissão

por Joana Raposo Santos - RTP
Apesar de Boris Johnson e Rishi Sunak terem pedido desculpas, a oposição não considera que tal seja suficiente e exige demissões. Reuters

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, estão a ser inundados por exigências de demissão depois de terem sido multados pela participação em festas durante a pandemia de covid-19. A oposição acredita que "a Inglaterra merece melhor". Os dois homens continuam, porém, a fazer ouvidos moucos às críticas e não mencionam sequer a hipótese de abandonarem os cargos.

Para além do chefe do Executivo e do ministro, também a mulher de Boris Johnson foi multada por participar em festas no Número 10 de Downing Street. O primeiro-ministro tornou-se, assim, o primeiro em funções a ser sancionado por quebrar a lei.

Apesar de todos terem publicamente pedido desculpas pelas suas ações, a oposição não considera que tal seja suficiente e exige demissões, acusando os dois homens de terem previamente mentido ao público sobre a presença nas festas.

O líder do Partido Trabalhista e os primeiros-ministros da Escócia e do País de Gales foram algumas das mais relevantes figuras políticas do Reino Unido a pedirem a cessação de funções de Johnson e Sunak.

“Boris Johnson e Rishi Sunak quebraram a lei e mentiram repetidamente ao público britânico. Devem ambos demitir-se”, defendeu o líder trabalhista, Keir Starmer. “Os conservadores são totalmente inaptos para governar. A Inglaterra merece melhor”.

Starmer referia-se ao facto de, anteriormente, o primeiro-ministro ter dito que “todas as regras foram cumpridas em todos os momentos”. O ministro das Finanças tinha assegurado, por sua vez, que não participou em qualquer festa.


A vice-líder trabalhista, Angela Rayner, também se dirigiu a Johnson e Sunak. “Vocês fizeram as regras. Vocês quebraram as vossas próprias leis. Vão-se embora”, escreveu no Twitter.

Já o Partido Nacional Escocês e os Liberais Democratas defenderam uma interrupção no período de férias da Páscoa para que o Parlamento possa reunir-se e colocar questões ao primeiro-ministro e ao ministro das Finanças.
Boris Johnson sente agora “dever ainda maior”
Apesar da insistência da oposição, tanto Boris Johnson como Rishi Sunak têm ignorado as exigências de demissão. Pediram, porém, desculpas pelo sucedido e aceitaram prontamente pagar as multas que receberam.

“Entendo plenamente que as pessoas tenham o direito de esperar melhores comportamentos” por parte da sua pessoa, declarou na terça-feira o primeiro-ministro, dizendo sentir agora “um dever ainda maior” para com a população.

Johnson defendeu-se ainda ao dizer que o evento no qual participou durante a pandemia, quando estava em vigor um confinamento geral, foi “breve”, durando “menos de dez minutos”. Segundo foi apurado pelas autoridades, tratou-se de uma celebração do aniversário do primeiro-ministro no seu gabinete.

“Com toda a honestidade, na altura não me ocorreu que aquilo pudesse quebrar as regras. Mas, claro, a polícia não concordou e eu respeito totalmente o resultado da investigação”, acrescentou.
Ministro das Finanças diz-se profundamente arrependido
Já o ministro das Finanças lançou um comunicado no qual diz “entender que, para figuras políticas, as regras devam ser aplicadas rigorosamente de modo a manter a confiança do público”.

“Respeito a decisão e já paguei a multa”, declarou Rishi Sunak, dizendo “arrepender-se profundamente da frustração e da raiva causada”, pelo que pediu desculpas.

As multas foram anunciadas como parte de uma investigação da Polícia Metropolitana de Londres às festas ilegais realizadas no número 10 de Downing Street e no Palácio de Whitehall durante confinamentos em 2020 e 2021, quando a pandemia de covid-19 obrigava a população a ficar em casa.

As autoridades estão a investigar um total de 12 festas e já passaram mais de 50 multas, esperando-se que sejam emitidas muitas mais em breve.

c/ agências
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