Foi por poucos votos que Sébastien Lecornu escapou às moções de censura votadas esta quinta-feira, 16 de outubro, na Assembleia Nacional. A primeira moção apresentada pelo partido de esquerda radical, La France Insoumise, foi a que obteve mais votos, com apenas 271 votos a favor faltaram 18 para derrubar o segundo Governo Lecornu.
Seguiu-se a votação da segunda moção apresentada pelo partido da extrema-direta, o Rassemblement National, que foi sem surpresa amplamente rejeitada pelo deputados franceses. A favor votaram apenas 144.
As cedências feitas pelo Governo esta semana, que aceitou introduzir uma emenda para suspender a reforma das pensões no Orçamento de Estado para 2026, impediram a maioria dos deputados do PS de censurar o Governo. Sem surpresa o bloco central, composto pelo Ensemble pour la République, Horizons, Modem, não concedeu nenhum voto às moções.
"Au travail, au travail, au travail!"
Com a rejeição das moções de censura, o primeiro-ministro Sébastien Lecornu mantém o seu lugar após ter sido reconduzido por Emmanuel Macron na sequência da sua própria demissão. À saída da Assembleia Nacional em passo apressado, Sébastien Lecornu afirmou três vezes: "ao trabalho, ao trabalho, ao trabalho!".
O chefe de Governo que aceitou a missão de voltar a governar a França "por dever" para "fornecer um orçamento antes do final do ano", considerou esta quinta-feira que "era necessário que os debates (do OE2026) pudessem começar, e eles vão começar".
A presidente da Assembleia Nacional francesa, Yaël Braun-Pivet, disse estar "satisfeita" e "feliz por ver que a maioria da Assembleia Nacional está nesta lógica de trabalho, de procura de compromisso", numa altura em que França está numa corrida contra o tempo para aprovar um orçamento para o próximo ano.
"Estaremos no hemiciclo para discutir o orçamento já na próxima semana", disse.
"Faltaram apenas 18 votos para derrubá-los"
Após a rejeição da moção de censura apresentada pela France Insoumise, por apenas 18 votos, a líder parlamentar do LFI lamentou o fracasso "por pouco". "Faltaram apenas 18 votos para derrubá-los", afirmou Mathilde Panot.
Mathilde Panot criticou a "responsabilidade histórica" que recai sobre os ombros "da direção do Partido Socialista". Não satisfeita com o desfecho da votação na Assembleia, a líder parlamentar do LFI apela "à resistência popular" contra o Orçamento do Estado para o próximo ano. "Rompam fileiras, não deixem que a direção do PS vos leve a uma aliança com a macronie", apelou aos militantes socialistas.
O líder do LFI, Jean-Luc Mélénchon, escreveu numa publicação no X que "a moção de censura falhou por pouco graças ao pacto Macron-Faure".
Entretanto, o partido já anunciou em
comunicado "apresentar novamente uma moção de destituição" contra o presidente da República, Emmanuel Macron.
Já o líder do Rassemblement National, Jordan Bardella, denunciou "uma maioria de negociação" e acusou os deputados que se recusaram a votá-la de serem os "responsáveis pelo sofrimento futuro do país".
"Uma maioria de negociação conseguiu hoje salvar os seus lugares, em detrimento do interesse nacional", reagiu Jordan Bardella, numa publicação no X.
O líder socialista, Oliver Faure, saudou a rejeição das moções de censura ao Governo de Lecornu e respondeu diretamente, na rede social X, a Jordan Bardella após as criticas endereçadas à posição do Partido Socialista.
"O debate pode começar. E, voto a voto, veremos quem apoia o imposto (sobre a riqueza) Zucman (a esquerda) para poupar os franceses e quem apoia os bilionários (a direita e a extrema direita). O RN não poderá mais se esconder atrás de uma censura que lhe permitia evitar tirar a máscara", afirmou.