Vladimir Putin quer fim "rápido" de ofensiva rebelde na Síria
Num telefonema esta terça-feira com o seu homólogo da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o presidente russo sublinhou ter o máximo interesse num fim "rápido" ao avanço de rebeldes e islamitas radicais nas províncias de Alepo, de Idlib e de Hama, na Síria.
Conter os islamitas é uma prioridade.
Esta terça-feira, pela primeira vez, o Irão assumiu a possibilidade de enviar tropas para deter o avanço dos rebeldes. Espera apenas um pedido sírio, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, a um jornal do Catar.
"Se o Governo sírio nos pedir para enviar forças para a Síria, nós iremos considerar o pedido", afirmou Araqchi, dando um passo além de anteriores promessas de "apoio total necessário" ao seu aliado contra os islamitas, que parecem imparáveis.
Avanço rebelde
Esta tarde, as forças anti-regime aproximaram-se da cidade de Hama, defendida pelo exército sírio com apoio aéreo russo.
A cidade, a quarta maior do país, ocupa uma posição estratégica ao centro, entre a maior cidade a norte, Alepo, e a capital, Damasco.
O seu domínio seria uma segunda vitória significativa para o grupo islamita radical Hayat Tahrir al-Cham [ex-Frente al Nusra ou Estado Islâmico na Síria], que lidera a ofensiva iniciada a 27 de novembro passado e a qual lhe permitiu assumir o controlo parcial de Alepo. Durante a manhã de terça-feira, um fotógrafo da Agência France Press viu dezenas de viaturas blindadas e veículos do exército regular abandonados ao longo da estrada para Hama, num sinal de cedência perante o avanço rebelde.
Damasco afirma que a guerra se reacendeu por influência externa, dos Estados Unidos e de Israel, num conflito por procuração contra o Irão e a Rússia. Os islamitas acusam o regime sírio de estar a preparar uma grande ofensiva para os erradicar.
Riscos para Moscovo e Teerão
À Rússia, que intervém militarmente na Síria desde 2015, interessa preservar o regime de Assad para manter a sua base naval de Tartus, perto de Latakia, crucial para os interesses do Kremlin na região, sobretudo para operações no Mediterrâneo em caso de confronto com a NATO.
A base naval poderá tornar-se contudo alvo dos rebeldes, o que já terá levado Moscovo a retirar dali, por precaução, os seus cinco navios e um submarino, ali estacionados. Pelo menos um dos navios, o Yelnya, foi visto a deixar Tartus na manhã de 2 de dezembro, de acordo com a revista Naval News.