Campeã Ângela Costa domina subtilezas dos matraquilhos

por Mário Aleixo - RTP
Ângela Costa, à esquerda na foto, faz equipa de pares com Beatriz Rodrigues António José-Lusa

Para a maioria, uma mesa de matraquilhos é entretenimento, para Ângela Costa, a melhor jogadora portuguesa da modalidade e eleita este mês pela federação Atleta do Ano, é o retângulo onde tenta aprimorar aspetos táticos e técnicos para evoluir.

A covilhanense de 26 anos fixa os olhos na bola amarela e testa os seus reflexos, treina uma nova finta, observa a movimentação do guarda-redes para perceber o tipo de remate mais letal, faz o esférico deslizar de forma a manter a posse no meio-campo, ensaia formas de aumentar a eficácia, sem descurar a longa lista de regras a cumprir.

A tricampeã nacional, duas vezes vencedora da Supertaça e da Taça de Portugal, chegou à modalidade apenas há quatro anos.

Começou como uma brincadeira. Percebeu que tinha jeito e começou a interessar-se pelas subtilezas de uma disciplina que "é muito mais do que um entretenimento de café", ainda que quem não esteja no meio tenda a não encarar a modalidade com seriedade, considera.

A Ângela Costa, atleta da NumerSpiral, da Boidobra, vila do distrito de Castelo Branco, agrada-lhe a necessária destreza física, mas também mental, para saber lidar com a pressão que existe nas partidas com adversários de um nível semelhante, nas quais qualquer falha pode ditar a derrota.

"O aspeto psicológico também se treina. Procuro não demonstrar raiva, frustração", sublinha, em declarações à agência Lusa. Além dos aspetos técnicos, há que ter em atenção muitos outros. Saber ler quem está do outro lado da mesa, determinar padrões e movimentos, para tentar surpreender e antecipar ataques.
Dirigente destaca a evolução da jogadora
Ricardo Vieira, vice-presidente da Federação Portuguesa de Matraquilhos e Futebol de Mesa, destaca a progressão demonstrada por Ângela Costa.

"É uma atleta que tem evoluído bastante, tem mantido um nível muito forte de jogo. Foi escolhida Atleta do Ano pela qualidade que tem. É uma atleta boa, tanto ofensivamente como defensivamente, e muito forte na competição individual", caracteriza.

Mas a jovem da Covilhã é também campeã nacional em pares, título conquistado ao lado de Beatriz Rodrigues no Campeonato Nacional realizado entre 8 e 10 de dezembro em Famalicão, tal como campeã individual e por equipas em seleções distritais. Falta-lhe vencer em pares mistos.

Este ano disputou o primeiro Campeonato do Mundo, em Hamburgo, Alemanha. Sentia-se preparada, mas quando lá chegou, sem nunca ter jogado numa mesa em plástico, em vez das de chumbo utilizadas em Portugal, parecia perdida, porque "é muito diferente". Ainda assim, conseguiu a melhor classificação de sempre de uma portuguesa (17º).

Quando voltar, em Múrcia 2019, como espera, tem o desejo de destronar a poderosa dinamarquesa. Mas é "realista" e para isso precisa ter uma preparação diferente e o acesso a equipamento de treino de que neste momento não dispõe, até pelas limitações financeiras da Associação Distrital.

Ricardo Vieira, da federação, diz que existem algumas mesas no país e que servem alguns torneios, mas nenhuma na zona de Ângela Costa. As mesas com os bonecos em plástico terão de ser os clubes ou as associações distritais a adquiri-las.

Para já, a técnica auxiliar de saúde continua a praticar, de forma a conseguir "um jogo mais bonito, sem muitas faltas", para em cada partida chegar primeiro aos cinco golos e ser a primeira a conseguir três vitórias seguidas em cada ronda, sempre concentrada e com os olhos postos nos bonecos, que, embora alinhados em filas, não deixam de seguir uma tática.

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