Cândido Barbosa investigado por alegada venda fictícia de empresa e conflito de interesses

Em causa está a contratação de uma empresa da qual Cândido Barbosa já foi proprietário para prestação de serviços à Federação Portuguesa de Ciclismo, entidade desportiva que preside. A informação foi avançada pelo jornal Expresso, após confirmação da Procuradoria-Geral da República da abertura de um inquérito ao antigo ciclista.

RTP /
Foto: Federação Portuguesa de Ciclismo

O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), Cândido Barbosa, está a ser investigado pelo Ministério Público por denúncias de venda fictícia de empresa, confirmou a Procuradoria-Geral da República ao Expresso.

Segundo a notícia avançada esta sexta-feira pelo jornal do grupo Impresa, o antigo ciclista terá contratado uma empresa da qual já foi proprietário, a StrongSpeed, para prestar serviços à FPC, entidade desportiva que o próprio preside.

A StrongSpeed trabalha com materiais e logísticas necessárias para a realização de eventos desportivos
Fundada em 2018 por Cândido Barbosa, a empresa foi gerida pelo ex-campeão nacional de fundo até 17 de novembro de 2024, o exato dia entre a vitória nas eleições para a presidência da Federação e a tomada de posse. A gerência terá transitado nesta altura para Soraia Pinto, que, segundo a FPC, “vive, mas não é casada” com o presidente, mantendo-se então a sede na Rua Cândido Barbosa, em Paredes.

No início do presente ano, Soraia Pinto apresentou a sua demissão e desde então, o comando passou para Rogério Freitas, antigo empregado de Cândido Barbosa, segundo fontes conhecedoras do dossiê. A sede da empresa localiza-se atualmente em Oliveira de Frades, no distrito de Viseu.

O processo de investigação tem por base um possível conflito de interesses uma vez que, ao longo da temporada 2025, a StrongSpeed prestou serviços em diversos eventos do organismo que regulamenta o ciclismo em Portugal.

A queixa apresentada na justiça foi igualmente enviada para o Comité Olímpico de Portugal (COP). Em declarações ao Expresso, a Comissão Executiva referiu não ter “quaisquer competências de fiscalização e auditoria sobre as federações desportivas”, mas assegurou ter reencaminhado a denúncia para o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).

As alegações de uma venda fictícia da empresa já tinham sido levantadas em março, altura em que o jornal semanário questionou a federação desportiva sobre o tema. Em resposta, a entidade garantiu que “o presidente da FPC não tem qualquer intervenção ou ascendente sobre a StrongSpeed”.

Cândido Barbosa, conhecido como o “Foguete de Rebordosa”, afirma estar de “consciência tranquila” perante o que classifica como uma “perseguição” motivada por “vingança e azedume”.

Há nove meses, o antigo vereador do Desporto da Câmara Municipal de Paredes já considerava que o objetivo das acusações era “arrasar o nome de Cândido Barbosa na praça pública”, realçando não ter “qualquer obrigação de dissolver a empresa”, nem ter afirmado, em momento algum, que o faria.
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