O Comité Olímpico do Brasil (COB) está a avaliar alguma "condição especial" de embarque da comitiva de atletas brasileiros, que têm programados estágios em Portugal, face às restrições impostas pela União Europeia.
De acordo com o mesmo responsável, "o COB trabalha para realizar a Missão Europa com a janela de execução de julho a dezembro”, desde que tenha “autorizações das autoridades sanitárias e do Governo de Portugal”.
“Dentro deste período, o COB entende que será possível o envio de atletas brasileiros para treinar no continente europeu", acrescentou.
Em causa está uma decisão dos Estados-membros da União Europeia (UE), que na terça-feira mantiveram o Brasil na lista de países impedidos de atravessar as fronteiras do bloco, ao lado de nações como Estados Unidos, Rússia e todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
Contudo, o Conselho da UE – a instituição que reúne os 27 Estados-membros – reconhece que esta recomendação de levantamento parcial e gradual das fronteiras externas não é um instrumento legalmente vinculativo, pois a gestão das fronteiras é da competência das autoridades nacionais, mas adverte que “um Estado-membro não deve decidir levantar restrições de viagens a países que não integrem a lista antes de tal ser decidido de forma coordenada” com os restantes.
Programa previsto
Segundo disse à Lusa a organização brasileira, são 15 as modalidades confirmadas até ao momento, com os atletas a ficarem divididos em quatro bases, sendo a maior delas no centro de treinos de Rio Maior (11 modalidades).
As outras cidades que receberão atletas brasileiros são Coimbra, que receberá os atletas de judo, Cascais (vela) e Sangalhos (ginástica artística e rítmica).
"É uma delegação grande e, no total, será um período longo em Portugal. Cada equipa ficará no mínimo quatro semanas em Portugal", detalhou o diretor Jorge Bichara.
Em relação aos atletas medalhados que treinarão em Portugal, Jorge Bichara afirmou que, para já, a maioria das confederações ainda não divulgou oficialmente a lista de convocados.
Contudo, o diretor indicou que Sarah Menezes, Mayra Aguiar, Ketleyn Quadros e Rafael Silva são os nomes de destaque na equipa de judo, enquanto a campeã mundial de maratonas aquáticas Ana Marcela Cunha e a dupla campeã olímpica de vela Martine Grael e Kahena Kunze também devem viajar para Portugal.
Até ao momento, o COB tem programado deslocar para a Missão Europa 29 desportistas de atletismo, 28 de judo, 22 de pugilismo e 22 de natação, 18 atletas de andebol feminino e 18 da vertente masculina, 15 atletas de râguebi feminino, 10 de luta livre e sete de ginástica rítmica.
A modalidade de saltos para a água conta com sete atletas, taekwondo com seis, ginástica artística masculina com seis, e a vertente feminina com quatro atletas, triatlo com outros seis, vela com quatro desportistas, natação artística com dois e Maratonas Aquáticas com um, sendo que o número poderá aumentar.
Protocolo de controlo
Juntamente com as autoridades portuguesas, o COB estabeleceu um protocolo rígido de controlo para identificar e também para prevenir a contaminação pelo novo coronavírus. Assim, todos os integrantes da delegação serão testados em até 72 horas antes do embarque, só podendo viajar caso apresentem resultado negativo à covid-19.
Ao chegarem a Portugal, os membros da equipa têm previsto seguir diretamente para os centros de treino, onde serão novamente testados e ficarão em isolamento por 48 horas, até sair o resultado dos exames. Posteriormente, caso testem negativo, estarão aptos para atividades desportivas.
"O COB está a fazer um grande investimento no envio destes atletas para Portugal. Os custos de passagens aéreas, estadia no centro de treino e alimentação, entre muitos outros, estão sendo inteiramente cobertos pelo COB e girarão em torno de 15 milhões de reais (2,44 milhões de euros)”, referiu.