Entidades do rafting discutem em Arouca futuro de modalidade que querem olímpica em 2024

por Lusa

Diversas entidades públicas e privadas ligadas à prática de rafting discutem de sexta-feira a domingo em Arouca o futuro da modalidade que, ainda associada sobretudo ao turismo de aventura, querem ver reconhecida como desporto olímpico em 2024.

É esse um dos temas a abordar na "Arouca Rafting Summit", que, organizada por essa autarquia do distrito de Aveiro em parceria com o Clube do Paiva, a empresa Just Come, o Clube de Canoagem de Águas Bravas de Portugal e a Federação Portuguesa de Canoagem, deverá levar mais de 80 participantes ao território - para uma conferência acreditada como formação de treinadores, uma etapa da Taça de Portugal a disputar por 17 equipas e uma descida de rafting inclusiva.

Rafael Soares, da direção do Clube do Paiva, afirma que a cimeira marca o arranque da época de rafting no rio Paiva e pretende promover uma maior competitividade na prática desse desporto, porque "o que se espera é que, dentro de quatro anos, ele já seja modalidade olímpica".

A segurança dos praticantes de rafting anuncia-se, por isso, como uma questão cada vez mais importante, pelo que esse responsável realça à Lusa o significado da formação incluída no programa da iniciativa.

"O envolvimento de oito corporações de bombeiros e duas equipas de da GNR no workshop de resgate em águas bravas é algo verdadeiramente inédito no mundo do rafting, o que só trará melhorias para os planos de segurança da modalidade", disse.

Pedro Teixeira, da Just Come, admite que a comunidade de profissionais de rafting e praticantes de águas bravas ainda "é pequena em Portugal", mas defende que isso tem representado uma vantagem para o setor.

"Sabemos qual a experiência e os conhecimentos de cada um, o que ajuda, por exemplo, na avaliação das empresas a convidar para parcerias e na gestão dos recursos humanos disponíveis", explica.

Quando ao potencial de crescimento do rafting em Portugal, esse beneficia da complementaridade que a morfologia do território representa para o calendário internacional da modalidade.

"Em Portugal, os rios são de regime pluvial, pelo que a modalidade é praticada na época de maior chuva - no final do outono, no inverno e na primavera -, enquanto nos demais destinos europeus de rafting o caudal depende do degelo, que ocorre no final da primavera e no verão", afirmou.

Pedro Teixeira afirma que isso garante a Portugal "uma época desfasada" da de outros países e lhe confere a reputação de "destino de águas bravas de inverno", com a particularidade de a oferta nacional apresentar mais rios de características "pool and drop" do que "contínuos" - ou seja, mais cursos de água em que a cada rápido se sucede uma "piscina" que ajuda a "recuperar da emoção e a preparar a próxima descida" em maior segurança.

Os registos dos operadores indicam que a procura turística pelo rafting vem aumentando de ano para ano, mas Pedro Teixeira acredita que uma maior promoção da modalidade também beneficiaria outros setores de atividade: "Acredito que o Rafting possa funcionar como um importante atrativo turístico para esta região em época baixa, combatendo a dura sazonalidade".

Miguel Ferreira, que em nome da autarquia assume a coordenação da Arouca Rafting Summit, realça, contudo, que esse aumento de turistas tem sido acompanhado pelo decréscimo de operadores especializados em rafting, o que refletirá a tendência para uma seleção natural das mais aptas.

"Isso é fruto do investimento e da especialização das empresas sedeadas em Arouca e da sua aposta num serviço de qualidade. A classificação do município como Geoparque da UNESCO, os Passadiços do Paiva e os (prémios) 'Tourism Awards' deram visibilidade e credibilidade a todo o território e à modalidade em particular, tendo-se verificado, acima de tudo, mais procura por parte de praticantes estrangeiros", conclui.

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