Philippe Gilbert foi épico para vencer a Volta à Flandres

por Lusa
Audácia e valentia nesta vitória EPA

Philippe Gilbert (Quick-Step Floors) protagonizou este domingo uma das mais memoráveis exibições da história recente do ciclismo para vencer, finalmente, a Volta à Flandres, numa jornada em que Nelson Oliveira (Movistar) esteve com os melhores para ser 18.º.

'Classicómano' de excelência, Gilbert deu uma demonstração de audácia e valentia, lançando-se num ataque a solo a 55 quilómetros da meta para interromper o jejum belga nos 'Monumentos', inscrever uma nova alínea no seu impressionante currículo e tornar-se no segundo corredor valão a vencer a Volta a Flandres, 30 anos depois de Claude Criquielion.

Aos 34 anos, o ciclista da Quick-Step Floors aguentou a perseguição de outros especialistas, como do seu compatriota e campeão olímpico Greg van Avermaet (BMC), do companheiro holandês Niki Terpstra, segundo e terceiros na meta, e do bicampeão mundial Peter Sagan (Bora-Hansgrohe), que perdeu as suas hipóteses numa queda a 17 quilómetros da chegada, para conquistar o seu quarto 'Monumento', após as suas duas vitórias na Volta à Lombardia (2009 e 2010) e na Liège-Bastogne-Liège (2011), e o primeiro para a Bélgica em 1827.

Visivelmente feliz e com as riscas de campeão belga no corpo, Gilbert abrandou ao chegar à meta, saindo da bicicleta e erguendo-a no ar, para comemorar um triunfo completado em 6:23.45 horas.

"No Kwaremont, decidi acelerar. Fiz o esforço e quando olhei para trás, estava sozinho. Por isso, limitei-me a seguir", resumiu, assumindo que, agora, sonha com ganhar todos os cinco 'Monumentos': "Já estive perto na Milão-San Remo e tenho de testar-me no Paris-Roubaix, mas a minha carreira ainda está longe de terminar e quero concretizar este sonho".

Para alcançar a vitória, o campeão mundial de 2012 teve o precioso contributo da sua Quick-Step Floors, que dinamitou a corrida no Muur, de regresso ao percurso depois de cinco anos de ausência, a 95 quilómetros de Oudenaarde, ponto final dos 261 quilómetros da jornada que arrancou de Antuérpia.

Um grupo de 14 corredores, entre os quais estavam Gilbert e Tom Boonen, outro dos maiores especialistas do pelotão -- teve um problema mecânico e perdeu o comboio da frente, sendo apenas 37.º na sua última Volta à Flandres -, distanciou-se do pelotão, conseguindo um minuto de avanço.

Na segunda das três subidas a Oude-Kwaremont, o vencedor confirmou que é um dos ciclistas mais em forma esta primavera -- acabou de vencer os Três Dias de La Panne e foi segundo na H3 Harelbeke e na 'semi-clássica' Através da Flandres - atacou para não mais ser alcançado.

Enquanto Gilbert, de regresso à clássica belga após cinco anos de ausência, corria sozinho, contra o vento, Sagan e Van Avermaet assinaram o contra-ataque na subida do Oude-Kwaremont, a 18 quilómetros da chegada, em companhia de Oliver Naesen (AG2R), mas as suas aspirações acabaram no 'pavé', quando o eslovaco da Bora-Hansgrohe, vencedor no ano passado, tentava esquivar-se o empedrado e provocou uma queda no grupo.

O azar dos perseguidores 'ajudou' o ciclista valão, que cortou a meta com 23 segundos de vantagem sobre o campeão olímpico e o seu companheiro Terpstra, com o também holandês Dylan van Baarle (Cannondale-Drapac) a fechar o grupo.

A emocionante jornada na Flandres, uma das mais espetaculares dos últimos meses, provou também o potencial de Nelson Oliveira nas 'clássicas', com o português da Movistar a chegar no segundo grupo, a 53 segundos de Gilbert, na 18.ª posição.

O outro português em prova, o seu colega Nuno Bico, desistiu naquela que foi a sua estreia na Volta à Flandres.


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