Tour2021. Menos montanha e mais contrarrelógio com dose dupla de Ventoux

por Mário Aleixo - RTP
O pelotão mundial volta às estradas gaulesas a partir de sábado Guillaume Horcajuelo-Epa

Uma Volta a França em bicicleta menos montanhosa, apesar do regresso do temível Mont Ventoux, e com excessiva predominância dos contrarrelógios arranca no sábado em Brest para 3.414,4 quilómetros até Paris, que incluem apenas três chegadas em alto.

O desequilíbrio entre os quilómetros de "crono" – 58, mais 22 do que no ano passado, e essencialmente planos – e as etapas de montanha tem valido críticas à organização do Tour, que as refuta veementemente, escudando-se em "velhos clássicos", como o regressado Mont Ventoux, o incontornável Tourmalet e os duríssimos Col du Portet, o ponto mais alto dos Pirenéus franceses, e Luz-Ardinen.

Se alguns acham que não há montanha, estão enganados. Há menos chegadas em alto, mas não há menos montanha. O que temos feito nos últimos anos é assegurar que não haja a ‘ladainha’ das chegadas ao ‘sprint’ nas etapas planas. Assim, vamos encontrar nas duas primeiras etapas chegadas para ‘puncheurs’, que serão disputadas por aqueles que almejam vestir a primeira amarela, mas também pelos favoritos para a classificação geral”, argumentou o diretor da Volta a França, Christian Prudhomme.

Originalmente previsto para a cidade dinamarquesa de Copenhaga, o "Grand Départ" do Tour acontecerá no sábado, em Brest, que será o ponto de partida para quatro dias na Bretanha, que antecedem as grandes dificuldades que mediarão até à chegada a Paris, na tarde de 18 de julho.

A covid-19 obrigou a redesenhar os primeiros dias da 108.ª edição, mas o percurso da próxima "Grande Boucle" foi minuciosamente pensado: conta com o (ansiado) regresso do Mont Ventoux, escalado pela última vez em 2016, e logo com uma dupla subida na 11.ª etapa (mas sem meta no alto, um desgosto para os amantes daquela montanha de paisagem lunar e ar rarefeito), além de uma breve passagem nos Alpes, antes de cinco dias pirenaicos.

Além das chegadas em alto em Tignes (9.ª), nos Alpes, e no Col du Portet (17.ª) e em Luz-Ardiden (18.º), nos Pirenéus, nos 3.414,4 quilómetros das 21 etapas entre Brest e Paris, os corredores enfrentarão, de passagem, os notáveis Col de la Colombière (8.ª), Col de Peyresourde (17.ª) e Tourmalet (18.ª), incluídos entre as 60 contagens de montanha, cinco delas de categoria especial e 13 de primeira, espalhadas pelo percurso.

Embora seja consideravelmente menos duro do que o da edição anterior, a mais montanhosa de sempre nas palavras da organização, o traçado desta edição, que inclui, segundo o livro da corrida, “seis etapas de montanha e cinco de terreno acidentado”, apresenta outros desafios como a tirada mais longa da prova em mais de 20 anos (249,1 quilómetros na sétima etapa), o sempre duro e espetacular Muro da Bretanha (2.ª), ou os dois contrarrelógios individuais, que, no total, perfazem 58 quilómetros (a maior distância de ‘crono’ desde 2013), e estão estrategicamente colocados na quinta e penúltima etapa (serão os 30,8 quilómetros de exercício entre Libourne e Saint-Emilion a fechar as contas da geral).

A festa, como sempre, será feita nos Campos Elísios, onde, em 18 de julho, o sucessor do jovem esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates) será coroado, no final de uma das oito etapas planas desta edição.
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