Uma Volta a França em bicicleta menos montanhosa, apesar do regresso do temível Mont Ventoux, e com excessiva predominância dos contrarrelógios arranca no sábado em Brest para 3.414,4 quilómetros até Paris, que incluem apenas três chegadas em alto.
“Se alguns acham que não há montanha, estão enganados. Há menos chegadas em alto, mas não há menos montanha. O que temos feito nos últimos anos é assegurar que não haja a ‘ladainha’ das chegadas ao ‘sprint’ nas etapas planas. Assim, vamos encontrar nas duas primeiras etapas chegadas para ‘puncheurs’, que serão disputadas por aqueles que almejam vestir a primeira amarela, mas também pelos favoritos para a classificação geral”, argumentou o diretor da Volta a França, Christian Prudhomme.
Originalmente previsto para a cidade dinamarquesa de Copenhaga, o "Grand Départ" do Tour acontecerá no sábado, em Brest, que será o ponto de partida para quatro dias na Bretanha, que antecedem as grandes dificuldades que mediarão até à chegada a Paris, na tarde de 18 de julho.
A covid-19 obrigou a redesenhar os primeiros dias da 108.ª edição, mas o percurso da próxima "Grande Boucle" foi minuciosamente pensado: conta com o (ansiado) regresso do Mont Ventoux, escalado pela última vez em 2016, e logo com uma dupla subida na 11.ª etapa (mas sem meta no alto, um desgosto para os amantes daquela montanha de paisagem lunar e ar rarefeito), além de uma breve passagem nos Alpes, antes de cinco dias pirenaicos.
Além das chegadas em alto em Tignes (9.ª), nos Alpes, e no Col du Portet (17.ª) e em Luz-Ardiden (18.º), nos Pirenéus, nos 3.414,4 quilómetros das 21 etapas entre Brest e Paris, os corredores enfrentarão, de passagem, os notáveis Col de la Colombière (8.ª), Col de Peyresourde (17.ª) e Tourmalet (18.ª), incluídos entre as 60 contagens de montanha, cinco delas de categoria especial e 13 de primeira, espalhadas pelo percurso.
Embora seja consideravelmente menos duro do que o da edição anterior, a mais montanhosa de sempre nas palavras da organização, o traçado desta edição, que inclui, segundo o livro da corrida, “seis etapas de montanha e cinco de terreno acidentado”, apresenta outros desafios como a tirada mais longa da prova em mais de 20 anos (249,1 quilómetros na sétima etapa), o sempre duro e espetacular Muro da Bretanha (2.ª), ou os dois contrarrelógios individuais, que, no total, perfazem 58 quilómetros (a maior distância de ‘crono’ desde 2013), e estão estrategicamente colocados na quinta e penúltima etapa (serão os 30,8 quilómetros de exercício entre Libourne e Saint-Emilion a fechar as contas da geral).
A festa, como sempre, será feita nos Campos Elísios, onde, em 18 de julho, o sucessor do jovem esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates) será coroado, no final de uma das oito etapas planas desta edição.