Balanço plano de saúde. Sindicatos dizem que "não correu tudo bem" e pedem mais medidas
Em reação ao balanço do Governo sobre o do Plano de Emergência e Transformação da Saúde, a Federação Nacional dos Médicos responsabiliza o Ministério da Saúde por não ter garantido mais médicos para o SNS e considera que o SNS está pior, com este ministério na origem do caos. Já o Sindicato Independente dos Médicos diz que são necessárias medidas a médio e longo prazo e que há medidas que não estão implementadas no terreno.
A FNAM considera que o SNS "está bastante pior" e que o Ministério liderado por Ana Paula Martins "acabou por lançar o caos".
Sobre a linha SNSGrávida, Joana Bordalo e Sá acredita que esta medida levou a que "houvesse mais partos ou em casa ou a caminho do hospital".
"O número de nascimentos em ambulâncias é absolutamente assustador", frisou a representante da FNAM, acusando o Ministério da Saúde de "nada ter feito para ter mais médicos".
Quanto ao programa para reduzir as listas de espera das cirurgias de doentes oncológicos, Joana Bordalo e Sá considerou tratar-se de "propaganda pura", porque a lista de espera aumentou.
"Não servem estas medidas pontuais".
"Não podemos dourar a pílula. A maioria das medidas não está no terreno", afirmou Nuno Rodrigues.
"O nosso problema aqui mantêm-se, que é a incapacidade que temos de fixar médicos de família no Serviço Nacional de Saúde e de os manter", disse à RTP Nuno Jacinto. "Continuamos a ver poucas ou nenhumas medidas que colmatem essa incapacidade".
"Este é o grande problema. Nós precisamos de profissionais. (...) Sem médicos de família nós não conseguimos resolver nenhuma destas questões", acrescentou o presidente.
“Vamos precisar de mais médicos de família”.
Os médicos de família, segundo Nuno Jacinto, pedem "uma reorganização do seu trabalho e flexibilidade e maior autonomia" para organizar a resposta aos utentes. E para responder à carência de profissionais em determinadas zonas do país, têm de ser criadas "condições atrativas para os médicos de família".
Quanto às anunciadas USF Modelo C, a associação não "é contra", mas considera que é necessário saber "como é que vão ser implementadas", como é que se enquadram na organização do SNS.
Há ainda outra questão, realçou Nuno Jacinto: "que condições é que vamos oferecer a estas USF Modelo C para serem competitivas e, mais uma vez, atrativas para os profissionais?"
Já quanto aos centros de atendimento clínico, considera necessário "reforçar a capacidade de resposta dos cuidados de saúde primários".
Sobre o balanço do Governo, Nuno Jacinto afirmou que a "diferença nestes cinco meses não será propriamente significativa" e considerou que "os doentes têm cuidados de saúde primários de grande qualidade quando estes têm os recursos adequados à sua atividade".
"É preciso aplaudir esta ação. Se bem que não foi perfeita", afirmou ainda. "Entendemos que é possível melhorar o tipo de avaliação, de balanço que foi feito (...) e medir os resultados".
No entanto, Francisco George considerou que "não há melhorias até agora" no SNS e que o plano foi desenhado sem profissionais especializados, como por exemplo obstetras para as medidas relacionadas com a saúde materna.
"Mas ainda faltam muitos buracos para tapar no Serviço Nacional de Saúde", admitiu à RTP Gustavo Tato Borges. "Há uma obrigatoriedade de repensar as carreiras médicas, de valorizar os profissionais de saúde como um todo".
"Se não valorizarmos os profissionais de saúde no SNS, qualquer medida que vamos estar a criar vai ser sempre uma medida de emergência para resolver um problema mas que não resolve as causas".
No geral, o presidente da associação, "nada mudou em concreto" com este plano.
"Não estamos pior, mas também não estamos melhor".