Bruno Travassos domina bastidores da seleção de futsal

por Lusa
Bruno Travassos domina os segredos da fisiologia D.R.

Já com uma carreira de treinador principal, Bruno Travassos decidiu, há três anos, assumir o cargo de fisiologista da seleção portuguesa de futsal, e o saldo não podia ser melhor, dado que já festejou um Mundial e um Europeu.

O convite surgiu não só por ser treinador, mas pelo trabalho de investigação que realizo no futsal, sendo que a Federação Portuguesa de Futebol acreditava que a inclusão destas competências poderiam ser uma mais-valia no que respeita à preparação do treino e monitorização da performance dos jogadores em competição”, conta o investigador do CIDESD - Research Center in Sports Sciences, Health Sciences and Human Development, que foi o último treinador a integrar a equipa técnica de Jorge Braz.

Emídio Rodrigues, José Luís Mendes e Pedro Palas, com larga experiência no futsal nacional, são outros dos elementos que compõem a estrutura técnica e que também suspenderam a carreira de treinador principal.

Sobre a oportunidade, o antigo técnico do Fundão, entre 2015 e 2019, revela à Lusa que a motivação de explorar outra perspetiva pesou na decisão.

Digo muitas vezes aos meus alunos que no desporto existem uma ou duas pessoas que são a face visível de uma equipa técnica, mas existem muitas outras que contribuem no 'backstage'”, salienta o também professor da Universidade da Beira Interior.

O fisiologista, refere, é visto como a pessoa que faz a recolha e análise dos dados GPS, do bem-estar dos jogadores e do nível de fadiga, mas a importância da análise vai mais além.

Permite uma maior intervenção na preparação e organização do treino, nomeadamente no processo de programação do treino coletivo, de recuperação e preparação individual”, diz.

Durante os trabalhos da seleção portuguesa, o fisiologista tem acesso aos dados de bem-estar dos jogadores pela monitorização do sono, níveis de stress, fadiga e dores musculares.

Toda esta monitorização permite que preparemos melhor os jogadores individualmente, e consequentemente, a equipa”, garante, dando o exemplo de Ricardinho no Mundial: “Sabíamos que estava preparado em termos físicos para jogar, uma vez que estava próximo dos seus valores anteriores e era dos jogadores mais intensos em treino e competição”.

Relativamente ao processo de monitorização, o professor, natural de Coimbra, acredita que rapidamente será uma realidade.

O que falta são pessoas com capacidade para dar resposta efetiva a novas exigências, juntando as mais-valias da monitorização, da preparação física, recuperação e prevenção de lesões”, assume.

Conquistas do Mundial e Europeu

Em entrevista à agência Lusa, Bruno Travassos recorda, também, as conquistas do Mundial, em outubro, e, sobretudo, do Europeu, já em fevereiro deste ano.

Sempre acreditei que Portugal era uma das melhores seleções e que seríamos candidatos a vencer”, confessa, assegurando que a confiança e maturidade que o grupo mostrou em cada treino permitiram que a revalidação do título fosse uma forte possibilidade.

Numa análise generalizada, o técnico refere que os títulos são muito importantes para consolidar o “projeto”, mas destaca a importância dos clubes para evoluir.

O jogador português é dos melhores do mundo, temos das melhores formações de treinadores do mundo, mas é preciso continuar a reinventar a competição, a melhorar a formação e a competitividade nacional”, refere, acrescentando que os clubes estão mais organizados, mas não basta ter equipas seniores profissionalizadas “se a formação não acompanhar o processo”.

Sobre um possível regresso ao papel de treinador principal, Bruno Travassos, de 40 anos, deixa o futuro em aberto, admitindo que o cargo de fisiologista na seleção portuguesa lhe assenta bem.

“Também me sinto treinador e acredito que o meu contributo é bastante valorizado pela equipa técnica de Jorge Braz”, afiança, finalizando que continua a evoluir ao lado de treinadores de quem já foi, inclusive, adversário na primeira divisão nacional.

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