Cristiano Ronaldo e Nani mostram o caminho para Paris

por Inês Geraldo - RTP
Ronaldo abriu a contagem em Lyon com um cabeceamento fulminante Reuters

No primeiro triunfo português nos 90 minutos, Portugal qualificou-se para a final do Euro2016, após bater o País de Gales por 2-0. Quatro minutos muito importantes. Entre os 49 e os 53 minutos, a equipa das quinas teve em Cristiano Ronaldo e Nani os seus grandes dínamos e bateram Hennessey por duas vezes. Fernando Santos cumpre aquilo que prometeu: só regressa no próximo dia 11.

Os primeiros minutos da partida trouxeram o estudo entre duas equipas que não queriam cometer erros para chegar à final de Paris. O primeiro lance que merece destaque é uma suposta grande penalidade cometida por James Collins sobre Cristiano Ronaldo. Pelo terceiro jogo consecutivo o árbitro nada marcou.

O primeiro remate do jogo surge ao quarto de hora, com uma excelente combinação entre Cristiano Ronaldo e João Mário. O jogador do Sporting entrou na área galesa mas rematou fraco, ao lado baliza de Wayne Hennessey.


Foto: Reuters

Três minutos volvidos, e a estrela galesa, Gareth Bale, fez uso do seu remate forte. Após canto de Ledley marcado de forma rasteira para a entrada da área portuguesa, o pontapé foi de primeira e passou muito por cima da baliza de Rui Patrício.

O jogador do Real Madrid voltou a tentar o remate de longe, numa jogada em que parece que Raphael Guerreiro sofre falta. O galês galgou metros, como é seu apanágio, e chutou forte para defesa fácil de Rui Patrício.


Foto: Reuters

O jogo continuou muito fechado, com o meio-campo português a tentar chegar à baliza adversária. Foi de longe que Portugal tentou. Adrien rematou forte mas ao lado dos postes de Wayne Hennessey. A primeira metade acaba com uma boa jogada de Adrien Silva no corredor direito que acabou em cruzamento. Ronaldo cabeceou por cima.

A segunda parte não podia ter começado da melhor maneira para as hostes portuguesas.

Quatro minutos de luxo. Aos 49, um pontapé de canto batido de forma curta, teve cruzamento imediato de Raphael Guerreiro que foi correspondido com um voo glorioso de Cristiano Ronaldo. O capitão português saltou mais alto que toda a defesa galesa e fulminou Hennessey para o primeiro golo da noite.

Um golo com história (mais um), já que CR7 empatou com Platini em golos em fases finais de Europeus. São nove os tentos marcados, distribuídos por quatro Europeus. Dois em 2004, um em 2008, três em 2012 e mais três em 2016.


Foto: Reuters

Mas o melhor estaria para vir. Numa jogada de ataque, a defesa galesa cortou o esférico mas o mesmo acabaria por sobrar para Cristiano Ronaldo. Contemporizando o tempo de remate, o capitão rematou frouxo mas Nani estirou-se, tocou na bola, enganou o guardião galês marcando o segundo golo português.

Pela primeira vez neste Europeu, Portugal viu-se com uma vantagem de dois golos e a festa em Lyon era inteiramente portuguesa.

A partir desta altura, as melhores oportunidades de golo foram sempre portuguesas. Aos 63 minutos, Ronaldo tentou o 'bis' de livre direto. O pontapé foi forte e saiu perto da trave da baliza do País de Gales. Hennessey ainda esboçou uma reação mas a bola passou por cima.

Dois minutos depois, João Mário falha o terceiro quase de forma escandalosa. Nani, de meia distância, rematou muito forte para defesa incompleta do guardião galês. A bola sobrou para o médio português que tentou o remate imediato, falhando a baliza por muito pouco.

Renato Sanches voltou a ser uma das figuras portuguesas ao recuperar muitas bolas e a transportar esférico para o meio-campo galês. Aos 73 minutos, o menino da Musgueira galgou metros e com a companhia de Ronaldo no ataque, preferiu o remate, que acabou por sair por cima.


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O primeiro sinal de perigo e de reação galesa veio por intermédio de Gareth Bale que voltou a ter Rui Patrício no caminho da bola que rematou.

Dois minutos mais tarde, Danilo Pereira teve nos pés o terceiro golo de Portugal. Com uma grande antecipação na saída de bola galesa, o jogador do FC Porto correu até à área do País de Gales e em boa posição de remate, pontapeia à figura de Hennessey. A bola ainda resvala para a linha de baliza mas o guarda-redes galês não deixou o esférico entrar.

Já com Vokes e Jonathan Williams em campo, voltou a ser Gareth Bale a tentar reanimar o País de Gales. Um grande remate (com desvios pelo meio), quase traiu Rui Patrício mas o guardião português fez a defesa da noite e negou a hipótese de ressurgimento do País de Gales.

O último lance de perigo do jogo vem dos pés de Cristiano Ronaldo. Bem servido por André Gomes, Ronaldo recebeu a bola à entrada da área, contornou Hennessey e já sem ângulo rematou às malhas laterais.


Foto: Reuters

O fim da partida veio por intermédio do apito de Jonas Eriksson e os portugueses voltam a festejar o regresso a uma final de um Europeu, 12 anos depois do Euro2004. Os jogadores e os adeptos fizeram a festa em Lyon e o próximo destino é Paris. E já no domingo.
A figura do jogo
O nosso capitão já merecia um jogo assim. Praticamente trucidado por toda a imprensa europeia por não corresponder às expectativas, o capitão português tornou-se, de facto, num capitão, mesmo quando o jogo não lhe saiu bem como foram com as partidas com a Croácia e Polónia.


Foto: Reuters

O primeiro golo é simplesmente fantástico. Um cruzamento perfeito de Raphael Guerreiro fez o capitão 'voar' na área galesa e quando todos desciam, Ronaldo continuou no ar, onde cabeceou de forma certeira para o primeiro golo da noite. Hennessey não teve simplesmente reação.

O jogador português participou também no segundo golo, ao fazer o remate que Nani desviou para o fundo das redes galesas. Do princípio ao fim, Cristiano Ronaldo foi o grande jogador que todos nós gostamos que ele seja e foi capitão.

Colocou calma no jogo português e pediu aos colegas que o acompanhassem na senda que levaria à primeira vitória portuguesa nos 90 minutos. Hoje Ronaldo vai voltar a ser bestial para muita imprensa por essa Europa fora. Pelo menos aqui, Ronaldo tem sido aquilo que se pede a alguém que enverga uma braçadeira: um verdadeiro capitão.

Liderança, experiência e golos. Ronaldo é o merecido homem do jogo e merece a final de Paris como ninguém.
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