"Honrem os que cá ficam"

O seleccionador Carlos Queiroz justificou esta segunda-feira a chamada de 24 futebolistas para o Mundial2010 de futebol com a necessidade de precaver "imponderáveis" a poucos dias do início da prova na África do Sul.

RTP /
Queiroz no meio Reuters



"O Campeonato do Mundo vai iniciar-se numa altura em que praticamente
todos os jogadores estão de férias. Existem algumas situações durante o
estágio, imponderáveis que podem acontecer e queremos ter a certeza de que
na hora de tomar a decisão todos estão preparados para ter as mesmas oportunidades
de jogar", justificou.

Nos últimos tempos, o staff da federação teve trabalho suplementar a
acompanhar de perto vários atletas que "vivem jornadas complicadas, decisivas":
"Foi necessário a nossa equipa médica, e eu próprio, acompanharmos todos
os detalhes e evolução ao pormenor de algumas recuperações".

O técnico falou antes de revelar os convocados -- só sexta feira vai
abordar as suas opções, no arranque dos trabalhos na Covilhã.

"Decidi-me em função de diferentes opções que já há algum tempo estão
a ser delineadas", garantiu.

Questionado sobre o contributo de Cristiano Ronaldo, Queiroz manifestou
o desejo de, na África do Sul, poder contar com o melhor jogador do mundo
em 2008 na plenitude das suas capacidades.

"Todos sabemos a lesão que o apoquentou na fase de qualificação, pelo
que não pôde dar o melhor de si. O mais importante é sermos capazes de o
integrar e trazer o Cristiano Ronaldo para a grande equipa que se qualificou
para o mundial", vincou.

Já na África do Sul, o seleccionador tem a noção de que o primeiro desafio,
a 15 de junho contra a Costa do Marfim, pode revelar-se decisivo para as
aspirações lusas.

"O primeiro jogo é sempre importante. Aplica-se a todas as seleções
do mundo, menos à Itália. É muito importante numa competição curta, embora
não seja decisivo. No México1986, Portugal ganhou o primeiro jogo e não
conseguiu qualificar-se", disse.

Sven-Goran Erikson, ex-seleccionador da Inglaterra que agora orienta
a Costa do Marfim, também já revelou que o desafio inaugural contra Portugal
irá determinar as aspirações do conjunto africano.

"Estamos de acordo. A nossa primeira grande final é jogar com uma equipa
candidata a estar num dos lugares de honra do mundial", reforçou.

Queiroz enviou ainda uma palavra de "estimulo, apreço e gratidão" a
todos os que contribuíram para a selecção e que agora não foram chamados
para o mundial.

"Sei que a decisão cria o desapontamento de alguns jogadores pelo seu
mérito desportivo e dedicação profissional, incluindo na selecção, mas no
futuro terão certamente outras oportunidades para ganhar jogos por Portugal,
qualificar o país para outras competições", vincou.

Precisamente por haver atletas de fora de tão ambicionada competição,
Queiroz incutiu aos 24 convocados a responsabilidade de "serem os primeiros
a dignificar, honrar e prestigiar os que não estão na equipa nacional".

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