Bruno de Carvalho denuncia pressões na venda de Marcos Rojo

O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, revela pressões na venda de Marcos Rojo para o Manchester United. De acordo com o site BBC Sport, o dirigente leonino avisa que pessoas do fundo Doyen Sports se fizeram passar por representantes dos ingleses e pressionaram o clube de Alvalade a vender o defesa argentino.

Inês Geraldo, RTP /
Rojo jogou no Mundial do Brasil pela Argentina Paulo Whitaker - REUTERS

“A pressão foi de tal maneira grande, que alguns representantes começaram a vir a reuniões. Os nossos diretores assumiram que estas pessoas faziam parte dos clubes interessados em Rojo. Falavam connosco em inglês apesar de serem portugueses. Acreditámos que eram pessoas de clubes e eram profissionais ligados a fundos”, disse Bruno de Carvalho à BBC Sport.

“Não queríamos vender Rojo, pois era um jogador importante para nós”, disse o presidente leonino.O Manchester United já abordou o assunto e afirmou que apenas o Sporting e a Doyen Sports se podem pronunciar sobre o caso, não tendo nada a ver com os problemas entre as duas partes.

Mas esta situação já não é nova: na época passada três impostores fizeram passar-se por representantes do Manchester United em Bilbao para levar Ander Herrera para o clube inglês. A transferência não aconteceu mas lembre-se que no início da temporada, o espanhol juntou-se aos Red Devils.

Estas declarações do presidente sportinguista vêm no seguimento da ação da FIFA que vai proibir a participação de fundos desportivos na compra de passes de jogadores. Em consequência, Jorge Mendes está a ser investigado devido aos negócios que realizou e que estão envoltos em avultados milhões de euros.

Como é sabido, devido à transferência de Marcos Rojo, Bruno de Carvalho entrou em litígio com a Doyen Sports, o fundo que detia parte do passe do internacional argentino, e não é apologista da participação financeira destes grupos nos passes dos atletas.

O presidente do Sporting revelou também que não sabe de onde vem o dinheiro e quem são os profissionais associados a fundos.

“Não sabemos de onde vem o dinheiro nem sequer sabemos quem são estas pessoas. Criámos um monstro que está a aparecer no futebol. Sem regulamentos, estes fundos não ajudam os clubes. Dão-lhes algum oxigénio por dois ou três anos mas depois os clubes morrem”, afirmou o presidente sportinguista.

Bruno de Carvalho deu os exemplos de Radamel Falcao e Eliaquim Mangala. “Onde estão eles hoje? Em grandes clubes. Então quem é que os fundos estão a ajudar? Vê-se claramente que não estão ajudar clubes pequenos já que os mesmos continuam a ser pequenos. Já os clubes de maior estatuto estão a tornar-se ainda maiores.Para além da crítica à atuação do fundo que mediou a venda Rojo para o Manchester United, Bruno de Carvalho congratulou-se que a FIFA esteja a tomar medidas sobre este tema mas queixa-se das contrapartidas financeiras que estes grupos impõem aos clubes.

“As pessoas ficam muito felizes que se venda um jogador por mais de 50 milhões de euros, mas apenas uma quantia pequena dessa venda chega ao clube. E esse valor é muito menor do que aquilo que pagámos em salários numa só época. Estamos sempre a perder. Trata-se de matemática”, concluiu Bruno de Carvalho.
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