Sporting-FC Porto. Primeiro clássico da época com equipas em grande momento

O Sporting e o FC Porto defrontam-se no sábado no primeiro clássico da edição 2025/26 da I Liga portuguesa de futebol, entre duas equipas que mostraram estar em excelente momento nas três primeiras jornadas.

Lusa /
Fotos: RTP e FCP

À entrada da quarta jornada, ‘leões’ e ‘dragões’ lideram o campeonato, com os mesmos pontos do surpreendente Famalicão, outras das equipas 100% vitoriosa, tal como o Benfica, que tem menos um jogo.

O Sporting, com Rui Borges a montar a equipa a seu gosto, parece refeito da saída do sueco Viktor Gyökeres, enfrentando um rejuvenescido FC Porto, que, agora treinado pelo italiano Francesco Farioli, tenta esquecer uma das piores temporadas da sua história.

O arranque da temporada do Sporting foi atribulado, com Gyökeres, melhor marcador das duas últimas temporadas, a recusar-se a treinar e forçar a saída para o Arsenal, confirmada após semanas de incertezas, com o avançado colombiano Luis Suaréz a chegar já no decorrer da pré-temporada.

Além da ‘novela’ com Gyökeres, o Sporting ainda foi derrotado na Supertaça pelo Benfica, por 1-0, com um golo de Pavlidis, resultado que deixava dúvidas sobre a nova tática de Rui Borges, que esqueceu a herança de Ruben Amorim e passou a jogar apenas com dois centrais, algo que já tinha tentado na última época, mas sem o sucesso desejado.

O arranque do campeonato acabou por mostrar, contudo, o Sporting seguro e confiante, com um triunfo seguro sobre o Casa Pia (2-0), seguindo-se goleadas sobre Arouca (6-0) e Nacional (4-1), dois jogos que terminou em vantagem numérica.

Os primeiros jogos mostraram um Suaréz diferente de Gyökeres, mas com qualidade e capacidade goleadora, um Trincão em excelente forma e um Pedro Gonçalves a regressar à melhor forma, como mostrou o ‘hat-trick’ e a assistência frente ao Nacional, com o também reforço Ricardo Mangas a ser a surpresa, fazendo esquecer o lesionado Maxi Araújo.

O lateral uruguaio é umas dúvidas de Rui Borges para o encontro de sábado, tal como o Ousmane Diomande e Hidemasa Morita, com problemas físicos.

Em causa vai estar ainda o excelente registo de Rui Borges desde que chegou ao Sporting, uma vez que ainda não perdeu qualquer encontro para a I Liga, somando 22 jogos sem derrotas, aos quais se juntam mais dois ainda no Vitória de Guimarães, no qual sofreu a última derrota, frente ao Benfica, que lhe impôs também a única derrota interna pelos ‘leões’, na Supertaça.

Depois de um 2024/25 que começou de sonho, com o triunfo na Supertaça, e acabou com um pesadelo, com uma das piores temporadas da história, com o terceiro lugar na I Liga, muito longe dos dois primeiros, e que acabou com um terrível Mundial de Clubes, o FC Porto, no segundo ano da presidência de André Villas-Boas, parece revitalizado.

A eliminação na fase de grupos do Mundial de Clubes acabou por ditar a saída do treinador argentino Martín Anselmi, claramente uma aposta falhada, com Villas-Boas a apostar em outro treinador jovem, o italiano Francesco Farioli, que vinha de uma excelente época no Ajax, embora com a desilusão de ter perdido o título nas últimas jornadas.

O arranque do campeonato dificilmente podia ter sido melhor, com três vitórias em outros tantos jogos, nove golos marcados e nenhum sofrido, com um futebol com a garra e a vontade que não se tinha visto na temporada anterior.

Villas-Boas prometeu o maior mercado de verão dos ‘dragões’ e prometeu, com a chegada de Gabri Veiga, ainda a tempo do Mundial de clubes, Alberto Costa, Dominik Prpic, o novo ‘patrão’ da defesa Jan Bednarek, Victor Froholdt, Borja Sainz e Luuk de Jong, a surpresa no dia da apresentação.

Num arranque de temporada marcado pela morte súbita de Jorge Costa, diretor para o futebol, Pepê, em dúvida para o clássico, parece ter voltado aos melhores momentos no Dragão, ao contrário do jovem Rodrigo Mora, figura no final da última época, mas que perdeu espaço com a nova tática de Farioli.

Tonel considera fator casa único ponto a favor dos ‘leões’
O Sporting terá apenas o fator casa como único ponto de favoritismo perante um FC Porto que tem sido “a maior surpresa pela positiva”, no clássico da quarta ronda da I Liga, considerou o ex-futebolista Tonel.

“As duas equipas estão muito bem. O único favoritismo que posso dar ao Sporting tem a ver com o jogar no seu estádio, perante os seus adeptos. Acho que é a única situação a favor. De resto, acho que não há favoritos”, disse, em entrevista à Lusa.

Formado no FC Porto e notabilizado no Sporting, que representou entre 2005/06 e 2009/10, Tonel prevê um jogo “equilibrado” e no qual, a existir um vencedor, “será por uma margem curta”, vendo Rui Borges a aproveitar nos ‘leões’ a vantagem de ter feito pré-época para implementar as suas ideias, modificando o sistema tático.

“Houve alguma contestação [na mudança do sistema tático], mas se continuarem a ganhar, com bom rendimento, ninguém dirá nada. Faz parte da ideia do treinador e os resultados vão dando razão, ou não. Tendo uma pré-época para trabalhar, que não teve no ano passado, dentro do sistema que o Rui Borges gosta mais, ‘4-2-3-1’, as coisas estão a fluir mais naturalmente. A pré-época deu tempo ao treinador para fazer passar as suas ideias ao grupo”, realçou o antigo defesa central, de 45 anos.

Tonel confia que Luis Suárez “tem potencial para se aproximar” do impacto que o avançado sueco Viktor Gyökeres teve nos ‘leões’, estando “cada vez melhor e mais entrosado”, mas alertou para as qualidades do novo FC Porto de Francesco Farioli.

“O maior destaque tem sido o FC Porto, pela qualidade de jogo que tem mostrado e pela maturidade que a equipa tem apresentado, sendo um treinador novo e uma equipa praticamente nova. Tem sido a maior surpresa pela positiva. Se, na época passada, o FC Porto não era tão candidato como Benfica e Sporting, este ano acho que sim, teremos três candidatos ao título, e a partirem em igualdade”, expressou.

As duas formações contam com várias ausências por lesão para o clássico, mas a ausência do avançado espanhol Samu, nos ‘dragões’, é a que poderá implicar uma mudança de estratégia ofensiva por parte dos portistas, devido às características.

“De todos os condicionalismos, destaco o Samu no FC Porto. É um ponta de lança que começou muito bem a época, fruto da qualidade ofensiva da equipa. Uma das vantagens do Samu é poder esticar mais o jogo na profundidade e, com o Luuk de Jong, o FC Porto não tem essa capacidade. E sem o Pepê, que também estica mais sobre o flanco direito, o FC Porto pode ficar menos capaz de fazer isso”, sublinhou.

Líderes da I Liga de futebol, a par do Moreirense, com nove pontos em três rondas, o bicampeão Sporting e o FC Porto defrontam-se no sábado, a partir das 20:30, no Estádio José Alvalade, em Lisboa, em duelo para a quarta jornada da competição.

Artur vê teste exigente à renovação dos ‘dragões’
O FC Porto terá um teste exigente à sua revitalização na visita ao Sporting, no sábado, para a I Liga, perspetiva o ex-futebolista brasileiro Artur, convicto de que os ‘dragões’ resgataram um nível condizente com os seus pergaminhos.

“É uma maneira de ver o nível em que está. A equipa foi espetacular nas três primeiras jornadas, mas pode confirmar neste clássico se o verdadeiro FC Porto está de volta. Vai ser um ótimo teste, porque jogará na casa do bicampeão, contra uma equipa muito bem treinada e com grandes atletas”, salientou à agência Lusa o ex-avançado, de 55 anos, que alinhou pelos ‘azuis e brancos’ entre 1996 e 1999.

O bicampeão nacional Sporting e o FC Porto, integrados no trio de líderes da I Liga, a par do Moreirense, todos com nove pontos, defrontam-se no sábado, às 20:30, no Estádio José Alvalade, em Lisboa, para a quarta ronda, no primeiro jogo entre ‘grandes’ na prova.

“Apesar de o Sporting ter perdido o seu melhor marcador [Viktor Gyökeres], é uma equipa perigosa e manteve a sua espinha dorsal. Prevejo um grande jogo, que pode ser decidido nos detalhes ou numa bola parada, algo que o FC Porto tem aproveitado bem”, avaliou o vencedor de três campeonatos, uma Taça de Portugal e duas Supertaças nos ‘dragões’.

Seguro de que um triunfo em Alvalade “dará uma enorme força mental e confiança”, Artur mostra-se feliz pelo ressurgimento do FC Porto, que “esteve muito abaixo da sua tradição” na temporada anterior, mas contratou o treinador italiano Francesco Farioli como sucessor do argentino Martín Anselmi e começou 2025/26 com três vitórias em outros tantos jogos.

“Na época passada, os adeptos do FC Porto sofreram muito com a equipa, que tropeçava ou ganhava com muita dificuldade. Agora, a equipa impõe-se e acho que isso se deve muito ao comando técnico. Vejo um FC Porto muito diferente, mais forte coletivamente e com a confiança em cima. As contratações foram muito acertadas, tanto da equipa técnica, como dos atletas”, analisou o autor de 20 golos e 17 assistências em 92 duelos pelos ‘dragões’.

Do recorde de 105,6 milhões de euros (ME) investidos pelo FC Porto até à última semana da janela de transferências de verão, Artur destaca o impacto do médio dinamarquês Victor Froholdt, de 19 anos, que implicou a maior despesa, ao chegar do Copenhaga por 20 ME, e afirmou-se como titular, juntando duas contribuições para golo em três partidas.

“Encaixou que nem uma luva e dita o ritmo do jogo. Fazia algum tempo que eu não via um jogador com tanta qualidade no FC Porto”, admitiu, vendo um coletivo a repercutir em campo a “rápida assimilação” das ideias de jogo e da intensidade nos treinos com Farioli.

O ex-avançado ficou surpreso com o arranque do FC Porto, que venceu nas receções ao Vitória de Guimarães (3-0) e ao Casa (4-0) e na visita ao Gil Vicente (2-0), mas elogia o presidente ‘azul e branco’ André Villas-Boas pela “cartada certeira” na mudança do treinador, que “tem sido fundamental a encaixar os reforços na base da época passada” e transfigurou o ânimo de um clube distante do título de campeão nacional desde 2021/22.

“É lógico que pode ter dificuldade e um ou outro desaire, mas já se vê uma equipa mais confiante e a confiança é tudo. Quando a equipa entra determinada, é difícil de ser batida. O FC Porto da minha altura era assim. Há que parabenizar a nova direção. O treinador chegou e parece que já está há muito tempo lá. Adaptou-se muito rápido e os resultados veem-se em campo: a equipa luta por todas as bolas e joga mais à FC Porto. Não vimos isso na época passada, já que era um FC Porto sem confiança, força e brilho”, comparou.

RTP c/Lusa 
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