Roger Federer. O adeus do génio do ténis aos courts

Um dos melhores de todos os tempos. A carreira de Roger Federer fica, em muito, explicada com esta frase. O suíço anunciou que ia deixar o ténis profissional depois de lesões não o deixarem regressar à forma ideal. Aos 41 anos, foi na Laver Cup, junto a Rafa Nadal, um dos rivais e amigos de sempre, que se despediu dos courts. Antes não deixou de relembrar uma carreira de sucessos e agradeceu à “família do ténis” que lhe deu tudo o que alcançou numa carreira de mais de duas décadas.

Inês Geraldo e Sara Piteira (grafismo) - RTP /
Roger Federer despediu-se de uma carreira de 24 anos e de muitas conquistas Reuters

Aos oito anos começou a jogar ténis e em 1998 tornou-se profissional. Durante a adolescência não se destacou por ser uma sensação como muitas outras promessas mas a carreira de Roger Federer viria a mostrar um dos melhores jogadores de todos os tempos, ombreando com outros grandes nomes como Rafael Nadal e Novak Djokovic.

A primeira final surge em 2000, num torneio ATP que acabou por perder para o também suíço Marc Rosset, campeão olímpico em 1992. A primeira vitória numa prova vem no ano seguinte, em Milão. O ano de 2003 traz o primeiro Grand Slam da carreira, o torneio que Federer mais gostou de disputar e que mais vezes ganhou, sendo o recordista absoluto: Wimbledon.


Nas quatro grandes provas do circuito, Federer venceu 20 Grand Slams. Um número impressionante mas já ultrapassado por Novak Djokovic (21) e Rafa Nadal (22) que é o recordista atual de Grand Slams vencidos.

Os primeiros triunfos no Open da Austrália e no Open dos Estados Unidos surgem em 2004. Roland Garros seria um dos calcanhares de aquiles do suíço. A terra batida nunca foi a especialidade de Federer, com Nadal a ser um campeão indiscutível do torneio francês. No entanto, em 2009, Roger Federer alcança a vitória em Paris e consegue alcançar a vitória nos quatro Grand Slams do ténis.

No total, contando Grand Slams, ATP Finals e torneios ATP, Roger Federer tem um currículo impressionante de 103 vitórias e é um campeão de longevidade. O tenista suíço é o recordista no tempo que se mantém a vencer torneios: o primeiro foi alcançado em 2001 e o último em 2019. São 18 anos de diferença, com o mítico Jimmy Connors a ser destronado na longevidade da conquista de títulos.
Vitórias no Grand Slam
Apesar de ficar atrás de Djokovic e Nadal no número de Grand Slams conquistados, não existe vitória do suíço que seja contestada. Wimbledon foi o primeiro palco a ver Federer festejar um dos quatro grandes torneios de cada época e a partir daí o tenista foi sempre um candidato a vencer.

Na Austrália, o primeiro triunfo chegou em 2004 e desde esse momento, Roger Federer festejou a conquista em Melbourne mais cinco vezes. Nos Estados Unidos, o primeiro triunfo também foi em 2004, vencendo o torneio consecutivamente até 2008.

No entanto, um dos grandes feitos da carreira aconteceu em Roland Garros. Depois de múltiplas conquistas em Londres, Austrália e no Arthur Ashe Stadium, Paris viu Federer a destronar Rafa Nadal, rei da terra batida.


Não sendo um especialista no piso, Federer começou o torneio a derrotar Alberto Martin. Seguiram-se o argentino José Acasuso e o francês Paul-Henri Mathieu. Antes dos quartos-de-final, o suíço derrotou o alemão Tommy Haas e deu-se a surpresa: noutra partida, o tetracampeão Rafa Nadal acabou por ser eliminado pelo sueco Robin Soderling.

Roger Federer venceu depois Gael Monfils nos quartos-de-final e deixou Juan Martin Del Potro pelo caminho nas meias. Na final, foi o ‘carrasco’ de Nadal a defrontar o suíço, Robin Soderling, e a vitória foi clara para Federer. Depois de um triunfo por uns claros 3-0, Federer pôde finalmente festejar a conquista de todos os Grand Slams.

Porventura, um dos mais triunfos mais significativos em toda a carreira. Federer nunca mais voltou a vencer o torneio parisiense. Rafa Nadal venceu Roland Garros por dez vezes, Djokovic por duas e Wawrinka, compatriota de Federer, conquistou a prova em 2015.

No fim de uma grande carreira, Roger Federer conta ainda com um recorde peculiar: entre os anos de 2004 e 2007 foi o único a conseguir vencer pelo menos dois Grand Slam.
Múltiplos prémios e distinções durante a carreiraNo fim de cada época, o circuito ATP realiza os ATP Finals. Os oito melhores tenistas do ranking defrontam-se e digladiam-se pelo grande prémio de campeão. Federer não foi exceção: 2003, 2004, 2006, 2007, 2010 e 2011 tiveram o suíço como campeão dos campeões.

Chegado aos 41 anos, Federer venceu 1251 partidas em todos os torneios que disputou. Um número astronómico apenas ultrapassado por Jimmy Connors (1274). No entanto, o suíço ultrapassou o antigo tenista norte-americano em vitórias em Grand Slams.

Em termos olímpicos, o registo é mais modesto mas não deixa de ser destacável. Juntamente com Stan Wawrinka, Federer venceu a medalha de ouro em pares, em 2008, em Pequim. Quatro anos depois, em Londres, o suíço conquistou a medalha de prata ao perder a final com Andy Murray.

Foram 310 as semanas passadas em primeiro lugar do ranking ATP, 237 delas de forma consecutiva. É o número 1 mais velho de sempre, alcançando o lugar mais alto do ranking aos 36 anos e arrecadou ao longo da carreira prémios que ascendem aos 130 milhões de euros.

O debate sobre o melhor jogador de sempre vai continuar por muitos anos mas o debate sobre se Federer figura entre os melhores de sempre é inexistente. O suíço vai para sempre fazer parte de uma galeria de lendas que para sempre mudaram a face do ténis.
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