Abel pode fechar época sem troféus

Abel Ferreira falhou ontem a reconquista da Taça Libertadores, com o Palmeiras a perder diante do Flamengo (1-0), em Lima, e pode terminar uma época sem troféus pela primeira vez desde que chegou ao clube.

RTP /
Reuters

No Estadio Monumental, na capital do Peru, um golo solitário de Danilo (67 minutos), ex-defesa direito do FC Porto, sentenciou a final 100% brasileira da 66.ª edição da principal prova sul-americana de clubes a favor do ‘mengão’, que se tornou o primeiro conjunto do seu país com quatro títulos, repetindo os êxitos de 1981, 2019, com Jorge Jesus, e 2022.

Num palmarés encimado pelos argentinos do Independiente, com sete troféus, o ‘verdão’ continua ao lado de cinco equipas, com três, que foram vencidos em 1999, 2020 e 2021, os dois últimos com Abel, cujo registo perfeito em finais da Libertadores foi interrompido.

As anteriores edições foram discutidas em 2021, devido à pandemia de covid-19, tendo o Palmeiras derrotado o Santos (1-0) e o Flamengo (2-1, após prolongamento), no Rio de Janeiro e em Montevideu, respetivamente, com golos cruciais do suplente Breno Lopes, aos 90+9 minutos, e de Deyverson, ex-avançado do Benfica B e do Belenenses, aos 95.

Cenário distinto aconteceu em 2025, com o ‘verdão’ a refletir na Libertadores uma época sem conquistas, iniciada com a derrota no campeonato estadual paulista diante do rival Corinthians, que também o afastou nos oitavos de final da Taça do Brasil, sendo que, no Mundial de clubes, perdeu nos ‘quartos’ com os ingleses do Chelsea, futuros campeões.

No campeonato brasileiro, o Palmeiras também não está em posição favorável, uma vez que ocupa o segundo posto, a cinco pontos do Flamengo, com apenas seis por disputar.

Abel teve a oportunidade de se isolar como técnico mais titulado da história do clube, ao qual chegou em outubro de 2020, mas continua com os mesmos 10 cetros do já falecido Oswaldo Brandão, numa altura em que soma 15 presenças em decisões de troféus e já afirmou ter negociada a renovação contratual por mais dois anos, até dezembro de 2027.

No seu currículo surgem, além dos dois êxitos na Libertadores e dos três no campeonato estadual paulista (2022, 2023 e 2024), uma Supertaça Sul-americana (2022), mais dois campeonatos (2022 e 2023), uma Taça (2020) e uma Supertaça (2023) no plano interno, por entre o desaire com o Chelsea na final do Campeonato do Mundo de clubes de 2021.

Antes da derrota com o Flamengo na Taça Libertadores, o treinador só tinha vacilado em decisões continentais na Supertaça Sul-americana de 2021, perdida face aos argentinos do Defensa y Justicia, no desempate por penáltis (4-3), após empate 3-3 nas duas mãos.

O técnico, de 46 anos, não ergue troféus desde abril de 2024, mas é um dos mais bem-sucedidos na última década no Brasil, onde trabalharam igualmente Jorge Jesus e Artur Jorge, campeões sul-americanos ao leme de Flamengo, em 2019, e Botafogo, em 2024.

Há seis anos, em Lima, o ‘mengão bateu os argentinos do River Plate (2-1), com Gabriel Barbosa (89 e 90+2 minutos), ex-avançado do Benfica, a inverter perto do fim o golo do colombiano Rafael Santos Borré (14), na primeira de quatro vitórias de treinadores lusos.

Depois dos êxitos do Palmeiras, o ‘fogão’ selou um inédito troféu em Buenos Aires frente aos compatriotas do Atlético Mineiro (3-1), com ajuda de Luiz Henrique (minuto 35), Alex Telles (44), antigo defesa esquerdo do FC Porto, de penálti, e do recém-entrado Júnior Santos (90+7) - o chileno Eduardo Vargas saiu do banco e reduziu a favor do ‘galo’ (47).

O registo vitorioso de técnicos nacionais em finais da Libertadores desfez-se agora, num ano em que o Brasil igualou o recorde de 25 conquistas da Argentina, após sete vitórias seguidas desde 2019 - cinco das quais entre conjuntos do mesmo país -, quando o título passou a ser discutido num desafio em campo neutro em vez de uma final a duas mãos.

(Com Lusa)
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