FIFA "aceitou subornos" para realização do Campeonato do Mundo de 2010

As acusações anunciadas esta quarta-feira, incluindo as sete detenções em Zurique, são apenas o “início” da intervenção da Justiça norte-americana no órgão máximo do futebol internacional, afirmou esta tarde uma procuradora federal norte-americana em conferência de imprensa.

Andreia Martins - RTP /
Em conferência de imprensa, a procuradora-geral Loretta Lynch reforçou as acusações endereçadas à FIFA. Shannon Stapleton, Reuters

A investigação liderada pelos norte-americanos denuncia subornos astronómicos em torneios de futebol, eleições e entrega de prémios. Os valores em questão chegam até aos 150 milhões de dólares, ao longo dos últimos 24 anos.

Loretta Lynch, procuradora no Departamento de Justiça dos Estados Unidos, reforça a acusação aos suspeitos, de “corromperem o futebol ao servirem interesses e enriquecimento próprio”.

Entre os casos que mais se destacam está a atribuição do Mundial de Futebol de 2010 à África do Sul. A procuradora-geral Loretta Lynch esclarece que Jack Warner, então vice-presidente da FIFA, recebeu 10 milhões de dólares do Governo sul-africano para a realização do torneio no país. A suspeita já tinha vindo a ser levantada ao longo dos últimos anos, mas o antigo dirigente negava: “As ações da FIFA já não me dizem respeito”.

Para além dos esquemas detetados nos últimos mundiais de futebol, uma investigação paralela iniciada pelas autoridades suíças pasa a pente fino desde março a votação que ditou a atribuição das duas próximas edições do torneio em 2018 e 2022, à Rússia e ao Qatar, respetivamente.
O Mundial da "fraude"

“Este é o mundial da fraude. Hoje quisemos lançar o cartão vermelho”, disse Richard Weber, um fiscalista envolvido na investigação.

No total dos 14 acusados, sete dirigentes foram detidos esta manhã num hotel, em Zurique, onde a FIFA preparava o congresso eleitoral da próxima sexta-feira e que tem por intuito escolher o novo presidente da FIFA.

Joseph Blatter, presidente da FIFA que tenta conquistar o quinto mandato, não está envolvido nas investigações, como fez questão de realçar o porta-voz da FIFA na primeira reação oficial. 

Entre os detidos estão altas figuras da Federação Internacional de Futebol, incluindo Jeffrey, Eduardo Li, José Maria Marin, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueiredo, Rafael Esquivel, Nicholas Leoz e Jack Warner.

Para além dos nove dirigentes, foram também acusados cinco parceiros, profissionais do marketing e comunicação, que terão estado envolvidos em subornos para a obtenção de direitos lucrativos nas transmissões televisivas.
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