Entrevista RTP Notícias. Ricardo Batista e os resultados surpreendentes do triatlo português nos Jogos Olímpicos
É de Torres Novas, disputa provas pelo clube da terra onde nasceu e em 2024 representou Portugal nos Jogos Olímpicos. No Centro de Alto Rendimento do Jamor, Ricardo Batista recebeu e falou com a RTP Notícias sobre as várias vitórias que alcançou, o amor pelo Clube de Natação de Torres Novas, os Jogos Olímpicos de Paris, as palavras de apreço de Vanessa Fernandes e como espera estar em Los Angeles em 2028. A juntar a um início de carreira promissor, o triatleta de 24 anos espera ainda pelo irmão, também triatleta, que acredita estar a seguir os seus passos e tem uma grande hipótese de o acompanhar na próxima olimpíada, nos Estados Unidos.
Ricardo Batista: Para mim foi uma prova bastante dura desde o início. Estava à espera de um resultado um pouco melhor por ser uma Taça da Europa. Não é um nível tão alto como estou habituado a competir nas Taças do Mundo e nas WTS, que é o circuito mundial de triatlo. No entanto, por norma, é uma prova bastante competitiva, pois muitos países utilizam aquela prova como seleção para outras provas mais adiante. A minha prestação não foi a melhor mas acho que tenho que olhar para todos os pontos positivos que existiram e sair de cabeça erguida para enfrentar o que falta da época.
Falando do início da tua carreira, dá-nos uma ideia de que como começaste a carreira de triatleta, de que clube és e de alguns resultados que já tiveste?
Sim, em 2021 sagrei-me tricampeão nacional de triatlo, que era uma prova na Praia da Torre (Oeiras). Foi uma prova que sempre gostei muito, porque o Nacional é uma prova sempre bastante competitiva ou era, por norma uma prova bastante competitiva, por vezes até tínhamos estrageiros a elevar o nível da prova. E conseguir ganhar três anos seguidos foi, sem dúvida, três anos muito especiais, apesar de na altura participar raramente no Nacional de Triatlo. Mas acho que é sempre um título que nos motiva para enfrentar a nossa carreira com a cabeça para cima.
Pouco depois tens uma vitória na Áustria. Sagras-te campeão europeu de sub-23 em Sprints. Diz-nos como correu essa prova e quais foram as tuas sensações?
Depois de outras vitórias, em 2024 recebes a boa notícia. Estás na equipa de Triatlo dos Jogos Olímpicos. Diz-me o que sentiste quando soubeste que irias representar Portugal na maior prova desportiva do mundo?
Consegues a qualificação fazendo parte de um clube do anterior de Portugal, não falamos nem de um Benfica, nem de um Sporting. Fazes parte do Clube de Natação de Torres Novas. Como defines o apoio do teu clube e aquilo que foi a tua caminhada até chegar aos Jogos Olímpicos?
Desde sempre o clube sempre me apoiou em todas as minhas decisões e sempre me apoiou em toda a minha carreira desde o início. No Triatlo, as provas mais importantes que fazemos não são pelo clube mas pela seleção. Não tem uma grande influência porque acabamos por ter todo o apoio necessário do clube. É um clube pelo qual tenho muito amor, é da terra onde nasci e tenho muito carinho pelo clube e por todas as pessoas que estão no clube e que me ajudaram desde que comecei a fazer triatlo, desde os escalões mais jovens até à minha qualificação e participação olímpica.
Na estafeta mista em Paris, enquanto equipa, conseguem um quinto lugar. Sabes como te correu a prova mas tens mais três colegas. Fala-me da tua sensação e dos restantes a seguir ao quinto lugar.
Falemos então da prova individual em que consegues um sexto lugar. Novo diploma olímpico, atrás do Vasco Vilaça. Como te sentiste durante a prova até chegares à meta?
As águas do Rio Sena, onde tiveram de nadar, deram alguns problemas gastrointestinais a alguns atletas. Aconteceu contigo, aconteceu com alguém da equipa. Como foram lidando com toda essa questão?
É sempre muito bom ser reconhecido pela Vanessa. Ela, inclusive, esteve em Paris no fim da nossa estafeta. Quando estávamos a sair da zona do Athletes Lounge, nós vimos lá a Vanessa e ficámos surpreendidos. Nós não sabíamos que ela ia lá e é sempre muito especial ser reconhecido pela mãe do Triatlo em Portugal. Acho que fizemos tudo para a deixar orgulhosa e acho que conseguimos. Talvez possamos lutar por melhor daqui a três anos Los Angeles mas vamos ver como tudo corre até lá.
Esperas qualificar-te para Los Angeles2028? O que tens como visão para a tua prova ou provas?
A Federação Portuguesa de Triatlo foi distinguida como sendo a melhor de 2024, muito pelo resultado que Portugal teve nos Jogos Olímpicos. Como achas que tem sido o apoio da Federação ao longo deste tempo?
Acho que a Federação tem funcionado bastante bem. Há sempre algumas coisas que não conseguimos controlar. Por vezes temos de lutar contras as federações mas acho que isso não acontece só na nossa federação, vão sempre existir essas coisas. Temos de aprender a lidar com isso e não deixar que os percalços interfiram na nossa preparação. A Federação mudou recentemente, as coisas continuam a correr bastante bem. É uma federação que luta diariamente ao nosso lado para que nós consigamos estar na nossa melhor forma possível para a qualificação olímpica.
Em Portugal diz-que só se liga aos atletas quando há Jogos Olímpicos. Tendo nós um país muito ligado ao futebol, o que achas que falta melhorar na mentalidade para que os atletas sejam mais reconhecidos?
Tens um irmão mais novo, também triatleta. Já vos compararam a uma certa dupla inglesa do triatlo. Fala-me da tua relação com o teu irmão e se achas que ele está preparado para no futuro estar contigo, por exemplo, em Los Angeles?
Sim, acho que sim. O meu irmão também é bastante forte do triatlo. Ele se sagrou campeão do mundo de juniores, tal como eu me sagrei em 2019 e ele está, diria, a seguir os meus passos e acho que é o que o vai levar ao sucesso e à qualificação olímpica. Acho que é bastante possível estarmos os dois juntos nos próximos Jogos Olímpicos. É claro que ainda estamos muito longe disso acontecer mas estamos os dois a trabalhar para isso e se tudo correr bem, acho que vamos estar os dois presentes em Los Angeles.