Em busca de respostas. Famílias de migrantes desaparecidos "exploradas" por rede criminosa

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Pascal Rossignol - Reuters (arquivo)

A polícia espanhola desmantelou, na semana passada, uma rede que oferecia às famílias de migrantes desaparecidos a promessa de obter mais informações sobre o paradeiro dos seus familiares em troca de dinheiro. Aliciadas através das redes sociais, as famílias dos imigrantes dizem ter sido convidadas a pagar centenas de euros para saber o que aconteceu na travessia do Mediterrâneo.

Uma semana depois de terem sido detidas pela Guardia Civil espanhola 14 pessoas nas cidades andaluzas de Almería, Múrcia e Jaén, no sul do país, acusadas de explorar famílias de imigrantes norte-africanos desaparecidos, o jornal britânico The Guardian falou com três famílias que dizem ter sido convidadas a pagar 200 euros com a promessa de que receberiam informações sobre o paradeiro dos seus familiares. "Uma pessoa disse que lhe tinham prometido fotografias do corpo do seu familiar numa morgue da polícia", escreve o jornal esta terça-feira.

Entrevistadas pelo Guardian, confessam não ter pago o valor pedido, mas terem acreditado que as pessoas com quem falaram estava  ligadas a uma organização não-governamental em Espanha e que diziam poder ajudá-las.

A rede operava utilizando perfis falsos nas redes sociais para estabelecer o primeiro contacto com as famílias e mais tarde “oferecia-lhes informações falsas sobre o paradeiro dos seus entes queridos em troca de dinheiro", declarou a polícia espanhola num comunicado. "Há anos que a rede lucrava com os familiares, em Marrocos e na Argélia, daqueles que tinham desaparecido e morrido no mar quando tentavam chegar às costas espanholas em pequenas embarcações", acrescentou.

A Guardia Civil espanhola explicou, que iniciou a investigação depois de ter descoberto a publicação nas redes sociais de várias fotografias de cadáveres de migrantes tiradas na morgue.

Os suspeitos detidos, entre os quais vários funcionários públicos que trabalhavam em institutos forenses no sul de Espanha, são acusados de vários crimes, incluindo fraude, suborno, falsificação de documentos públicos e desrespeito pelos falecidos, informou a polícia.

pub