O Presidente turco disse que o consulado da Arábia Saudita em Istambul, de onde desapareceu no início do mês o jornalista Jamal Khashoggi, foi adulterado antes da entrada da polícia turca. O desparecimento do jornalista motivou a deslocação do secretário de Estado Mike Pompeo a Riade. As autoridades sauditas concordam com uma investigação “aprofundada” ao desaparecimento de Khashoggi.
Saudando o facto de as autoridades policiais turcas terem tido acesso pela primeira vez ao local do alegado crime – embora com duas semanas de atraso -, a Alta-Comissária dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas apelou às autoridades dos dois países para garantirem que “nenhum outro obstáculo seja colocado a uma investigação imediata, completa, efetiva, imparcial e transparente”.
Secretário de Estado norte-americano encontrou-se com príncipe herdeiro
O vocabulário utilizado por Michelle Bachelet é idêntico ao utilizado pela porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. No entanto, Heather Nauert não se pronunciou sobre o levantamento da imunidade diplomática.
Em Riade, o secretário de Estado norte-americano e o príncipe herdeiro saudita “concordaram com a importância de uma investigação aprofundada, transparente e pronta, que forneça respostas” sobre o desaparecimento de Jamal Khashoggi.
Mike Pompeo viajou de propósito até à Arábia Saudita para averiguar o que aconteceu ao jornalista saudita Jamal Khashoggi, a residir nos Estados Unidos. No encontro com o príncipe Mohammed bin Salman, "o secretário reiterou a preocupação do Presidente com o desaparecimento de Jamal Khashoggi, bem como com o desejo do presidente de determinar o que aconteceu", disse a porta-voz norte-americana Heather Nauert.
Senadores pedem sanções contra Arábia Saudita
For the record, I have no financial interests in Saudi Arabia (or Russia, for that matter). Any suggestion that I have is just more FAKE NEWS (of which there is plenty)!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 16 de outubro de 2018
Just spoke to the King of Saudi Arabia who denies any knowledge of whatever may have happened “to our Saudi Arabian citizen.” He said that they are working closely with Turkey to find answer. I am immediately sending our Secretary of State to meet with King!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 15 de outubro de 2018
Os senadores republicanos têm uma posição muito mais crítica do que o Presidente e acusaram diretamente o príncipe herdeiro saudita de ter ordenado o assassinato do jornalista. A senadora Lindsey Graham, próxima do Presidente Donald Trump, referiu-se ao príncipe herdeiro como uma pessoa destrutiva que está a comprometer as relações com os Estados Unidos.
“Nada acontece na Arábia Saudita sem o conhecimento de MbS” (abreviatura pela qual é conhecido Mohammed bin Salman), disse a senadora em entrevista à Fox News.
"Eu fui a sua maior defensora no Senado dos Estados Unidos. Este homem é um camartelo. Ele mandou matar este tipo num consulado na Turquia e esperava que eu o ignorasse. Sinto-me usada e abusada", declarou, para depois anunciar que vai aprovar a imposição de sanções à Arábia Saudita.
"A figura do MbS é para mim tóxica. Ele nunca poderá ser um líder mundial no cenário mundial", acrescentou.
Outros membros do Congresso já tinham criticado os governantes sauditas pelo desaparecimento do colaborador do The Washington Post. Na semana passada 22 senadores desencadearam uma investigação para a imposição de sanções caso fiquem provadas as responsabilidades de Riade no desaparecimento do jornalista.
A Rússia saudou o acordo entre a Turquia e a Arábia Saudita para uma investigação conjunta. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros disse ter esperança que as conclusões dos investigadores sejam divulgadas.
Também o ministro francês dos Negócios Estrangeiros garantiu que “vai tirar as consequências” se a morte do jornalista for confirmada.
“Os factos são extremamente graves, já dissemos às autoridades sauditas com muita veemência e desejamos ter a maior clareza” sobre o que aconteceu, declarou Jea-Yves Le Drian.