Sobe para 24 número de mortos em incêndios de Los Angeles

por RTP
Incêndios florestais continuam a devastar a área de Los Angeles Foto: Allison Dinner - EPA

O número de mortos nos incêndios de Los Angeles subiu para 24, indicou num último balanço o departamento de Medicina Legal do condado. Das 24 vítimas, 16 pessoas morreram no incêndio de Eaton e oito no fogo de Palisades. Espera-se que as condições meteorológicas se compliquem esta segunda-feira, com previsão de ventos fortes.

O balanço anterior do mesmo departamento dava conta de 16 mortos na sequência dos incêndios florestais a afetar a cidade do sudoeste dos Estados Unidos.

Os bombeiros continuam a lutar contra os fogos que assolam Los Angeles desde terça-feira, sendo os mais graves o de Palisades. Grande parte destes incêndios continua por dominar, tendo sido contido em apenas 11% desde sábado. O fogo em Eaton está contido em 27%, de acordo com os dados mais recentes do Departamento Florestal e Recursos Naturais.

Entretanto, os bombeiros conseguiram conter 89 por cento do incêndio em Hurst, mas as previsões para esta segunda-feira apontam para ventos fortes em Los Angeles.

As autoridades estimam que pelo menos 12.300 estruturas tenham ficado danificadas ou totalmente destruídas. As chamas que já queimaram mais de 5.700 hectares.
Segundo o governador da Califórnia, Gavin Newsom, esta poderá ser a catástrofe natural mais devastadora da história dos Estados Unidos, que destruiu milhares de casas e obrigou à evacuação de 100 mil pessoas.

No domingo, as equipas de bombeiros que combatem os graves incêndios em Los Angeles foram ajudadas pelas condições meteorológicas favoráveis, que no entanto se deverão agravar a partir desta segunda-feira, alertaram as autoridades locais.

Em conferência de imprensa, os bombeiros indicaram que as previsões apontam para ventos fortes de até 96 quilómetros por hora a partir da noite de domingo, que deverão manter-se até quarta-feira, o que prejudicará o combate aos fogos. Por isso, pediram à população que se mantivesse cautelosa.

Numa zona que não recebe qualquer chuva desde abril, o Serviço Nacional de Meteorologia previu que os ventos de Santa Ana, de 80 a 112 quilómetros por hora, voltariam a soprar na noite de domingo (hora da Costa Oeste dos EUA) e durariam até quarta-feira.Apesar dos esforços de milhares de bombeiros, o incêndio propagou-se durante o fim de semana para o noroeste da cidade e ameaça agora o vale de San Fernando, densamente povoado.

No domingo, mais de 100 mil pessoas no Condado de Los Angeles tinham recebido ordens de evacuação - abaixo do anterior máximo de mais de 150 mil - enquanto outras 87 mil enfrentavam avisos de evacuação.

“Estes ventos, combinados com a baixa humidade relativa e a baixa humidade dos combustíveis, manterão a ameaça de incêndio em todo o condado de Los Angeles muito elevada”, declarou o chefe dos bombeiros do condado de Los Angeles, Anthony Marron, numa conferência de imprensa, acrescentando que as zonas evacuadas só poderão ser reabertas quando as condições de bandeira vermelha forem levantadas na quinta-feira.

Para esta segunda-feira está prevista a reabertura das escolas, exceto das zonas onde a população foi obrigada a deixar as habitações.

A empresa privada de meteorologia AccuWeather estimou os danos e as perdas económicas entre 135 a 150 mil milhões de dólares.
Reforço de meiosO governador da Califórnia, Gavin Newsom, enviou no domingo mil elementos da Guarda Nacional do estado norte-americano para a área dos incêndios, elevando para cerca de 2.500 os operacionais que combatem os fogos.

No terreno, as chamas são combatidas por operacionais de sete Estados norte-americanos, mas também bombeiros do Canadá e do México.

O governador assinou também uma ordem executiva que suspende importantes regulamentos ambientais, para acelerar a reconstrução de casas e edifícios.

A causa dos incêndios ainda é desconhecida, e o xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, disse no sábado que todas as possibilidades estão a ser consideradas.
O fenómeno dos ventos de Santa Ana
Os incêndios na área metropolitana de Los Angeles são favorecidos pelos ventos de Santa Ana, um fenómeno meteorológico conhecido por secar as colinas até ao ponto de as tornar inflamáveis.

Estes ventos fortes ocorrem quando o ar frio se acumula no Nevada e no Utah, os Estados vizinhos da Califórnia.
À medida que esta massa de ar se desloca para oeste e desce as montanhas californianas, aquece e seca.

Os ventos de Santa Ana podem criar condições favoráveis à deflagração de incêndios florestais mortais ou alimentá-los depois de deflagrarem, secando a vegetação.

Por exemplo, estes ventos fortes agravaram os atuais incêndios de Palisades (23 700 hectares ardidos) e Eaton (14 mil hectares), fazendo com que as brasas quentes voassem em direção a áreas de vegetação seca mas ainda intocadas.


Os ventos de Santa Ana sopram normalmente entre setembro e maio, geralmente em séries de alguns dias.

Quando um sistema de alta pressão se forma sobre os desertos do leste da Califórnia, empurra o ar em direção à costa do Pacífico.

À medida que desce as montanhas de Santa Ana e da Serra Nevada e sopra através dos vales, este ar torna-se comprimido, mais quente e mais seco.

Há muito que o sul da Califórnia é vítima dos ventos quentes e secos que derrubam árvores e criam nuvens de poeira. Em 2017, o incêndio Thomas foi alimentado pelos ventos de Santa Ana. Destruiu mais de mil estruturas.

Na semana passada, segundo os meteorologistas, atingiram uma intensidade que não se via desde 2011, com rajadas de até 160 quilómetros por hora.

c/agências
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