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"Criminalidade organizada". Ministra da Justiça anuncia emissão de mandados europeus de reclusos evadidos

por Inês Moreira Santos - RTP
Foto: João Marques - RTP

A ministra da Justiça considerou de "uma gravidade extrema" a "fuga de cinco reclusos em plena luz do dia". Em entrevista à RTP, Rita Júdice declarou tratar-se de "criminalidade organizada" e anunciou que os mandados de detenção europeus dos reclusos que se evadiram no sábado do estabelecimento prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, já foram emitidos.

A fuga dos reclusos de Vale de Judeus é "uma situação de criminalidade organizada" e um "processo altamente complexo", estando por isso "todos os meios ao dispor da investigação".

"Acredito que, dentro da prisão, o processo tenha corrido mal", afirmou a ministra no Telejornal, acrescentando querer "acreditar que no processo de investigação tudo corra perfeitamente e com a maior celeridade possível" para se conseguir "capturar os fugitivos" e "apurar as responsabilidades".

Para localizar os reclusos que fugiram, a ministra afirmou que "todos os meios à disposição das polícias estão ativados" e que, a nível internacional, foram emitidos mandados europeus esta terça-feira.

"A fuga foi gravada. Está totalmente registada nos sistemas de vídeo-vigilância, com a hora a que ocorreu",
admitiu Rita Júdice. "O que nos permite hoje saber com clareza o processo de fuga (...), mas não sabemos em concreto o que esteve na base da falha do não visionamento daquele momento nas câmaras de vigilância".

Na infraestrutura prisional estão instaladas centenas de câmaras, confirmou a governante, e há um "guarda que está encarregue pelo processo de visionamento" que "vai selecionando as alas a que dará maior prioridade de visionamento" nos ecrãs.
"Gravidade extrema"
No caso de ter havido cumplicidade interna para a fuga, a ministra da Justiça considerou que seria de "uma gravidade extrema", uma vez que "põe em causa as investigações, a segurança, porque estamos a falar de um relatório feito ao interior de um estabelecimento prisional".

"Aquele relatório ter sido divulgado é de uma gravidade com a qual nós não podemos também compactuar", acrescentou.

Sem confirmar ou rejeitar a possibilidade de cumplicidade interna, Rita Júdice assegurou que "todos os processos de averiguação estão a decorrer".

"Houve ajuda externa, sem dúvida nenhuma", referiu. "Quando tivermos mais dados que possamos revelar sem comprometer as investigações não deixaremos de os dar".

Questionada sobre os "erros, falhas e desleixo" que mencionou na conferência de imprensa desta tarde, a governante esclareceu que "são todas as que redundaram nos sucessivos exemplos que vimos acontecer", como "falhas que permitiram o escadote chegar ao muro".

"Não nos deixemos iludir com o aparente caricato de uma escada encostada a um muro. Este plano de fuga foi gizado ao menor pormenor, foi tudo pensado e foi tudo programado para o sucesso".

"Algo falhou", disse ainda, clarificando que, por isso, ordenou que "fosse feita com a maior prioridade" inspeção a "tudo o que é sistemas de vigilância" e à gestão dos serviços prisionais.

Sobre o diretor interino da prisão de Vale dos Judeus, Rita Júdice garantiu que "ter um diretor nomeado" para substituir o anterior que se aposentou não é uma situação "de não existência de direção".

Já quanto ao estado do setor da Justiça quando tomou posse, a ministra respondeu que nas reuniões com as entidades e profissionais foram reportadas "situações preocupantes".

"Esta situação e este relatório põe em evidência muitas outras preocupações que nós não conhecíamos e que tomamos conhecimento", adiantou, sem detalhar.

"Não estamos a falar de uma situação de agora. Estamos a falar de situações que se têm arrastado nos últimos anos, como a falta de investimento e decisões que foram tomadas designadamente ao nível da gestão dos estabelecimentos prisionais que deixam muito a desejar".
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