Reportagem
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Reunião do Infarmed. Especialistas avaliam situação epidemiológica

por RTP

Lusa

O Infarmed voltou esta quarta-feira a ser palco de uma reunião entre especialistas e políticos para mais um ponto de situação sobre a pandemia de covid-19 em Portugal. Os peritos sugeriram um levantamento gradual das restrições, começando pelo fim das limitações no acesso ao comércio e restauração. Foi ainda proposto um sistema de vigilância de infeções respiratórias que englobe o vírus SARS-Cov-2 e o da gripe.

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15h58 – PCP diz que restrições já não se justificam

Para o Partido Comunista, já não se justifica “a manutenção de restrições e condicionamentos à vida das populações e às atividades económicas”, uma vez que o país está perante “uma forte desaceleração” da pandemia.

Num comunicado, o PCP diz ainda ser “indispensável reforçar os serviços públicos de saúde, em particular na área da saúde pública, para permitir a continuação da monitorização da epidemia da covid-19, bem como de outras infeções respiratórias graves”.

O documento, que apresenta a declaração do comunista Bernardino Soares, pede igualmente a dotação de “meios humanos, financeiros e físicos” ao Serviço Nacional de Saúde, sem o qual “não teria sido possível” lidar com a pandemia.

14h30 – PAN diz que o fundamental é “monitorizar e prevenir”

O PAN também já reagiu à reunião entre especialistas e Governo no Infarmed, considerando que “o fundamental nesta fase é monitorizar e prevenir, através daquelas que são as decisões políticas, novas crises sanitárias”.

Bebiana Cunha afirmou ainda que “devem ser priorizadas as pessoas vulneráveis, nomeadamente ao que diz respeito ao próprio reforço da vacinação”.

14h11 – Chega quer levantamento de restrições já na próxima reunião de Conselho de Ministros

Em reação à reunião do Infarmed, o partido Chega disse acreditar que estamos num “desagravamento da agressividade da pandemia”, pelo que o Conselho de Ministros tem agora “todas as condições para poder avançar para um novo conjunto de medidas”.

Para André Ventura, o prioritário é o fim da necessidade de certificado digital para aceder a alguns espaços.

“É este caminho para a fase 1 que agora deverá ser alcançado”, de preferência “já amanhã” durante a reunião de Conselho de Ministros, declarou.

13h48 – Peritos destacaram indicadores favoráveis

Os peritos ouvidos esta quarta-feira no Infarmed garantiram que todos os indicadores epimiológicos são, neste momento, favoráveis ao alívio das medidas restritivas e que parece certa a maior sazonalidade do vírus.

A variante Ómicron trouxe uma redução de 75% do risco de internamento em relação à Delta, mas impõe-se uma monitorização contínua até para detetar novas variantes.

13h21 – O resumo das propostas dos especialistas no Infarmed

O país está preparado para aliviar de imediato as medidas restritivas contra a covid-19 e passar para o nível 1 de vigilância da pandemia. A proposta foi deixada esta quarta-feira pelos peritos de saúde no Infarmed.

Desde logo, o fim das limitações no acesso a estabelecimentos comerciais, bares e discotecas. Nestes dois últimos, cai a exigência de teste negativo à entrada.

De resto, a testagem passa a centrar-se na população vulnerável, nos doentes sintomáticos, nos funcionários do pré-escolar e nos locais de maior risco.

O certificado digital deve passar a ser exigido apenas em contexto de saúde ocupacional.

13h16 – António Costa agradece aos peritos e lembra que “a ameaça persiste”

O primeiro-ministro agradeceu esta quarta-feira a “todos os peritos que, ao longo destes dois anos, fizeram um trabalho muito importante para que todas as decisões pudessem ser tomadas com base no conhecimento e na melhor informação científica disponível em cada momento”.

Já no final da reunião no Infarmed, António Costa escreveu no Twitter que “a partilha pública da informação foi essencial para reforçar a confiança e mobilizar os portugueses, que revelaram um notável civismo ao longo desta crise”.

“Mas a ameaça persiste enquanto não houver uma vacinação à escala global e, portanto, não podemos dar esta luta por encerrada”, frisou o chefe de Governo.


“Lidámos com a experiência intensa de governar num quadro de incerteza muito elevado, solicitando aos cientistas respostas que ainda não tinham. Mas a verdade é que fomos vencendo etapas nesse desconhecimento e isso permitiu-nos ir calibrando as medidas ao longo de todo este tempo”, acrescentou.

13h11 – PEV quer mais investimento nos cuidados primários, na saúde pública e na contratação de profissionais de saúde

Mariana Silva, do PEV, reagiu às declarações dos peritos afirmando que “toda a população mais vulnerável precisa de continuar a ter cuidados e é necessário prestar atenção a esta população”.

“Por isso, ‘Os Verdes’ reforçam a ideia de que é necessário (…) investir nos cuidados primários, investir na saúde pública (…), e na contratação de mais profissionais de saúde pública” para se poderem enfrentar novas variantes “de outra forma e com maior resiliência”.

13h05 – BE quer “levantamento imediato” de muitas das restrições

O Bloco de Esquerda insistiu esta quarta-feira na necessidade de reforço do Serviço Nacional de Saúde e na valorização dos seus profissionais.

Em reação à reunião com especialistas no Infarmed, o bloquista Moisés Ferreira defendeu o “levantamento imediato” de muitas das restrições, nomeadamente do uso de máscara no exterior ou o fim das limitações no acesso a determinados espaços.

“E daqui a um, duas, três semanas, se notarmos que com isso não há um recrudescimento dos casos e da gravidade da pandemia, então todas as medidas podem ser levantadas”, acrescentou.

12h55 – IL defende “abolição das máscaras” nas escolas, a recuperação das aprendizagens e investimento na saúde mental

Em reação à reunião do Infarmed, o Iniciativa Liberal voltou a defender a “abolição das máscaras em contexto escolar”. A deputada Carla Castro justificou essa questão por ser “importante ao nível do desenvolvimento na fala na mais tenra idade e ao nível de sociabilização das crianças e jovens”.

“Esta é uma preocupação que nós temos”, declarou aos jornalistas a deputada liberal. “Continua o forte impacto nas escolas, onde não tem havido o foco também ao nível da recuperação das aprendizagens. E quer a esse nível, quer a nível da saúde mental é algo que gostaríamos de ter maior foco”.

O IL defende ainda o “levantamento de restrições para os eventos culturais”, com alguma “urgência e celeridade”.

“Houve muita coisa que não correu bem”, referiu a deputada, apontando exemplos como a “gestão e o desmantelamento das estruturas para a vacinação, toda a gestão não-covid”. Tudo isso, seguiu Carla Castro, “deve ser melhorado e refletido”.

“Temos muitas dúvidas sobre a ‘sabedoria política’, quando temos a economia em cacos, quando as clivagens sociais se agravaram, quando temos a saúde mental num estado bastante degradado na generalidade da população e quando temos um SNS em colapso e que não está em pior estado graças aos profissionais que temos”, acusou.

“Houve empirismo. Houve infantilização da população. Houve falta de dados – dados esses que teriam sido fundamentais para a comunidade científica, para a informação à população e também para uma tomada de decisão mais fundamentada”, continuou. “É sobre isso que devemos melhorar, que se deve refletir”.

Para além disso, o IL defende a gestão da vigilância e monitorização da covid-19, mas um balanço do “sentimento de urgência” – a recuperação das aprendizagens, a saúde mental e a prioridade aos cuidados primários não covid, assim como para as listas de espera de consultas e cirurgias.

12h50 – PSD acredita que esta primavera marcará “momento de viragem” no regresso à normalidade

O PSD diz rever-se “na vasta maioria daquilo que são as propostas dos especialistas” que esta quarta-feira estiveram presentes na reunião do Infarmed.

“Estamos no caminho de regressarmos a uma normalidade que conhecíamos antes da pandemia. É evidente que essa mudança não vai ocorrer no espaço de uma semana ou duas, mas já percebemos que esta primavera marcará claramente o momento de viragem nesse sentido”, declarou o social-democrata Ricardo Batista Leite no final da reunião entre especialistas e Governo.

O PSD defende ainda uma revisão no modo como os dados da pandemia são apresentados, opondo-se a uma partilha diária do número de novas infeções. “Entendemos que uma apresentação semanal destes dados seria suficiente”, explicou Batista Leite.

12h27 – PS considera que “estamos numa fase” de “esperança para o futuro”

Em reação às declarações dos peritos na reunião do Infarmed, Maria Antónia Almeida Santos começou por recordar que, nos últimos dois anos, “temos vivido um período de grandes restrições”.

Repetindo a ideia defendida pelos especialistas, de que “os piores cenários não se concretizaram”, a deputada do Partido Socialista afirmou que “estamos numa fase em que podemos ter esperança para o futuro”.

Contudo, a socialista considera que se deve manter a atenção e os cuidados.

“Podem surgir novas estirpes e novos vírus, portanto temos de estar atentos”, afirmou.

Mas como os especialistas afirmaram na reunião, passamos “para outro nível” e vamos manter um “sistema de vigilância” da situação epidemiológica.

“Temos hoje fatores protetores muito grandes e estamos numa fase em que podemos aliviar, sem deixar de vigiar, de monitorizar e de continuar a fazer testes”, acrescentou. “Se se confirmar que este vírus tem uma sazonalidade, com a aproximação da primavera e do bom tempo também estaremos numa fase melhor para as nossas vidas e no que diz respeito à incidência da doença”, concluiu.

11h50 – Conselho de Ministros vai ponderar eventual levantamento de restrições, indica Marta Temido

A ministra da Saúde indicou, no final da reunião no Infarmed, que o Conselho de Ministros vai “ponderar” um eventual levantamento de restrições com base nas informações apresentadas pelos especialistas esta quarta-feira.

“A pandemia entrou numa outra fase, estamos já num decrescimento do número de casos, com um risco efetivo de transmissão também abaixo de um”, mas estamos ainda “numa situação em que a incidência está ainda num patamar elevado e temos ainda também uma mortalidade que é superior ao limiar de referência do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças”, sublinhou a responsável pela pasta da Saúde.

Marta Temido frisou que, com o “pico da pandemia já ultrapassado”, conforme indicaram os especialistas no Infarmed, deve agora manter-se a vigilância, uma vez que podem sempre surgir novas estirpes.

Neste cenário “podemos considerar uma nova fase”, com uma “eventual alteração da política de testagem” e de “questões relacionadas com a apresentação de certificados digitais em determinados espaços”.

A ministra Marta Temido deixou claro que os peritos indicaram três níveis: o atual, em que o país está com menos restrições do que teve em tempos; um nível 1, que trará um levantamento de algumas restrições; e, por fim, um nível 0, com o levantamento de ainda mais medidas e um regresso à normalidade dentro do possível.

11h30 – Presidente da República agradece a contribuição dos peritos para o aconselhamento político desde o início da pandemia

Em tom de conclusão da reunião do Infarmed, o Presidente da República interveio começando por agradecer “a todos quantos ao longo de praticamente dois anos (…) contribuíram diretamente com o seu saber para o aconselhamento das decisões políticas”.

“Foram dois anos muito intensos, muito complexos”, continuou Marcelo Rebelo de Sousa. “Foi um esforço de equipa muito complexo, difícil, aturado, devotado e importante”.

11h20 – Especialista diz ser “momento ideal” para alívio de restrições

Raquel Duarte, da Administração Regional de Saúde do Norte, fez uma proposta de atuação face ao momento atual da pandemia no país.

Sublinhando que “temos claramente a nível nacional” uma boa cobertura vacinal e uma redução da incidência em todos os grupos etários, a especialista lembrou que há também “ameaças que não devem ser esquecidas”.

“Enquanto houver vírus em circulação, teremos sempre a ameaça de novas variantes”, explicou.

Ainda assim, a especialista propõe que o país passe, inicialmente, para um nível de “menos medidas restritivas”, terminando com as limitações no acesso a estabelecimentos comerciais, discotecas e semelhantes, com o certificado digital a ser usado apenas “em contexto de saúde ocupacional”.

Este seria o chamado “nível 1”, que prevê ainda a obrigatoriedade de utilização de máscara em locais públicos interiores e locais exteriores com ajuntamentos, assim como pelos profissionais de saúde e outros que tenham contacto com pessoas fragilizadas.

Após esta fase passar-se-ia para um “nível 0”, no qual a máscara deixa de ser obrigatória, “mas promovendo ainda a sua utilização perante sintomas respiratórios ou perceção de risco”.

“A nossa equipa considera que estamos no momento ideal para passar para medidas de nível 1, sendo que se deve fazer a avaliação quinzenal, de forma a perceber se estamos em condições de progredir”, afirmou Raquel Duarte.

10h54 – Medidas são mais pensadas “em função da gravidade da doença” e menos pelo número de casos, explicou Henrique Barros

Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, começou por recordar que “as pandemias não duram eternamente”, mas “mudam”.

Sobre “Covid-19: da emergência à endemia”, o especialista explicou que a estratégia portuguesa, para “sair da pandemia” foi uma “estratégia de supressão”. Isto é, “em que se optou por tomar um conjunto de medidas (…) que fundamentalmente pretendiam controlar o número de casos e, em particular, a ocorrência de surtos”.

“Olhando para a forma como se vive e viveu em Portugal podemos dize que, de facto, há muito se esboçava uma aproximação de sazonalidade e que há muito que o vírus estava para ficar, estava a endemizar”, declarou Henrique Barros. E acrescentou: “O problema é a forma como nós lidamos com isso e em que medida estamos seguros deste percurso”.

Como explicou o especialista da Universidade do Porto, com a junção das medidas políticas adotadas e a vacinação, “mudados esta relação (…) a que chamamos a dissociação entre o número de casos e o impacto da infeção”.

Analisando os dados do ano passado com as medidas da altura e comparando com os dados e as medidas atuais, o perito afirmou que “existe uma clara relação entre a intensidade das medidas tomadas e o aumento de incidência, de número de casos novos de infeção no inverno de há um ano, e pelo contrário essa associação é muito pouco clara no inverno atual quando a incidência tem valores que chegam a ser duas até quatro vezes maiores do que foram no período anterior”.

“Ou seja, as medidas eram muito mais intensas na fase inicial quando comparadas com a frequência de casos”, continuou.

Também a nível das hospitalizações, comparando o inverno de 2022 e o de 2021, “a diferença é muito grande”.

“Há muito que se mudou e que se pensa a resposta em função da gravidade da doença e não tanto em função dos casos”, declarou.

Segundo Henrique Barros, “o vírus está endémico” e vai tornar-se uma infeção sazonal.

10h44 – INSA propõe vigiar covid-19 da mesma forma que se vigia a gripe

É agora a vez de falar Ana Paula Rodrigues, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, sobre a vigilância na fase de recuperação da pandemia para o restabelecimento de uma nova normalidade a curto-médio prazo.

A especialista do INSA propõe um sistema de vigilância de infeções respiratórias que integre o vírus SARS-Cov-2, o da gripe e o vírus sincicial respiratório.

“Se conhecemos que o quadro clínico tipíco da infeção por SARS-CoV-2 é o de uma infeção respiratória, aquilo que se propõe é olhar com maior detalhe para este quadro clínico”, elaborou.

Este sistema proposto “consiste na recolha integrada e uniforme quer de dados clínicos, quer de dados laboratoriais”.

"Assim, teremos potencial capacidade para monitorizar a incidência da doença, ao mesmo tempo que monitorizamos a gripe e outros agentes de infeção respiratória", explicou a responsável.

“Uma vantagem deste sistema é que, por estarmos a olhar não para uma infeção, mas para um quadro clínico, podemos identificar padrões anormais na ocorrência das infeções respiratórias que podem ser devidos a um novo agente, a um agente emergente”, acrescentou Ana Paula Rodrigues.

É ainda proposta “uma organização em rede, dinâmica, com estabelecimento de diversas parcerias e comunicação bidirecional, de maneira a que haja sinergias na obtenção de toda a informação”.

10h40 – Covid-19 com potencial sazonalidade se se garantir cobertura vacinal

Comparando a mortalidade por covid-19 ou outras doenças, Baltazar Nunes esclareceu que, comparativamente ao ano anterior, registaram-se menos óbitos. E analisando os picos epidémicos e as medidas de contenção, o perito do INSA assegura que “há um potencial se sazonalidade que se possa vir a formar na circulação e na atividade epidémica da covid-19”.

Avaliando também a atividade epidémica de outras doenças respiratória, conclui-se que há um padrão em que há maior atividade epidémica durante os períodos de outono e de inverno.

Os cenários previstos pelos peritos consideram que a Ómicron será predominante e que o risco de doença grave é de apenas um quarto, comparativamente às outras variantes. Se se permitir a circulação do SARS-CoV-2, e considerando que a população já está vacinada, só no outono se espera que haja um novo pico epidémico, visto que as pessoas vão perdendo a proteção vacinal.

“Este cenário é um cenário indicativo (…) e não foi introduzido nenhum reforço de vacinação para além do que foi feito até agora”, referiu ainda.

Embora não seja um cenário previsto, os peritos receiam o surgimento de uma nova variante que altere estes padrões epidemiológicos.

10h33 – “Risco de transmissibilidade está mais baixo” e com tendência decrescente, segundo Baltazar Nunes

Em representação do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Baltazar Nunes começou por referir que a situação atual do risco de transmissibilidade, ou R(t), está num “valor muito mais baixo”, estando a 0,76.

“Tivemos também um número de reprodução efetiva dos mais elevados durante o período do Natal (…) e temos estado em queda desde essa altura, com um pequeno período em que houve uma evolução – durante a abertura das escolas”, explicou o especialista do INSA que apresentou a “Situação epidemiológica: atual e cenários para os próximos 12 meses”.

“Projetamos que, a esta velocidade de crescimento, em cerca de dois meses podemos atingir uma taxa de incidência muito baixa de cerca de 60 casos por 100 mil habitantes”, acrescentou.

A nível europeu, houve uma alteração: embora ainda estejam em níveis elevados de incidências já se observa uma “redução da atividade epidémica”.

Quanto aos cenários sobre os internamentos por covid-19, Baltazar Nunes afirmou que os internamentos em enfermaria mantiveram-se “de acordo com o nosso cenário de perda de proteção intermédia”, no qual se assumia que havia uma perda de proteção contra infeções e que reduziria a efetividade para além dos 50 por cento, mas que mantinha nos 90 por cento em caso de doença grave.

Já quanto ao cenário em cuidados intensivos, continuou o especialista, verifica-se que o que “se observou na realidade está até abaixo do nosso melhor cenário”. Isto é, “a ocupação [de camas] em cuidados intensivos manteve-se muito abaixo de todos os cenários e, inclusive do cenário que seria o mais benigno”.

Segundo o perito do INSA, e em concordância com o que Pedro Pinto Leite referiu, “a combinação da cobertura vacinal de reforço mais uma variante que produz uma redução de risco bastante mais elevada, traduz-se num impacto bastante menor nos cuidados de saúde”.

10h24 – “Estamos muito longe do que já estivemos no inverno passado”

Sobre o impacto da pandemia nos serviços de saúde, Pedro Pinto Leite indicou que existe agora “uma estabilização do número total de casos de internados com covid-19 nos hospitais” e “uma tendência decrescente no número de casos internados em Unidades de Cuidados Intensivos”.

“Estamos muito longe do que já estivemos no inverno passado”, afirmou o especialista da Direção-Geral da Saúde.

Quanto ao impacto na mortalidade, o perito explicou que “não obstante ainda termos uma mortalidade elevada, no sentido de estar acima do limiar estabelecido pelo ECDC que é de 20 óbitos por 100 mil habitantes, este fim de semana este indicador pela primeira vez estabilizou”.

“Neste momento encontramo-nos com 63 óbitos a 14 dias por 100 mil habitantes e uma tendência estável”, avançou Pedro Pinto Leite.

Visto que a incidência nos grupos etários mais velhos está a diminuir, “espera-se que esta mortalidade também venha a diminuir”, acrescentou.

Pedro Pinto Leite frisou ainda que o risco de morte em pessoas com vacinação completa contra a covid-19 é duas a seis vezes menor relativamente a pessoas sem esquema vacinal completo.

10h10 – Tendência decrescente

Pedro Pinto Leite é o primeiro especialista a falar e adianta que “existem vários aspetos positivos relativamente à situação epidemiológica atual” nos principais indicadores habitualmente partilhados, como é o caso da incidência.

“Encontramo-nos numa tendência decrescente. O pico desta incidência terá ocorrido no dia 28 de janeiro”, explicou o especialista.

10h00 - Início da reunião do Infarmed está marcada para esta hora.
Dados dos peritos poderão determinar alívio gradual das restrições
Ainda na terça-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde disse que é de esperar "alívio nas restrições" impostas pela pandemia de covid-19, mas que esse alívio será "progressivo, gradual, cauteloso".

À saída de uma sessão no Infarmed, em Lisboa, António Lacerda Sales notou que os indicadores, "quer ao nível da incidência, quer ao nível do índice de transmissibilidade, quer ao nível da pressão sobre os serviços de saúde, são bons".

"São bons indicadores, que nos dão algum otimismo, alguma confiança, alguma tranquilidade, para podermos acreditar que, sim, vamos ter alívio nas restrições", reconheceu, frisando que há que "ouvir os peritos" esta quarta-feira.

Simultaneamente, assinalou, ainda há "alguns indicadores" que "preocupam, nomeadamente o número de mortes por milhão de habitantes", e que impõem "uma ponderação" entre "a ciência e o bom senso".

Sobre a testagem, Lacerda Sales acredita que deve ser também avaliada pelos peritos nesta quarta-feira e que "poderá haver algumas novidades, nomeadamente no tipo de testagem, na forma como se deve aliviar algumas restrições".

A diretora-geral da Saúde, que participou na mesma sessão, corroborou o trio "progressivo, gradual, cauteloso" enunciado pelo secretário de Estado e sublinhou o "indicador de gravidade, o da mortalidade por milhão de habitantes".