Reportagem

Taxistas nas ruas contra a Uber: o protesto minuto a minuto

por RTP

A indústria do táxi regressou esta sexta-feira às ruas. Mais de seis mil veículos pararam o trânsito nas principais artérias de Lisboa, Porto e Faro. Em causa está a concorrência da aplicação Uber, que os taxistas classificam como "desleal". Os taxistas foram recebidos pelos autarcas Fernando Medina e Rui Moreira, que se mostraram "solidários" com os problemas no setor. Motoristas e viaturas juntam-se a conta-gotas em frente à Assembleia da República, em Lisboa.

Mais atualizações

20h51 - O trânsito na Avenida dos Aliados foi reaberto pouco depois das 20:00, altura em que os taxistas em protesto dispersaram. Segundo a PSP do Porto, pelas 20:15 a situação estava "normalizada".

20h41 - Centenas de taxistas começaram a desmobilizar pelas 20:00 da Assembleia da República após uma reunião com o secretário de Estado do Ambiente em que foram dadas "algumas garantias".

19h38
- Deputados socialistas na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas vão solicitar com carácter de urgência a audição de entidades relacionadas com a prestação de serviço de transporte de passageiros.

"É preciso nós percebermos a evolução que está a sofrer este setor e, para termos uma ideia correta, precisamos de ouvir um conjunto de entidades", explicou o coordenador do grupo parlamentar do PS Luís Moreira Testa.

19h12
- A Uber Portugal acaba de enviar um comunicado às redacções:

“A Uber vem dar resposta à crescente procura por soluções de mobilidade on-demand, ligando as pessoas a operadores de mobilidade licenciados de acordo com as leis em vigor. Este tipo de parceiros, aliás, já operava no país antes da nossa chegada.

Respeitamos o direito que qualquer grupo tem de se manifestar, mas de forma pacífica e com respeito pela segurança pública. Lamentamos atos de violência como aqueles a que assistimos hoje nas ruas do Porto, e pedimos ao governo e às autoridades que ajam para garantir a segurança de utilizadores, motoristas e do público em geral.

Sabemos que o setor do táxi tem enfrentado vários desafios ao longo dos anos. Em parte, isto acontece porque lei que governa o setor é desatualizada e desadequada às necessidades de mobilidade das pessoas nos dias de hoje. Por isso, é importante garantir que os táxis beneficiam com o crescimento da procura por soluções de mobilidade on-demand, e que têm ao seu dispor as tecnologias necessárias.

Nesse sentido, saudamos a abertura do Governo a novas formas de mobilidade, e reiteramos o nosso empenho em participar num diálogo construtivo, com todas as partes, para a criação de um quadro regulatório moderno que vá de encontro às necessidades dos consumidores, e que permita que todos os operadores, incluíndo os táxis, possam beneficiar com o uso da tecnologia”.

18h39
- Taxistas fazem saber que vão ser recebidos pelo secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes: "Vamos agora para a Secretaria de Estado para sermos recebidos pelo senhor secretário de Estado, porque o senhor ministro está para o Porto", disse Florêncio Almeida, presidente da ANTRAL.

18h37
- O ministro do Ambiente concede que a manifestação dos taxistas decorreu de forma "ordeira nas três cidades", com as associações do setor a liderarem "serenamente" os protestos.

O ministro João Pedro Matos Fernandes frisou que o Governo está em "negociações" com as associações que representam os taxistas. E que enviou já um documento com uma proposta de renovação do setor que é "fundamental" para a mobilidade urbana, mas que precisa de ser "modernizado".

18h36
- O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, considerou que a manifestação dos taxistas contra a Uber "não é justa" apesar de "legítima".

"A manifestação, sinceramente, não me parece justa em face do trabalho que vinha e continua a ser feito, sendo que é certamente uma manifestação legítima".

18h00 - No Porto, uma cliente da Uber diz que 20 a 30 taxistas lançaram pedras contra o veículo que tinha alugado, tendo ainda sido ela própria atingida.


17h59
- De acordo com os representantes dos taxistas, nas reuniões com os grupos parlamentares do PCP, Bloco de Esquerda e PSD foi-lhes manifestada solidariedade e os partidos "pediram para esperar um mês para terem uma posição".

Os dirigentes informaram que ainda iam ser hoje recebidos com o grupo parlamentar do PS.

17h56
- Os representantes dos taxistas dizem ter saído de "mãos vazias" após reuniões com a chefe de gabinete do presidente da Assembleia da República e com vários grupos parlamentares.

"Da minha parte, tenho que vos dizer que levo as minhas mãos vazias, zero, nada", afirmou o presidente da ANTRAL, Florêncio Almeida.

"Trouxemos uma mão cheia de nada", lamentou o presidente da FPT, Carlos Ramos.

17h45
- O protesto dos taxistas teve mais impacto em Lisboa, mas estendeu-se às cidades do Porto e de Faro.

17h39
- Representantes dos taxistas estão agora reunidos com o PSD, mas o grupo parlamentar social-democrata não fará qualquer declaração no final.

17h36
- Grupo parlamentar do BE considera que "a Uber não é ilegal, o que é ilegal é o exercício da atividade tal qual como está a ser feito".

17h35
- O Bloco de Esquerda manifestou "apoio político" aos taxistas, considerando que "é ilegal" o atual exercício da atividade da plataforma Uber.

Após receber os representantes da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) e da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), o deputado bloquista Heitor de Sousa disse que o BE está disponível para interpelar o Governo "através de uma pergunta ou de um projeto de resolução mais alargado".

17h19
- O protesto dos taxis contra a Uber teve ecos fora do país, com avisos para constrangimentos a quem chega a portugal.


16h12 - O motorista da Uber diz ter sido agredido com socos e pontapés e que o seu carro foi roubado. Diz que os atacantes pretendiam continuar a agredí-lo e que a sua sorte foi conseguir correr mais do que eles. Não pode afirmar que se tratava de taxistas.

16h02
- Um condutor da Uber terá sido agredido por um taxista na cidade do Porto.

15h35
- António Costa não fala sobre a polémica da Uber e remete para o ministro do Ambiente a posição do Governo sobre os protestos dos taxistas.

O primeiro-ministro falava numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo, durante a visita à ilha Terceira.

"O senhor ministro do Ambiente já recebeu os manifestantes e já transmitiu a posição do Governo", disse o líder do Executivo.

15h20
- A reunião no edifício dos Paços do Concelho também já terminou. Fernando Medina mostrou-se "completamente solidário", segundo revelou Florêncio de Almeida, presidente da ANTRAL.

Após a reunião, a Câmara Municipal de Lisboa enviou um comunicado à agência Lusa, onde defende a necessidade de rever a legislação que regula a atividade do transporte de passageiros.

A CML considera que "é urgente proceder a alterações na legislação de exercício da atividade de transporte passageiros, tendo em vista melhorar as condições do serviço de transporte público ao dispor dos cidadãos".

No mesmo comunicado, a autarquia disponibilizou-se a trabalhar em conjunto com o Ministério do Ambiente, as associações do setor e outras entidades para "assegurar estes princípios e assegurar um transporte de passageiros cada vez mais moderno, seguro e confortável".

15h11 - Os taxistas garantem que vão continuar concentrados frente ao Parlamento. Exigem ser recebidos por um representante do Governo.

No final do encontro com o presidente da comissão de Economia, os dirigentes das associações de táxi ameaçaram não abandonar os protestos.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Ramos, da Federação Portuguesa do Táxi, exige que um membro do Governo possa responder "às preocupações" dos profissionais.

14h38
- Os representantes das associações de táxi já entraram no Parlamento e estão nesta altura a ser ouvidos por Eduardo Ferro Rodrigues.

Entretanto, os manifestantes continuam a chegar à rua de São Bento, o último ponto de paragem previso no protesto desta sexta-feira.

14h08
- Já terminou a reunião de Rui Moreira com os taxistas. Segundo José Monteiro, vice-presidente da ANTRAL, o autarca do Porto "percebeu os problemas" e mostrou-se "sensível" às queixas apresentadas.


13h58 - Se as vozes de protesto se fazem ouvir no setor dos táxis, a Uber está hoje em silêncio. Mas nos últimos dias, a representação da empresa em Portugal tem tentado sensibilizar a população fazendo uso da hashtag #queroescolher


Em modo vox pop, a aplicação responde às críticas com argumento da inovação e pergunta de forma aleatória: "E se voltássemos a ter apenas um canal de televisão? E se fosse proibído o e-mail?"

13h44
- Nas redes sociais, continuam os comentários à grande manifestação. Destacamos este, da correspondente do jornal The Wall Street Journal em Lisboa.
"Um grande protesto de táxis contra a Uber em Portugal hoje. Se voarem para cá, preparem-se", avisa Patricia Kowsmann.

13h30
- Os taxistas de Lisboa estão nesta altura reunidos com Fernando Medina. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa recebe os profissionais em protesto junto aos Paços do Concelho.
Luís Filipe Fonseca - RTP

Ainda esta tarde, também Ferro Rodrigues vai reunir com os principais representantes e associações de táxis. O presidente da Assembleia da República vai estar acompanhado pela comissão parlamentar de economia e obras públicas.

12h31
- O resumo de uma manhã de protesto:

Em Lisboa, os cerca de 4 mil veículos em protesto aproximam-se agora da Assembleia de República, depois de terem saído do Campus de Justiça pouco depois das 9h00. Passaram pelo Aeroporto de Lisboa, Entrecampos até à Avenida da Liberdade com buzinadelas, mas sem qualquer incidente a assinalar.
Magda Rocha, Hugo Melo, Nuno Tavares, Miguel Cervan - RTP

Acompanhados de faixas negras e palavras de ordem em autocolantes, sendo a mais comum "A Uber é ilegal, é crime nacional", é esperada a qualquer momento a chegada dos taxistas à Assembleia da República, local onde vai terminar o protesto.

Para evitar os constrangimentos do trânsito, a PSP continua a aconselhar os lisboetas a recorrerem aos transportes públicos durante o dia de hoje.

No Porto, os taxistas foram recebidos por Rui Moreira com aplausos e palavras de alento. O presidente da Câmara do Porto está neste momento reunido com os representantes do setor naquela cidade.

Com números menos expressivos (cerca de 400 viaturas), os motoristas que protestaram na invicta fizeram-se ouvir na Avenida dos Aliados, onde desfilaram e entoaram palavras de ordem. Gritos de protesto como "Táxis sim, Uber não" ressoaram esta manhã na baixa portuense.
Pedro Oliveira Pinto, Filipe Pinto, Paulo Jerónimo, Pedro Rothes, Pedro Miguel Gomes, Guilherme Terra - RTP

Questionado pelos jornalistas se estava impressionado com a expressividade do protesto, Rui Moreira respondeu simplesmente: "O Porto é assim".

Em Faro, o protesto que começou no Estádio do Algarve já foi dado como terminado. Cerca de uma centena de taxistas algarvios passou pelo Aeroporto Internacional de Faro e terminou da Câmara Municipal da mesma cidade.
Duarte Baltazar, Vedin Trhulj - RTP

Chegados ao município, entregaram ao presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, um documento onde manifestam a sua preocupação com a falta de regulamentação da Uber e outras entidades.

11h57
- O protesto de Lisboa já passou pelo centro da cidade e percorre agora a Avenida da Liberdade. Não há registo de qualquer incidente em nenhuma das três cidades onde decorrem os protestos.

Os fotógrafos da Lusa e agência EPA registaram alguns dos principais momentos da manhã, reunidos nesta galeria de imagens.

Lisboa, Porto e Faro assistiram esta sexta-feira a um dos maiores protestos de taxistas e associações do setor. Reivindicam o fim das "ilegalidades" e a regulação dos serviços prestados pela aplicação Uber.


11h14 - Os primeiros taxistas da zona norte reunidos no Porto já começaram a subir a Avenida dos Aliados, em direção à Câmara Municipal. A PSP está no local a gerir os grandes constrangimentos no trânsito.

Segundo as associações, pelo menos 1000 taxistas estão nesta manifestação, que vão ser recebidos por Rui Moreira a partir do meio-dia.

10h56
- A manifestação em Lisboa passa agora pelo Aeroporto da Portela, até agora sem incidências. Habitual zona de serviço e de grande procura, hoje praticamente não há viaturas para receber passageiros. O jornal Correio da Manhã refere que há filas de turistas à espera de táxi.

10h30 - Em declarações à RTP, o ministro do Ambiente admite legalizar a Uber contra a "cristalização" do setor. João Matos Fernandes diz que deverá haver adaptações de forma a enquadrar novas plataformas.

No Bom Dia Portugal, Matos Fernandes voltou a admitir que o serviço contra o qual os taxistas se manifestam esta sexta-feira não está "conforme a lei", mas garante que o Governo está a trabalhar para "encontrar uma forma de acesso justo ao mercado que seja comparável entre todos".

João Matos Fernandes considera que a solução não passa pela proibição da Uber em Portugal, mas antes pela "evolução" dos táxis. Salienta que a Uber "não é a única plataforma do mercado".

"Havendo tantas novidades temos de fazer uma adaptação a esta nova realidade", refere o ministro.

Nos últimos dias, o Executivo anunciou a criação de um grupo de trabalho que arranca com os trabalhos no próximo mês de junho. Esse grupo vai juntar representantes das autarquias e das associações do setor e será responsável por avaliar e propor soluções.

Até ao final de 2016, o ministro do Ambiente quer chegar a "uma plataforma de entendimento" entre as várias entidades.

10h08 - Para além dos constrangimentos no trânsito e das conversas de café, a manifestação desta sexta-feira também é Trend nas redes sociais. No Twitter, a hashtag "Uber" é o tópico mais mencionado pelos utilizadores, que deixam duras críticas ao setor dos táxis e prevêm a confusão nas ações de protesto.



9h58 -
Os taxistas de Lisboa também já percorrem as ruas da cidade. Iniciaram por volta das 9h30 a marcha lenta, desde o Campus de Justiça, no Parque das Nações, em direção ao aeroporto de Lisboa.

Acompanhados por um forte dispositivo policial, os motoristas de táxi em protesto contra a Uber seguem até à Assembleia da República, onde esperam ser recebidos pelos partidos.

9h55
- No Porto, várias centenas de viaturas também já estão em marcha. A Lusa diz que os taxistas sairam da praça Gonçalves Zarco por volta das 9h30.

A marcha lenta vai percorrer a marginal do Porto até à zona da Ribeira, seguindo depois até aos Aliados, junto à Câmara do Porto, onde os taxistas serão recebidos pelo presidente da Câmara, Rui Moreira.

9h43
- Segundo a agência Lusa, a marcha lenta de Faro com 120 táxis arrancou depois das 9h05, fazendo o percurso desde o Estádio do Algarve até à Câmara de Faro.

A sul, o protesto visa várias plataformas para além da Uber. Os turistas que o Algarve acolhe todos os anos levam a que sejam muitos os que oferecem meios de transporte alternativos e muitas vezes ilegais, principalmente a partir do Aeroporto Internacional de Faro.

9h32
- Em declarações ao Bom Dia Portugal, na RTP1, Florêncio Almeida desvaloriza os desentendimentos entre os taxistas e motoristas da Uber que diz serem "casos isolados". Quer que a manifestação de hoje decorra de forma ordeira e "sem violência".

O presidente da Antral prefere destacar a ilegalidade do serviço: "Estamos a falar de uma entidade que não pratica um transporte legal em Portugal". Dá o exemplo de Berlim, em que a plataforma serve para distribuir serviços para veículos que estão licenciados.

A ausência de regulamentação é, precisamente, uma das principais críticas apontadas por Florêncio Almeida: "A Uber vai adaptando o seu serviço à procura. O táxi está regulamentado, tem de cumprir com os seus preços, tem que prestar um serviço público. Não podemos estar com armas diferentes. Eles têm que se adaptar ao mercado", reitera.

9h29 -
De relembrar que os protestos contra o serviço de transporte já provocou vários confrontos que terminaram em agressões.

Há pelo menos 80 processos em tribunal devido a agressões de motoristas de táxi a associados da Uber, na sequência de protestos espontâneos.

9h20
- O protesto dos taxistas começou a ser visível às primeiras horas da manhã em Lisboa.

O repórter Luís Fonseca recolheu alguns depoimentos de motoristas, que se vão aglomerando na zona norte do Parque das Nações. Dizem que o setor vive "dias difíceis" e está "a definhar".

Com menos expressão, as cidades de Porto e Faro não deixam no entanto de dar o seu contributo ao protesto. Na invicta, os taxistas vão percorrer a Avenida dos Aliados. Queixam-se das "ilegalidades" da aplicação Uber e falam numa quebra de 20 por cento no volume de trabalho.

Em Faro, cidade onde a aplicação ainda não está disponível, as queixas são bem mais abrangentes e atingem outras entidades. São esperadas cerca de 120 viaturas no protesto.
 
9h05 -
Para já, e enquanto as marchas lentas não começam, os principais dirigentes de associações de táxi desdobram-se em entrevistas e explicam as queixas do setor.

Em entrevista ao Bom Dia Portugal, Carlos Ramos, da Federação Portuguesa do Táxi garante que o protesto convocado para esta sexta-feira será pacífico e tem como objetivo alertar para a incapacidade do Governo em resolver o problema legal da Uber.

9h00
- Esta sexta-feira deverá ficar marcada pelo protestos da indústria do táxi contra o serviço de transportes Uber em Portugal.  Marchas lentas nas principais vias de acesso em Lisboa, Porto e Faro prometem causar o caos no trânsito e gerar a confusão.

Na capital, onde são esperadas quatro mil viaturas e pelo menos oito mil motoristas, o percurso será feito desde a zona norte do Parque das Nações até à Assembleia da República. No Porto e em Faro, as zonas de maior afluência também serão afetadas. Veja aqui os percursos nas três cidades.

Acusada de operar à margem da lei, a verdade é que o serviço se tornou recentemente uma verdadeira alternativa ao táxi. Se não sabe ao certo o que é a Uber e o que é reivindicado nestes protestos, veja neste artigo o que está verdadeiramente em causa.