Liga feminina: Os `suspeitos do costume` na corrida ao título e uma possível surpresa

por Lusa
Foto: Direitos Reservados

Sporting, Benfica e Sporting de Braga são os ‘suspeitos do costume’ na corrida ao título de futebol feminino, numa época 2020/21 ainda marcada pela pandemia de covid-19 e na qual o promovido Famalicão pode ser a surpresa.

Depois de ter sido cancelada a época anterior, devido à pandemia, quando o Benfica liderava, o campeonato feminino regressa para uma temporada diferente e reformulada, sem público nos estádios e com um substancial aumento do número de equipas.

O trio formado por ‘águias’, ‘leoas’ e ‘guerreiras’ parte na linha da frente entre as 20 equipas em luta: as 12 que se mantêm do anterior campeonato, mais oito provenientes de cada uma das séries do escalão inferior.

Outra novidade é a divisão numa primeira fase da Liga em zona norte e sul, de 10 equipas cada, que disputam até dezembro nove jornadas, a uma única volta, com as quatro primeiras de cada a apurarem-se para a fase de campeão, e as restantes 12 a discutirem a manutenção/descida.

Na zona sul, Benfica e Sporting têm algumas mudanças para a próxima época, com várias entradas e saídas, e plantéis mais curtos.

No Sporting, campeão em 2016/17 e 2017/18, as saídas das internacionais lusas Carole Costa (para o rival Benfica) e Diana Silva (Aston Villa) são de peso, mas também a da sueca Hannah Wilkinson (Djurgarden).

As ‘leoas’ acabaram por contratar a também internacional Mónica Mendes (AC Milan), na tentativa de colmatarem a saída de Carole, que, a par de Matilde Fidalgo (ex-Manchester City), é um dos nomes mais sonantes do Benfica para 2020/21.

Nas ‘águias’, o treinador Luís Andrade teve algumas saídas, a mais importante, talvez, a da lateral Yasmin, mas, além das contratações de Carole e Matilde Fidalgo, também apostou em subidas de juniores e nas entradas da centrocampista nigeriana Christy e da avançada holandesa Jolina, num ataque que continua a ter em Darlene a grande referência.

As ‘encarnadas’ vão procurar chegar aos troféus, depois de ‘sentirem’ que foram ‘travadas’ pela pandemia na temporada anterior, em que venceram a Supertaça, lideravam a Liga, com os mesmos pontos do Sporting e vantagem no confronto direto, eram semifinalistas da Taça de Portugal e finalistas da Taça da Liga, com o Braga.

Com Sporting e Benfica destacados em matéria de favoritismo, a zona sul conta ainda com o histórico Fófó (Futebol Benfica), com a avançada internacional portuguesa Edite Fernandes, de 40 anos, como figura de proa no campeão de 2015 e 2016.

Estoril Praia, Marítimo, A-dos-Francos, Atlético Ouriense, Torreense, Damaiense e Amora completam a zona sul.

A norte, o ‘reinado’ deverá na primeira fase pertencer ao Sporting de Braga, secundado pelo Famalicão, equipa com forte aposta em jogadoras experientes, e pelo Valadares Gaia, finalista vencido na Taça de Portugal de 2018/19.

Nas bracarenses, o treinador Miguel Santos perdeu três nomes de peso, a capitã e médio internacional Vanessa Marques, uma das melhores jogadoras portuguesas da atualidade, que assinou pelo Ferencváros, bem como as avançadas Francisca Cardoso (Heerenveen) e Uchendu (Linkopings).

Em contrapartida, a equipa viu chegar a defesa Nágela Oliveira, mas também a alemã Cindy Konig, a norte-americana Mira Delgadillo e a sul-africana Jermaine Seoposenwe, como reforços para o ataque.

Já o Famalicão, proveniente da II Liga, a entrada na elite foi acompanhada de apostas fortes, com a equipa a contar com a guarda-redes internacional Rute Costa (ex-Braga), as espanholas Mirón e Jesica Miras e a experiente Solange Carvalhas.

À frente das famalicenses estará, novamente, o treinador João Marques, responsável pelo lançamento do Braga ainda em 2016/17 e que em 2017/18 entrou também na estreia do Benfica no futebol feminino e levou a equipa à subida de divisão e à conquista da Taça de Portugal.

Na zona norte, a primeira fase contará também o histórico Boavista, campeão em 11 edições do campeonato, que chega da segunda divisão, o também antigo campeão Atlético Ouriense, a Ovarense, o Condeixa, o Fiães, o Gil Vicente e o Cadima.

A primeira jornada tem início no sábado, com o jogo antecipado entre Futebol Benfica e Damaiense, e prossegue com os restantes nove jogos no domingo, das zonas sul e norte.

Liga feminina: Benfica, 'travado' pela pandemia, espera maior competitividade
O Benfica, ‘travado’ pela pandemia da covid-19 na anterior época do futebol feminino, regressa para 2020/21 com a mesma ambição, numa Liga que espera que seja “ainda mais competitiva”.

“Espero um campeonato mais competitivo, o futebol feminino tem evoluído muito, não só pela qualidade das suas jogadoras, mas também pela qualidade que os treinadores põem nas suas equipas”, perspetivou o técnico benfiquista, Luís Andrade, em declarações à agência Lusa.

O antigo jogador, à frente das ‘águias’ desde a última época, esteve na conquista da Supertaça, mas a pandemia obrigou em março à suspensão das competições, e, depois, ao cancelamento.

Para o Benfica, o ano ficou a ‘meio’, num momento em que a equipa liderava o campeonato, com os mesmos pontos do Sporting e vantagem no confronto direto, estava nas meias-finais da Taça de Portugal e na final da Taça da Liga.

Nesta nova época são algumas as mudanças no plantel ‘encarnado’, mais curto, alguns reforços e algumas promoções juniores, mas com Luís Andrade a admitir que houve a preocupação de reforçar alguns setores.

Desde logo com a entrada das defesas internacionais Matilde Fidalgo e Carole Costa, num setor que perdeu a lateral Yasmim (Corinthians), e no meio-campo, com as aquisições da nigeriana Christy e da holandesa Jolina.

“Quando vamos buscar, procuramos reforçar alguns setores que consideramos mais débeis”, justificou o treinador ‘encarnado’, sem deixar de apontar os regressos de Jassie, Carlota Cristo e Carolina Vilão, além da promoção de jogadoras juniores.

Para Luís Andrade, o clube tem apostado numa integração muito positiva da formação, em que de base as jogadoras apreendem processos e dinâmicas fáceis de incorporar quando chegam aos escalões superiores.

Para o Benfica a época será não só nas competições nacionais, mas também na estreia internacional, na Liga dos Campeões.

“Fomos a equipa mais regular em 2019/20, é um prémio mais do que justo”, disse o técnico, em relação à participação na elite europeia, onde espera chegar às 32 melhores equipas, o que obrigará a ultrapassar duas rondas a um único jogo.

A equipa vai continuar a trabalhar na casa ‘emprestada’ do Atlético, numa época que se adivinha difícil em cenário de pandemia de covid-19 e com Luís Andrade a apelar a uma responsabilidade coletiva para tudo correr bem.

“Os clubes têm de ser responsáveis. Se isto [o campeonato] parar, não sei se vai recomeçar”, alertou.

O Benfica inicia a Liga no domingo, com a visita à formação do A-dos-Francos, na primeira jornada da zona sul.
Liga feminina: Sporting luta pelo título reforçando aposta na formação
O Sporting encara a nova época de futebol feminino com uma reforçada aposta na bandeira do clube, a formação, através da qual a treinadora Susana Cova acredita ter soluções para lutar por todos os títulos.

“Sempre que há saídas e entradas, os grupos beneficiam de dinâmicas diferentes. O mais importante é como o setor funciona e a equipa se equilibra”, disse a técnica das ‘leoas’, em declarações à agência lusa.

Susana Cova comentava as saídas das internacionais portuguesas Carole Costa (Benfica), Diana Silva (Aston Villa) e da neozelandesa Hannah Wilkinson, que assinou pelas suecas do Djurgarden.

Apesar das saídas, o clube optou por recorrer à ‘prata da casa’ para enfrentar a época, com a permanência de muitas internacionais lusas: Patrícia Sampaio, Tatiana Pinto, Fátima Pinto, Ana Borges, Ana Capeta, Carolina Mendes, entre outras.

A um grupo experiente e com vários anos de equipa principal, juntou-se a central Mónica Mendes, também internacional, que chega depois de duas épocas no AC Milan, e muitas promessas dos escalões mais novos.

“A Andreia Jacinto, de 17 anos, que esteve na Algarve Cup, a Marta Ferreira, que não entra este ano, mas trabalha com a equipa para estar preparada para o futuro, a Alicia Correia, com muito conhecimento do jogo, a Mariana Rosa...”, apontou a treinadora leonina.

Para Susana Cova é importante lembrar que a formação “caracterizou sempre o clube”: “Se temos qualidade, porque não aproveitar?”, questionou.

Na Liga 2020/21, Susana Cova espera grande “competitividade”, mas com “uma segunda fase mais evidente” e numa Liga em que acredita também que o Famalicão será forte, apesar de o seu treinador (João Marques) mostrar-se comedido.

“Vamos ter uma segunda fase com maior número de jogos de resultado incerto”, adiantou.

Na fase inicial do campeonato, com o Sporting integrado na zona sul, com o rival Benfica, e mais oito equipas, todas à procura de ficarem nos quatro primeiros lugares – de acesso à fase de campeão -, a treinadora espera um ‘mata-mata’ a cada ronda.

“Ou fazemos um jogo ótimo, ou fazemos um jogo ótimo”, brincou a responsável, em alusão ao facto de ser pouca a margem de erro, numa fase com apenas nove jogos, a uma única volta, que os ‘transforma’ em finais.

Na fase seguinte e na expectativa natural de ter o Sporting presente, Susana Cova considera que será o mais regular a ser premiado.

A pandemia da covid-19, que cancelou a anterior edição da Liga, mantém alguma incerteza no rumo dos acontecimentos, mas a treinadora das ‘leoas’ entende que é mais uma situação para um plantel preparado.

“Trabalhar toda a equipa de igual forma, isso é o que controlamos”, explicou.

O Sporting inicia o campeonato no domingo, com a receção ao Amora, em jogo da primeira jornada da primeira fase.



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