O renovado Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, em Lisboa, e o jardim estará aberto ao público a partir deste sábado, 21 de setembro, ao fim de quatro anos de obras. Neste primeiro fim de semana após a renovação, o novo edifício e o jardim acolhem um programa de exposições e outras iniciativas, num espaço renovado e com novos elementos.
A nova área de jardim junto ao CAM, com mais de 7.500 metros quadrados, é da autoria de Vladimir Djurovic, arquiteto paisagista libanês que se inspirou no jardim já existente.
“O que ele procurou fazer foi, no fundo, prolongar naturalmente o espírito do jardim existente, e a essência, como se fossem os próprios projetistas originais a fazê-lo”, afirma Paula Corte-Real, arquiteta paisagista, à RTP.
Pala de 100 metros marca entrada do novo espaço
Esta área envolvente do novo CAM, incluindo o novo jardim, inspira-se no conceito japonês de Engawa, espaço que se encontra em casas tradicionais japonesas e que serve de passagem do interior para o exterior, ou vice-versa.
Kengo Kuma, arquiteto japonês que venceu o concurso para a renovação do CAM há cinco anos, decidiu manter a estrutura original do edifício de betão, inaugurado em 1989, da autoria do arquiteto britânico Leslie Martin. Mas muito mudou com a ampliação do edifício e as transparências, com novas aberturas a norte e a sul.
A abertura para sul substitui a fachada antiga em forma e empena, que foi demolida. A norte, a fachada “cega” também foi completamente aberta. “Penso que a transparência é convidativa. As pessoas são convidadas a entrar e a atravessar, e a ver o que se passa”, afirma Teresa Nunes da Ponte, arquiteta e coordenadora-geral do projeto, em declarações à RTP.
Tal como o jardim, também o Centro de Arte Moderna ganhou espaço. Há mais 900 metros quadrados de novas áreas expositivas, todas subterrâneas.
De destacar que, para se chegar ao jardim sul, tem de se atravessar o edifício, sendo possível visitar algumas das salas de exposições itinerantes.
“A experiência da arte não tem de ser algo muito formal, não tem de ser algo que dura muito tempo. Pode ser… dois minutos, dez minutos. Pouco a pouco. Esta casa que está completamente aberta funciona de maneira muito mais espontânea. É algo que acho poderá mudar completamente a perspetiva do público sobre a arte”, afirma Benjamin Veil, diretor do Centro de Arte Moderna.
A exposição irá contar ainda com as obras de cerca de 30 artistas mulheres da própria coleção do CAM com a curadoria de Leonor Antunes.
Estará também patente a exposição “Linha de Maré”, com a curadoria de Ana Vasconcelos, Helena de Freitas e Leonor Nazaré, que conta com cerca de 80 obras do acervo do CAM, e ainda a mostra “O Calígrafo Ocidental”, de Fernando Lemos, sobre a relação do artista com o Japão nos anos 60. Incluem-se também obras de Yasuhiro Morinaga e Go Watanabe.
Após a festa de abertura, que decorre entre 21 e 22 de setembro, todas as exposições patentes neste espaço continuam a ter entrada gratuita até dia 7 de outubro.