Esta segunda-feira, dia de posse de Trump, mas também de início do Fórum Económico Mundial de Davos, a OXFAM divulgou o relatório anual sobre as desigualdades e mostra que 45 por cento da riqueza global está nas mãos de um por cento da população mundial.
A Oxfam alerta que as desigualdades no mundo se agravaram durante 2024. A redução da pobreza foi interrompida e a pobreza extrema poderia ser eliminada três vezes mais rapidamente se a desigualdade fosse reduzida.
Já agora, os dados da pobreza do Banco Mundial mostram que o número de pessoas que vivem com menos de seis euros e 66 cêntimos por dia mantém-se praticamente desde 1990. O que significa que 44 por cento da população mundial vive na pobreza – são 3,6 mil milhões de pessoas.
Uma em cada dez mulheres vive em pobreza extrema (com menos de dois euros por dia), o que significa que mais 24,3 milhões de mulheres do que homens sofrem de pobreza extrema.
O relatório da Oxfam sobre desigualdades revela que, dentro de uma
década, o mundo vai “produzir” cinco trilionários, sendo que a previsão
anterior apontava para haver um trilionário dentro de dez anos.
A Oxfam argumenta que a maior parte da riqueza é retirada e não ganha, já que 60 por cento provém de herança, “clientelismo e corrupção” ou poder de monopólio.
Aliás, o
relatório calcula que
18 por cento da riqueza provém do poder monopolista.
Por isso, a Oxfam (que representa 21 organizações não-governamentais em mais de 90 países) apela aos governos mundiais que
aumentem a cobrança de impostos sobre a propriedade e sobre as heranças.
Um apelo a soluções ousadas para “reduzir radicalmente a desigualdade e implementar a justiça nas nossas economias”.
Anna Marriott, líder da política de desigualdade da Oxfam, sublinha que “o sistema económico global está falido, totalmente inadequado para a sua finalidade, pois permite e perpetua esta explosão de riqueza, enquanto quase metade da humanidade continua a viver na pobreza”.
Não há coincidências
Grande parte do aumento brutal da riqueza dos multimilionários é justificada pelos preços do setor imobiliário. A Oxfam afirma que os imóveis residenciais representam cerca de 80 por cento dos investimentos mundiais. No entanto, o aumento dos valores das ações nas bolsas mundiais é responsável pela maior parte do aumento da riqueza multimilionária.
Este relatório surge no momento em que muitos dos líderes políticos, executivos empresariais e super-ricos do mundo viajam para a estância de esqui suíça de Davos para a reunião anual do Fórum Económico Mundial, a partir desta segunda-feira.
A análise da Oxfam também coincide com a tomada de posse de Donald Trump como presidente dos EUA. Espera-se que
Trump inclua vários multimilionários na sua equipa de conselheiros (com destaque para Elon Musk, dono da Tesla e da SpaceX) e que
ofereça incentivos fiscais em grande escala aos cidadãos mais ricos dos EUA.
Alguns exemplos multimilionários
A riqueza dos dez homens mais ricos do mundo cresceu, em média, quase 100 milhões de dólares por dia e mesmo que perdessem 99 por cento da sua riqueza de um dia para o outro, continuariam a ser multimilionários.
Entre eles está o fundador da Amazon, Jeff Bezos, com um património líquido de 219,4 mil milhões de dólares, cujo “império” Amazon é responsável por 70 por cento ou mais das compras online na Alemanha, França, Reino Unido e Espanha.
Nesta lista muito restrita, está também o nome da pessoa mais rica de África: Aliko Dangote que tem um património líquido de 11 mil milhões de dólares, detém um “quase monopólio” do cimento na Nigéria e domina o mercado em todo o continente africano.
De acordo com a lista de multimilionários da Forbes, as pessoas mais ricas do mundo são Elon Musk, Bezos, Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook e Meta, Larry Ellison, cofundador da Oracle, e o fundador da LVMH Bernard Arnault.
Na posse de Trump, esta segunda-feira, Musk, Bezos e Zuckerberg deverão sentar-se próximos uns dos outros, num sinal da crescente influência das empresas de tecnologia na política.